20 de out. de 2007

QUANTO VALE UM SER HUMANO?

ABRAHAM SHAPIRO

Nitrogênio, Hidrogênio, Oxigênio, Carbono. Estes elementos representam 90% da composição do corpo humano. Se quisermos avaliar uma pessoa de acordo com sua química, o preço talvez não chegue a R$ 20 reais ou dez dólares. Portanto, do ponto de vista meramente material não valemos nada.

Se a avaliação de uma pessoa for feita pelo custo da educação que recebeu, gastos com saúde, alimentação, prática de esportes etc, na média chegaríamos em torno de R$40 a R$60 mil reais, aproximadamente. Conclusão, não se consegue agregar grande valor somando atributos culturais a um indivíduo que, sob a ótica material vale cerca de R$ 20 reais.

Em outra tentativa, se desejássemos calcular o valor de um ser humano de acordo com o peso emocional de suas relações pessoais, não teríamos parâmetros para chegar a uma cifra. Como é possível calcular o preço dos sentimentos que cada um tem por outro? Esta “valia” seria totalmente relativa. Dependeria de seus vínculos, das circunstâncias, dos vaivens efetivos, enfim, de coisas que não se medem e nem têm constância.

Porém, há um modo todo especial por onde podemos ver as pessoas e até avaliá-las correta e justamente. É pela ótica da alma. Desde este ponto de vista, o valor de uma pessoa, de cada pessoa, é infinitamente grande. Se considerarmos que o ser humano é um filho do Pai Celestial, feito à semelhança espiritual do Pai, seja homem ou mulher, escuro ou claro, belo ou feio, sábio ou tolo, próximo ou distante, fiel ou extraviado, o seu valor talvez exceda o de todo o universo.

No filme “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg, o protagonista Oskar Schindler recebe dos Judeus a quem ele “comprou” dos nazistas e salvou da morte nos campos de concentração, um anel de ouro no qual havia uma inscrição extraída do Talmude. A frase é: “quem salvou um homem, salvou o mundo todo”.

É por isso, e só por isso, que os proclamados “Direitos Humanos” têm razão de ser. É por isso, e só por isso, que nos diferenciamos essencialmente do resto dos seres vivos da natureza. É por isso, e só por isso, que devemos nos amar a nós próprios e, portanto, amar o próximo. Somos criaturas feitas à semelhança espiritual do Pai Celeste.

Olhe para as pessoas que estão a sua volta. Enxergue-as com os olhos da alma. Você reconhecerá algo além de um corpo – sendo ou não do seu agrado; simpatizando-se ou não, tendo ou não vantagens com isso. Se você olhar o próximo com os olhos com que a alma pode e deseja vê-lo, então, você poderá ver um filho do Pai Celestial. Como, então, não amar esta pessoa?

Na prática isto não se aprende de um momento para outro. Leva dias, meses, anos, talvez. Exige exercício de autocontrole, experiência e força de vontade. O empolgante, no entanto, é a possibilidade de se superar mesmo chegando a patamares muito superiores àqueles em que hoje estamos.

Todos estamos permanentemente diante de duas possibilidades. Ou vejo o outro como um fruto do acaso ou como um filho do Pai Celestial. Depende de nossa decisão. Só não devo me esquecer de que, do mesmo modo como eu avalio o próximo, assim também serei avaliado. ______________________

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473