28 de nov. de 2008

OUÇA ANTES DE FAZER

ABRAHAM SHAPIRO

Você é do tipo que não espera a pessoa falar e completa a frase com o que acha que ela dirá? Ou antes mesmo que alguém termine de pedir algo, você já deduz e começa a fazer sem saber exatamente o que a pessoa quer?

Estes são sinais de que você está prestes a entrar numa grande "gelada".

Se você pensa que isso é "ter atitude", eu lhe digo: NÃO É!

Uma atitude, do modo como se deseja que as pessoas tenham, começa com a compreensão do que é preciso ser feito. Não saber o que se espera, é um grande risco.

Escute, antes. Não deduza. Faça perguntas. Busque entender. Isto irá demonstrar seu interesse e cuidado com o que lhe é solicitado ou dito. Só depois planeje o que fazer e como fazer. Em seguida, faça o melhor que puder. Parece simples. mas não é. Requer cuidado.

Convença-se vez por todas que a primeira e mais importante etapa de uma atitude correta é entender a tarefa e o contexto.

Sem isso, você poderá obter resultados parecidos aos daquele jovem funcionário em seu primeiro dia na grande empresa. Ele já estava saindo do escritório quando vê o diretor presidente com um documento na mão, parado na frente de uma máquina de picotar papéis. Ali estava uma grande oportunidade de mostrar eficiência.

- Por favor – diz o diretor – isto é importante e urgente. Minha secretária já saiu. Você sabe como funciona este troço?

- Claro – responde o rapaz com segurança e vontade de agradar o chefão. Ele então liga a máquina, enfia o documento e aperta um botão.

- Excelente, meu rapaz! – agradece o diretor – Eu só preciso de três fotocópias.

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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br

27 de nov. de 2008

NÃO ACREDITE EM QUEM DISSER QUE VOCÊ NÃO VALE NADA

ABRAHAM SHAPIRO

Todos já ouvimos que nossas potencialidades são excepcionais - sob todas as óticas. O ser humano é fantástico. Temos capacidades incríveis e admiráveis. Mas além de não termos aprendido a usá-las, permitimos com facilidade que as pessoas interfiram mais do que deviam no nosso modo de ser e agir. E é nessa interferência que se escondem muitos dos nossos fracassos.

Não devíamos permitir certas intervenções de terceiros. Isto pode ser observado em diferentes situações. Eu mantenho contato permanente com equipes de vendas em vários segmentos de negócios: de comércio atacadista a indústria, passando por varejo, produtos técnicos, serviços - como bancos, agências de Recursos Humanos - e vários outros ramos. É o trabalho a que mais tenho sido requisitado nos últimos anos.

Neste contexto é empolgante ver como um vendedor, por exemplo, pode migrar do estado mais aterrador de fracasso para o extremo sucesso em vendas através de um simples processo de diálogo que o leve a deixar de crer naquilo que um ex-chefe lhe incutiu no pensamento, em algum momento do passado.

É por razões como estas que não devemos considerar alegações depreciativas a nosso respeito. Venham de quem vierem.

Um rapaz procurou um sábio e lhe disse:

- Sei que sou um tolo, mestre, mas não sei o que fazer a respeito. Por favor, aconselhe-me.

- Ora, meu filho – exclamou o sábio – se sabe que é um tolo, é porque não é, com toda certeza.

Mas o rapaz argumentou:

- Então por que todo mundo diz que eu sou?

O mestre olhou para ele, pensativo, e então respondeu:

- Se você próprio percebe que não é tolo e fica dando atenção ao que as pessoas dizem, então você é um tolo mesmo!


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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br

26 de nov. de 2008

MENSAGEM PROFUNDA

ABRAHAM SHAPIRO

Foi meu querido rabino quem enviou a mensagem abaixo.

Aos crêem, aproveitem.

Aos que não crêem, admitam a alternativa de reconsiderar o seu posicionamento.


O modo como você trata os outros é o modo como D-us trata você.
O modo como você os perdoa é o modo como E-le perdoa você.
O modo como você os vê é o modo como E-le vê você.
Quando você mostra empatia pela má condição de outro ser humano, D-us tem empatia por sua condição.
Quando outros lhe desprezam e você ignora o desejo de vingança que arde no seu interior contra eles, D-us apaga toda a memória das suas falhas .
Quando você vê a imagem de D-us em outro ser humano, entào a imagem de D-us se revela de dentro para fora em você.

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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br

CUIDE DAQUILO QUE VOCÊ ESCREVE

ABRAHAM SHAPIRO

Certa vez, um homem rico recebeu uma carta do filho que estudava em outra cidade. Como estava muito ocupado, pediu à secretária que a lesse. A secretária, que estava de mau humor, leu com uma voz petulante e desagradável:

- Papai! Envie-me dinheiro imediatamente. Estou precisando de roupas para o inverno.

Ao ouvir o que o filho havia escrito, o pai exclamou:

- Esse grosseiro! Como é que tem coragem de escrever para o próprio pai de maneira tão desrespeitosa? De mim ele não vai tirar nem um centavo.

Passado um tempo, depois que a secretária se foi, sua mulher chegou. O pai, então, comentou ofendido:

- Veja o tipo de carta que escreve o nosso filho.

Ao ver a letra do filho, o coração da mãe derreteu-se e ela começou a ler alto, com o tom de voz terno e suplicante que usava para rezar:

- Papai! Envie-me dinheiro imediatamente. Estou precisando de roupas para o inverno.
Diante disso, houve um silêncio, e então o pai considerou:

- Assim é diferente. Agora ele está pedindo como um cavalheiro. Vou enviar o dinheiro imediatamente para ele.

Como vemos por esta conhecida história, nem sempre o que se escreve aqui é o que será lido lá. Irá depender do humor e da interpretação do leitor.

Ao escrever algo importante é sempre bom evitar o excesso de assertividade. Quanto mais direto for um texto, mais ele dependerá das condições de humor de quem o recebe.

Não corra o risco de uma má interpretação. Dificilmente se tem uma segunda chance para obter o resultado de uma excelente primeira oportunidade.

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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br

25 de nov. de 2008

O CONSULTOR TOLO

ABRAHAM SHAPIRO

O treinamento de vendas com os representantes daquela distribuidora da capital teve início logo de manhã. Meu trabalho consistia em levá-los a aperfeiçoar suas técnicas de apresentação de produtos. Já tínhamos registro de bons resultados anteriores com vários deles.

Havia um entre os participantes que trazia em mãos uma obra de marketing de autoria do grande Phillip Kotler.

Começamos o trabalho e desde o início este fulano buscava prevalecer sobre os demais com ar de orgulho.

À hora do coffee break, fui ao supervisor de vendas e perguntei sobre o dito cujo. A resposta que obtive: "Este aí é representante há mais de seis meses. Mas já está para ser cortado. A razão é que nunca fechou um único negócio significativo. Recebeu treinamentos e até quis nos ensinar sobre técnicas de vendas. Mas até agora faturamento, que é bom, nada! Ele abriu a firma com um capitalista que imaginava morrer de ganhar dinheiro tendo um consultor de marketing como sócio. Hoje, o capitalista morre de raiva e arrependimento".

No retorno ao trabalho, o pessoal deu de fazer piadas irônicas com o fulano - um modo de reagir à superioridade que ele se atribuía. Cheio de teoria e sem nenhuma prática, ele enfim se tocou e calou-se. Mas o livro continuava ali, como testemunha de uma presunção vazia e sórdida.

Tive pena do querido mestre Kotler - amigo de anos e anos. Mas fazer o que? Há pessoas que, não podendo enganar os outros, optam por enganarem-se a si próprias. É triste, não há dúvidas, mas como diria meu rabino: "que vantagem há em se esforçar tanto para conseguir apenas enganar um tolo?"
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24 de nov. de 2008

NA EMPRESA NEM SEMPRE COMPETIR É BOM

ABRAHAM SHAPIRO

Benjamin Disraeli, o famoso primeiro-ministro britânico de origem Judaica, escreveu: “Na política não existe honra”. Uma outra frase diz: “Na política, um homem geralmente aprende a vencer dentro de seus princípios”.

Política é uma realidade em muitas companhias e pode ser encontrada em qualquer nível da organização.

Algumas empresas deliberadamente encorajam o espírito competitivo entre funcionários sob a ótica de que a competição é um estímulo para melhores e maiores empreendimentos.

Segundo respeitáveis líderes empresariais da atualidade esta é uma técnica totalmente equivocada. Jack Welch, por exemplo, integrou as pessoas através de seus ideais e princípios elevados levando, assim, a General Electric mundial a índices invejáveis de eficiência e resultados.

O problema é que em toda competição há uma luta pela supremacia. De qualquer batalha sempre surge um vencedor. Mas na empresa, como acontece em muitas ações judiciais, o vencedor pode ser ainda o perdedor. E em última instância, a empresa perde.

Na política empresarial, entretanto, existe de tudo: da insanidade à tolice. Conheci um empresário que justificou a iniciativa de alimentar a competição entre seus gerentes e incitá-los ao confronto como um meio de impedi-los a formar “quadrilhas” que saqueassem a empresa. Segundo ele, isto os faria delatar colegas que se metessem em possíveis desvios.

Mas a melhor de todas histórias sobre política na empresa é a daquele chefe de uma grande indústria têxtil que rapidamente superou as barreiras hierárquicas e tornou-se presidente. Quando seu filho perguntou como conseguiu, ele respondeu: "Bem, filho, enquanto os outros estavam preocupados em discutir quem deveria ter o cargo, eu simplesmente passei por cima das barricadas e assumi".
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21 de nov. de 2008

COM QUE ROUPA EU VOU?

ABRAHAM SHAPIRO

Um executivo ou mesmo colaborador de uma empresa nunca deve usar algo para testar sua coragem. Se ele sentir que não se adapta a determinado estilo, deve rejeitá-lo. Boa aparência é o primeiro passo em direção à captura da atenção.

Uma pesquisa realizada entre altos executivos de grandes companhias revelou fatos interessantes. Perguntaram o que eles notavam em primeiro lugar ao verem um homem em terno de trabalho. As respostas foram estarrecedoras. 80% notavam uma gravata com o nó mal dado. 72% notavam falta de vinco no paletó ou calças. 60% declararam notarem imediatamente um terno mal feito. Obviamente o que é notado de relance é a roupa.

Seja qual for a corrente da moda, se não combina com seu estilo individual, não condiz com suas proporções físicas, não é para ele. É fato conhecido que a auto-confiança e a postura melhoram quando se sabe que a nossa aparência é natural.

Suas roupas devem ser um prolongamento de você. Devem ser confortáveis e bem feitas. Se não são confortáveis, tornam-se armaduras e deixam de ser o vestuário apropriado.

Saiba e conscientize-se de que o seu guarda-roupa não é um luxo, mas um investimento. E seu investimento só será valioso se as roupas combinarem com o conceito de sua função e do cargo que você ocupa.

A regra é: siga sempre o tradicional e o clássico. A imagem que você deseja mostrar é a da responsabilidade, respeitabilidade e confiança. Você jamais alcançará isto vestindo-se de modo contestável ou assustador. Por isso, ligue-se neste detalhe e valorize-se.
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18 de nov. de 2008

SE EU MUDAR, TUDO MUDA

ABRAHAM SHAPIRO

Certa vez, li uma frase que me impressionou pela clareza e veracidade que expressa: “Quando o amor entre nós era forte, um cubículo nos acomodava. Agora que o amor diminuiu, nem a mansão mais espaçosa é suficiente”.

Há um equívoco comum de que as dificuldades em um relacionamento podem ser resolvidas com a mudança de ambiente. Esta frase coloca em perspectiva a verdade sobre isto.

Quando existe afeição sincera, a maioria das dificuldades não afetará o relacionamento. Se o carinho se desvaneceu, até as inconveniências mais triviais assumem uma proporção gigantesca. Nem todo o conforto do mundo impedirá a discórdia.

Diversos tipos de problemas surgem entre duas pessoas. A maioria pode ser resolvida se houver disposição delas fazerem mudanças em si mesmas. Infelizmente, optam por atirar culpas entre si, e uma insiste em que a outra tem que mudar.

O ser humano é uma criatura de hábitos. Gostamos de fazer as coisas, hoje, da maneira como sempre fizemos. Talvez mantenhamos a crença enganosa de que a nossa personalidade esteja gravada em uma rocha interior e, por isso, exigimos que as outras pessoas sejam flexíveis. Já que mudar nossos modos pode realmente ser desconfortável, optamos pelo que é mais fácil: atribuir a culpa ao outro, ou à casa, ao trabalho, aos parentes, à situação etc.

É evidente que havendo a proposta de ambos mudarem no que for preciso, os obstáculos para recuperar o carinho serão minimizados ou até eliminados. O segredo está em pensar: "Não podemos continuar assim. Tenho que mudar!" - e em seguida... mudar, de fato.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br

17 de nov. de 2008

COMO SE COMPORTAR NA EMPRESA E SALVAR A SUA CARREIRA

ABRAHAM SHAPIRO

"A empresa é um lugar para se ter colegas, e não amigos" - dizem os manuais de prudência no ambiente corporativo. Amizade no trabalho é perigoso. Um profissional inteligente sabe cuidar bem dos relacionamentos e, assim, não perde o rumo de sua carreira.

Evite a intimidade. Relacionamento pessoal profundo no trabalho é nocivo.

Não encoraje confidências por parte de um colega. Os problemas dele podem impor uma obrigação pessoal que acaba afetando o seu julgamento racional numa situação de crise. Você fica inclinado a se envolver perdendo a objetividade. Depois disso, meter-se em confusão é muito fácil.

Por outro lado, revelar intimidades sobre você próprio e seus negócios particulares é um risco grande demais. Alguém que seja ambicioso, inescrupuloso ou provocador de escândalos poderá transformar os seus fatos pessoais em uma poderosa arma contra você.

Cuidado com perguntinhas inocentes de quem parece não querer nada. Alguém chega e faz uma pergunta indiscreta qualquer sobre o trabalho. Muita calma nesta hora. Meça cada palavra e pese cada acento. Seja cortês e educado, mas veja o que vai falar.

Não expresse opiniões pessoais e muito menos impressões sobre pessoas.

Cuide de sua própria pele. Se você não o fizer, ninguém fará.

Fale pouco e não faça piadinhas. Em qualquer empresa, ser bom é completamente diferente de “ser bonzinho”. É falar pouco, saber “o que” e “como” fazer aquilo para que você foi contratado, e esforçar-se ao máximo para atingir a eficiência esperada de você. O que passar disso pode ser uma armadilha para pegar bobos. Não seja você o primeiro espertinho a cair numa dessas.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais, orientação para times de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br

14 de nov. de 2008

AUTO-DOMÍNIO? O QUE SE GANHA COM ISSO?

ABRAHAM SHAPIRO

O que fazer na hora do desespero, quando tudo parece perdido? A psicologia daria uma resposta; a religião, outra; a estratégia militar, uma terceira, e por aí vai. O bom senso, entretanto, aconselha a não perder a calma e ter auto-controle.

Quem já se se viu em uma circunstância desesperadora é capaz que pergunte: "Será possível ter algum controle sobre si em condições extremas, perigosas ou de alto risco?"

Bem, eu realmente não sou mestre nisso. Para ser franco, sou um humilde aprendiz com notas medianas nas provas a que já fui submetido. Mas posso dividir com você uma história que ouvi certa vez e cuja reflexão tem me auxiliado a compreender a base deste princípio todas as vezes que necessito dele. Por toda a vida acreditei em histórias e ilustrações para comunicar idéias. Funcionam há milhares de anos. Penso que esta irá lhe ajudar também. E desejo isto.


Havia um pobre homem que ganhava a vida extraindo argila de escavações do solo e a vendia para construtores de casas.

Um dia, enquanto escavava, encontrou uma pedra preciosa de rara beleza. Era muito grande e brilhante, parecia de valor incalculável. Como ignorava seu real valor, foi a uma joalheria para avaliá-la. O joalheiro declarou que naquele país não havia ninguém capacitado a fazer uma avaliação à altura do preço provável da pedra, muito menos a pagar por ela. Somente em Londres seria possível.

O homem era pobre. Não podia pagar uma viagem dessas. Decidiu vender tudo o que possuía, mendigou de porta em porta, mas tudo o que conseguiu foi reunir dinheiro para chegar até o porto de seu país. Precisava embarcar em um navio, porém, não tinha recursos para o bilhete.

Dirigiu-se ao capitão e mostrou a ele sua pedra preciosa. Este ficou atônito com a beleza daquela gema e convidou-o a subir a bordo: “O senhor é um homem digno de confiança”, disse o capitão ao homem a quem conferiu todas as honras. Ofereceu a ele uma cabine de primeira classe com conforto de milionário. A cabine tinha uma escotilha que dava para o mar. Nosso herói passava longo tempo deleitando-se e regozijando-se com o seu diamante enquanto absorvia a brisa fresca do mar que penetrava em sua cabine.

Durante as refeições, seu coração enchia-se de alegria em pensar no diamante e todos sabem que um coração alegre é garantia de boa digestão. Tanto que, certo dia, adormeceu profundamente após o almoço tendo deixado sobre a mesa de sua cabine a fantástica gema.

Nesse ínterim, o marinheiro que limpava as cabines entrou, recolheu a toalha de sobre a mesa e sacudiu-a afora da escotilha para jogar as migalhas e não percebeu o diamante. Tudo foi lançado ao mar.

Quando nosso herói despertou e compreendeu o que tinha ocorrido, aborreceu-se tanto que quase enlouqueceu.

O que fazer? O capitão era um interesseiro. Poderia matá-lo pelo preço do seu bilhete.

Foi neste momento que ele resolveu não perder a calma, parecer contente, como se nada tivesse acontecido. Manteve a mesma postura satisfeita e tranqüila que adotara até que acontecesse sua pessoal tragédia.

Naquele dia, subiu ao convés para a costumeira conversa que tinha durante horas com o capitão. Fez tudo como nos dias anteriores. Fingiu tão bem, que o capitão não observou nenhuma diferença.

“Eu sei muito bem” – disse o capitão – “que o senhor é um homem honesto e sensato. Meu navio leva uma grande carga de trigo que comprei especialmente para revendê-lo em Londres. Posso ganhar muito dinheiro com isso, mas temo ser acusado de ter desviado a reserva real. Portanto, façamos a compra em seu nome. Eu posso pagar-lhe muito bem por este serviço e favor”. O homem aceitou a proposta e eles fecharam o negócio.

Na chegada a Londres, o capitão teve um mal-estar e faleceu repentinamente. Nosso homem herdou todos os seus bens, pois, aceitara assinar com ele um contrato de propriedade sobre o navio e sua carga. Isso valia duas ou três vezes o valor do diamante.



As conclusões que inferimos deste conto são muitas, e todas práticas. Comecemos observando primeiramente que o diamante não pertencia ao homem. A prova é que ele o perdeu. O trigo sim lhe pertencia. Tanto que ficou com ele.

A segunda lição – e mais importante – que permitiu ao homem atingir sua grande meta foi ter mantido o domínio de si próprio a ponto de conseguir dominar o sentimento de desespero que naturalmente teve após constatar a perda de seu tesouro. Isto lhe possibilitou raciocinar de modo claro.

Todos já constataram que o desespero causa confusão e turbulência interior. Com o cérebro agitado não conseguimos manter uma linha lógica de raciocínio conseqüente. Portanto, algo importantíssimo a ser trabalhado com muito esforço a fim de atingirmos maturidade e excelência é o auto-domínio.

Finalizo lembrando uma belíssima mishná extraída do tratado "A Ética dos Pais", do Talmud - obra que reúne a visão de rabinos ao longo dos séculos da história Judaica - que diz: "Quem é forte? Aquele que consegue controlar suas paixões". Depois disso, nada mais há que ser falado, porém, tudo a ser vivido.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br

13 de nov. de 2008

O QUE MAIS VALE É ESTAR AQUI... E CELEBRAR

ABRAHAM SHAPIRO

A percepção de uma mesma realidade pode ser positiva ou negativa, depende de como a interpretamos.

O que ocorre é que somos bombardeados por imensas quantidades de informação. Elas chegam através de nosso corpo e estamos processando-as conforme passam por nossos órgãos sensoriais. Elas são filtradas e a cada passo eliminamos informação até que, finalmente, o que fica borbulhando para a consciência é aquilo que mais nos serve. O cérebro processa quatrocentos bilhões de bits de informações por segundo, mas só temos consciência de dois mil bits. (Releia os dados desta última frase, por favor). E para agravar esta situação, a nossa consciência desses dois mil bits de informação é apenas sobre o ambiente, nosso corpo e sobre o tempo.

Estamos vivendo em um mundo em que tudo o que vemos é somente a ponta aguda e minúscula de um iceberg.

Nosso julgamento, nossos interesses, condicionamentos e crenças imperam sobre este conjunto de coisas para que vejamos apenas o que queremos ver.

Certa vez, um jovem visitou um sábio e, consciente da grande oportunidade de estar na presença de alguém com tamanha experiência, perguntou-lhe qual o segredo da vida. O sábio respondeu: “respirar”. O rapaz, embaraçado diante de algo aparentemente tão óbvio, sorriu, desconcertado. O sábio, então completou: “O segredo da vida são duas coisas: respirar e atitude. Assim como você tem certeza de que um corpo vive enquanto estiver respirando, as atitudes de uma pessoa irão determinar a qualidade de vida que ela leva”.

Portanto, a realidade, está intimamente ligada à atitude.

Imagine uma linda jovem que viaja a uma cidade distante para o casamento de uma amiga. Ela leva na mala um maravilhoso vestido, costurado especialmente para a ocasião. Chegando lá, instala-se em um hotel. Minutos antes de sair para a cerimônia, um cálice de vinho tinto cai acidentalmente sobre o vestido. Um desastre!

Imediatamente, a pobre moça começa a pensar nas possíveis medidas: encontrar uma lavanderia a jato, pedir outro vestido emprestado a alguém ou simplesmente ir ao casamento com o vestido no estado em que se encontra. Ela tem que tomar uma decisão.

Depois de pensar bem, chega à conclusão de que a melhor opção é ir ao casamento com o vestido manchado. Mas isto desencadeia outra série de dúvidas como, por exemplo, ao perguntarem por que o vestido está sujo, o que ela irá responder? Uma das possibilidades seria: “Isto não importa. O que mais vale é estar aqui e celebrar o casamento de minha melhor amiga”. A outra resposta que passaria pela mente de muitas pessoas seria: “Veja como sou azarada” – e passar o resto do tempo queixando-se e chorando pelo infortúnio, sentindo-se arruinada pelo desastre em que se meteu.

Transpondo esta lição para a vida: se você decidir que o mundo é um desastre e é horrível ter que estar aqui, então você viverá desta maneira. Se, por outro lado, sua opção for de que a vida é boa e é um prazer viver, desta maneira você viverá - por mais problemas que tenha. E, portanto, se é bom estar vivo, você precisa saber tudo o que há de bom em viver, como está sendo usado o seu potencial, quais obstáculos você tem encontrado, o quê e como fazer para suplantá-los, etc.

Reiteradamente, o verdadeiro problema é que a pessoa não sabe bem o que quer. Se este é o seu caso, você está naturalmente impossibilitado de atingir qualquer objetivo. Desde que você conheça a razão da vida, não haverá o que seja capaz de lhe deter. Você irá de encontro aos seus alvos com o destemor de um herói e com a coragem de um bravo guerreiro. Irá se levantar todas as manhãs com a energia de uma criança em dia de festa. A chave está na atitude que você escolhe.

Não se acomode e nem perca tempo dizendo: “Ah!!! Bem que tudo poderia ser diferente!” A coisa mais fantástica desta vida é a alternativa que temos de poder embelezar qualquer coisa ou situação que nos pareça feia. Você tem potencial para absolutamente tudo, basta que você decida usá-lo.

Neste mar infinito de potenciais que existe dentro de nós e à nossa volta, porque somos tão viciados em viver do mesmo modo e contando sempre com os mesmos recursos? Não é incrível que não sejamos sequer conscientes de milhões e milhões de potenciais disponíveis dentro de nós?

Vivemos condicionados ao nosso cotidiano, ao modo como desenvolvemos nossa vida e a fizemos chegar até aqui. Isso nos leva a esquecer que temos controle. No entanto, sempre há um imenso número de caminhos a escolher. A vida é decisão de cada momento e de cada indivíduo. Ninguém decide pelo outro.

Cremos que o mundo externo é mais real que o mundo interno. Mas isso não é verdade. O que acontece em nosso interior irá criar o que acontece fora de nós.

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A PERCEPÇÃO E MUITOS DOS SEUS EFEITOS

ABRAHAM SHAPIRO

Uma criança norte-americana pode distinguir entre um grande número de diferentes marcas de carros. Se uma criança esquimó fosse colocada em lugar da americana, ela não veria senão as maiores diferenças entre as várias marcas. Se a criança americana visitasse os esquimós do Ártico, ficaria maravilhada diante da facilidade com que eles reconhecem entre duas dúzias de diferentes modelos de esconderijos de renas, e de sua capacidade para distinguiras menores variações nos tipos de neve.

Quando se pede aos Baganda, índios de Uganda, na África, que classifiquem pedaços de papelão de formas, tamanhos e cores diferentes, os nativos quase nunca os classificam pela cor. Além disso, sua língua é quase totalmente desprovida de palavras para distinguir cores. Entretanto, os Baganda, educados em escolas ocidentais, fazem o mesmo teste e classificam de acordo com as cores, precisamente como nós.

A percepção trata das várias maneiras pelas quais as pessoas interpretam as coisas no mundo exterior e como elas agem com base nessas percepções.

Cinco membros de uma equipe poderão dar várias interpretações para um aumento de salário de 4% no ano seguinte. No entanto, essas mesmas cinco pessoas poderiam partilhar a mesma percepção precisa de que um edifício de escritórios está sendo erguido do outro lado da rua.

As pessoas criam atalhos para tornar a realidade menos dolorosa ou perturbadora. São dispositivos que elas criam para lidar com a informação sensorial que as ameaça ou gera dúvidas. Esses processos mentais são tipos de comportamento defensivo.

Esta forma particular de fazer a leitura de um fato influencia diretamente o momento presente, o comportamento, a motivação e todos os demais aspectos decisivos no desempenho pessoal futuro. Ela pode impactar sobre todas as variáveis futuras.
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12 de nov. de 2008

UMA PODEROSA FERRAMENTA PARA SE VIVER BEM

ABRAHAM SHAPIRO

O mais admirável recurso à disposição do homem para superar problemas, obstáculos, seqüelas deixadas por traumas psicológicos e todas as demais limitações é a sua capacidade de recontextualizar a realidade.

“Recontextualizar” significa rever o contexto e promover mudanças em seus pontos fracos, ou seja, é interpretar um acontecimento ou fato desde uma perspectiva nova, e, a partir dela, orientar ações e reações. É uma arte de incalculáveis benefícios para quem domina sua prática.

Assisti a um filme sobre Física Quântica que enunciava a seguinte questão: “Se à cabeça de uma pessoa forem ligados eletrodos de tomografia e captação de sinais para serem transformados em imagem de tecnologia computacional e pedir que ela olhe para um objeto, certas áreas de seu cérebro se acendem. Aí, se pede para que ela feche os olhos e imagine, agora, aquele mesmo objeto. Quando ela imagina, faz com que as mesmas áreas do cérebro se acendam como se estivesse olhando visualmente para o tal objeto.

Isto fez os cientistas questionarem: ‘Então o que é ver? O cérebro vê ou são os olhos que vêem? A realidade é o que vemos com nosso cérebro ou o que vemos com nossos olhos?’ A verdade é que nosso cérebro não sabe a diferença entre aquilo que vemos em nosso ambiente e aquilo de que nos lembramos porque são as mesmas redes neurais específicas que se acendem. Logo: o que, de fato, é a realidade?”

Uma coisa podemos tomar como certa com o fim de atingirmos uma vida com qualidade: os eventos ou fatos que acontecem são a realidade objetiva da vida. O modo como os encaramos, todavia, é totalmente subjetivo. É função do propósito que queremos dar a eles. “Não vemos com nossos olhos, mas através deles” disse William Blake. Foi ele quem também afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. É como se tivéssemos o poder de recriar a realidade.

Observe bem, a interpretação dada a cada situação depende exclusivamente de quem a interpreta e do modo como a faz. Por conseguinte, a “realidade” e a “percepção da realidade” podem ser completamente diferentes. É possível que cheguem a ser opostas.
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11 de nov. de 2008

ALGUNS EXEMPLOS FALAM, OUTROS GRITAM

ABRAHAM SHAPIRO

Por definição a doença é um agente limitador. As doenças, quando não mortais, atuam de forma deprimente e angustiante ao atingir setores do organismo habitualmente solicitados nas atividades de rotina.

Esta situação não é rara nem excepcional. Está presente, por exemplo, na vida de artistas em todas as modalidades de arte. Podem acarretar abatimento, isolamento e renúncia ou revolta e luta contra o infortúnio. É o caso da surdez de Ludwig van Beethoven.

A perda da audição de Beethoven deve ter se iniciado entre vinte e trinta anos, por volta de 1795. Progrediu de forma imperdoável. Admitem os pesquisadores que aos trinta e cinco anos sua dificuldade de conversação já era máxima. Nos períodos finais de sua vida, talvez ele nada conseguisse ouvir.

É fácil compreender a profunda angústia que ele sentiu diante da doença.

Várias teses dão conta de técnicas próprias que desenvolveu para não interromper o ritmo intenso com que compunha. Em uma dessas tentativas de superar limites, tocava as teclas ao mesmo tempo em que sua cabeça reclinada encostava-se à tampa do piano em busca de produzir ressonância das notas musicais em seu crânio e, desta forma, identificar algum som, um pouco de harmonia.

Grandes composições – as maiores, na opinião de muitos – foram escritas no período de surdez. Ao ouvi-las, pode-se avaliar qual não terá sido o esforço e a obstinação com que ele perseguia sua missão.

Ele não optou por entregar-se à surdez e fazer dela uma justificativa para lançar ao lixo sua inspiração. Ele não mendigou a piedade das pessoas de seu círculo ou da sociedade de sua época. Apenas encarou a vida com coragem e fez de seu fluxo mental intenso uma obra que se tornou a verdadeira e autêntica revolução da história da música.

Nunca mais o mundo foi o mesmo depois de Beethoven.

Ele superou sua dificuldade. Voltou seus olhos para a beleza e à grandeza que emergiam de seu interior. Seu êxito chegou a tal nível que o sentimento de liberdade de sua música causou temor em reis e governos tiranos levando-os a impor restrição à sua execução pública.

A biografia de Beethoven é uma penosa e triste seqüência de fatos infelizes. Nunca foi reconhecido unanimemente como gênio pelos críticos de sua época. Viveu frustrações amorosas em proporções tais, que, aliadas a seus problemas de saúde, o empurraram ao vício da bebida. O álcool levou-o à morte aos 57 anos por cirrose hepática.

Suportou dificuldades decorrentes da educação de um sobrinho a quem desejou criar como filho e que arruinou-o financeira e moralmente. Passou tribulações sérias para obtenção de seu sustento, vez que os ganhos mais polpudos dos músicos da época advinham da interpretação do piano em concertos públicos. Tudo isso ele enfrentou no mais profundo estado de surdez.

Face a face com a surdez total, inverteu e suplantou sua situação – aparentemente insolúvel e irreversível. Transformou as inspirações mais profundas em páginas de beleza inigualável em seu tempo e nos séculos que o sucederam. O fascínio pela superação de Beethoven mexe com pessoas de todas as áreas. Desde sua morte, cerca de cinco livros sobre sua biografia são lançados por ano.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br

10 de nov. de 2008

ISTO TAMBÉM PASSARÁ

ABRAHAM SHAPIRO

Uma das sensações mais amargas de quem enfrenta uma dificuldade é a de que ela nunca irá passar. Muitos sucumbem por acreditar nisto.

O fato inegável, porém, é que, de um momento para outro, todo o quadro pode mudar. E esta mudança ser-lhe-á favorável.

Ninguém tem o poder de prever o tempo de duração de uma crise. Mas é saudável saber que do mesmo modo inesperado como ela se instala, assim também ela se vai.

Nossa revolta muitas vezes surge pelo fato de que trabalhamos, fazemos planos, lutamos muito e parece que tudo isso de nada vale, pois, as conseqüências parecem ter sido uma grande confusão, bem distante do que desejávamos. Assim, nos deparamos com aquela célebre questão: “o bom sofre e o malvado prospera”. Como encaixar as peças deste quebra-cabeça?

A inquietante antítese do sofrimento dos bons e da prosperidade dos maus origina-se de uma falta de perspectiva. De alguma maneira todos nós achamos que o mundo começa quando nascemos e acaba quando morremos. Tudo o que passa antes disso chamamos de “antigamente”. Por esta lógica, se eu não posso entender o que está acontecendo neste exato momento, então é seguro que não há qualquer sentido.

No entanto, nós estamos neste mundo por um espaço de tempo relativamente muito curto. Setenta, oitenta, noventa anos! Ainda que sejamos tão longevos, não estamos assistindo ao “Grande Filme” onde todos os fatos fazem parte de uma única história. Não conhecemos todos os detalhes que passaram antes de estarmos aqui e certamente não saberemos o que passará quando não estivermos mais aqui.

“Por quê tal evento ocorreu?” é uma pergunta cuja resposta podemos não ter imediatamente. Corremos o risco até de não tê-la ao longo de todo o tempo de nossa vida.

Talvez este seja o caminho pelo qual grandes homens atingem a sabedoria. Eles têm maior perspectiva do tempo. Eles vêem melhor o modo como eventos aparentemente não relacionados se conectam na obscuridade. Observe, por exemplo, que quando as coisas parecem mais desalentadoras, então é que elas se invertem. A noite está na mais absoluta escuridão exatamente no momento anterior ao amanhecer. Assim, a escuridão não é algo negativo, mas um estágio necessário para que a luz se faça presente. Só mesmo por causa de nossa limitada percepção é que achamos a escuridão um fim em si mesma e, por isso, negativa.

Uma semente quando posta na terra está em um lugar obscuro, frio e sujo. Então, começa a enrugar-se e a apodrecer. Alguém que a observa de fora chegará a pensar que ela morreu. Aí, no instante em que chegou a seu pior estado aparente, um milagre ocorre. Ela começa a germinar e dá origem a uma nova vida.

DA ESCURIDÃO SURGE A LUZ

Eu chorei quando li a seguinte história.

Durante a Segunda Guerra Mundial, havia na Inglaterra muitos cidadãos alemães que lá viviam. Muitos deles eram Judeus. O governo inglês temia que entre eles houvesse alguns que fossem espiões. Decidiu mandá-los para viver temporariamente em ilhas próximas. Desta forma não teriam acesso a qualquer informação secreta.

Depois de um tempo, os ingleses viram que o custo de manutenção destas pessoas em uma ilha era muito elevado e por este motivo pediram ao governo da Austrália que os recebesse em seu território. Isto gerava, no entanto, um novo problema: quem formaria a tripulação de um navio que os transportasse, já que navegar por esta zona implicava um risco de ataque muito grande?

Os únicos que aceitaram a empreitada foi um grupo de presos condenados a quem foi concedida a liberdade como pagamento por uma missão de tão grande risco. O governo britânico aceitou que assim fosse e em poucos dias o barco com aqueles cidadãos judeus-alemães estava navegando rumo à Austrália.

Em circunstâncias como esta os ingleses deviam mandar uma comitiva militar que os escoltasse até o destino. Isto não foi feito. O barco teve de navegar sozinho em meio a um incalculável perigo.

Ao sair de águas territoriais inglesas, os presidiários que formavam a tripulação começaram a roubar o dinheiro e a jóias dos Judeus enquanto exigiam que todas as suas prendas e livros fossem arrojados ao mar.

Além da dor da perda de suas posses, a indignação daqueles passageiros era muito grande. Roubar deles todo o dinheiro era lógico, porém, que benefício tinham os ladrões em atirar as roupas e livros ao mar? A muitas daquelas pessoas este episódio acabou desmoralizando de forma traumática. “Por quê Deus nos permitiu isso? Acaso não era suficiente termos sido extraditados? Por quê não nos deixaram nossas prendas e os livros?” – se perguntavam. Havia outros que tratavam de olhar adiante.

Ninguém podia responder a estas perguntas, porém muitos sabiam que se D-us assim decidiu, seguramente era para o bem.

Finalmente, estes Judeus chegaram à Austrália e começaram a buscar sua sobrevivência e trabalho para refazer suas vidas. O tempo passou e conseguiram adaptar-se bem à nova sociedade. Muitos cresceram economicamente. No entanto, o dilema do navio continuava em seus corações sem que pudessem entender o porquê.

Quarenta e um anos depois deste incidente tão triste, foi lançado um livro chamado: “Memórias de um general nazista”. Neste livro havia relatos de todas as experiências militares do autor durante a Segunda Guerra.

No quarto capítulo ele conta que em uma de suas operações militares, estava em um submarino vigiando as águas do inimigo inglês quando detectou um barco com bandeira inglesa. De imediato dispararam dois torpedos. Nenhum atingiu o barco. De repente, algo estranho demais: viram livros e roupas no mar.

Soldados da marinha conseguiram alcançar alguns dos livros e os levaram ao interior do submarino para averiguações. Ao abri-los, encontraram textos de novelas em idioma alemão. Diante daquela constatação, suspeitaram que se tratava de ingleses conduzindo reféns alemães.

Ao informar seus superiores, recebeu a ordem de acompanhar o barco até que saísse da zona de perigo e, desta maneira, salvar os cidadãos alemães que viajavam nele.

Estava, enfim, explicado o propósito da humilhação.


NA ZONA DE TURBULÊNCIA

Mesmo nas situações em que estamos impedidos de agir para melhorar, impossibilitados de ver mudança de rumo no futuro, precisamos saber e acreditar que a salvação poderá ocorrer no instante seguinte.

Quando um avião penetra uma zona de nuvens densas, tem-se a impressão de que a turbulência nunca passará. De repente, quando menos se espera, o céu abre e a esperança retorna.

Um homem perdeu seu emprego. Chega triste em sua casa. A depressão o ameaça. Para refrescar seus pensamentos resolve dedilhar algumas notas musicais no teclado eletrônico de sua filha. Depois de anos, ele recorda lições de música da juventude.

Dias se passam e ele se encoraja a tocar uma canção na festa de aniversário de um amigo. Surpresa geral. Os aplausos o convencem de que sua interpretação não foi de se jogar fora. Ele começa a tocar em festas e casamentos e cobra por isso. Sente-se motivado em ver que as pessoas estão dispostas a pagar o quanto ele pede. Em pouco tempo sua agenda já é concorrida entre muitos interessados.

O novo negócio torna-se sua fonte de sustento. Ele consegue o ganho que nunca obteve em sua profissão e agora sente um prazer que antes não tinha. Ele nunca apostou em seu talento musical.

A crise mostrou um caminho novo. E isso sempre é possível. A questão é abrir os olhos para ver.

“Aprendi muito de meus mestres, e mais de meus colegas” – disse, um grande sábio e professor – “mas de meus alunos, o quanto aprendi superou tudo o mais”.

Dos mestres é normal aprender. Também dos amigos. Esta é a regra. Mas os alunos propõem perguntas sagazes; disparam desafios que motivam e estimulam o professor. Isto é que não o deixa manter seus conhecimentos em desuso como se fossem livros esquecidos em uma prateleira. Deste desconforto surgem novas facetas de sabedoria ainda não pensadas, novos níveis de aprendizagem não explorados antes. A qualidade das aulas melhora. Todos ganham e se orgulham do professor que têm. Mas quem, de fato, foi responsável por este processo altamente dinâmico? A crise.

Portanto, as crises são oportunidades reais que estão à nossa disposição.

Quando há a necessidade de se realizar algo e uma barreira se opõe ao curso calculado e planejado, acionamos forças imensas para sobrepujá-la. Quando, então, a superamos, o sentimento que desponta é: “Veja só! Eu nem imaginava que podia fazer isso! Lutei muito, e por isso consegui!”

Pois é! Para que tenhamos finais vitoriosos como este é que existem as crises. E por causa da minha fé, sou obrigado a completar com: "todas elas".
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br

7 de nov. de 2008

FONTE PRESENTE DE ALEGRIA FUTURA

ABRAHAM SHAPIRO

Olhe para um pai ensinando seu filho a andar. Ele segura e ampara a criança. São os primeiros passos. É chegada a hora do filho viver a experiência de caminhar por si.

O pai sabe que o sucesso não chegará no primeiro momento, mas o garoto precisa experimentar o que é inevitável nesta etapa da vida. Ele não conhece nada daquilo que um adulto sabe ser necessário e importante. Mas não há outra forma de aprender senão experimentando. Por isso, a criança deve praticar um temeroso e solitário passo com suas próprias condições.

O que o bebê estará sentindo? Incapacidade, medo, insegurança. Ele está em crise.

Sofre algumas quedas. A seguir, chorando, encena alguns passos mais firmes. Ele já prova um misto de medo e alegria. O temor começa a ir embora. Cresce a compreensão e o entendimento da dificuldade. Ele está experimentando a magnífica sensação de andar com independência e liberdade. Agora, já pode entender que a atitude do pai, quando tudo começou, era amor e não abandono ou desprezo como sentia.

Quão infeliz é ignorar este segredo. Quão triste é encarar a crise como um castigo ou como um evento vazio, sem qualquer propósito.

Para quem confia em D-us e na sua própria potencialidade de agir, uma crise é, imutavelmente, uma fonte presente de alegria futura. É apenas questão de tempo. Por isso ele confia!

Confiando é possível antecipar os proventos da felicidade que poderão chegar semanas, meses, anos, às vezes décadas depois. Aquele que confia abrevia o tempo, aumenta o gozo e antecipa os benefícios.

A atitude prática? Crer! Concentrar-se! Tomar a consciência definitiva de que há um propósito em cada obstáculo, há um objetivo em cada aperto e que nada – nem o que chamamos ou achamos ser “mal” – acontece por mera casualidade.
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6 de nov. de 2008

FAZ DE CONTA

ABRAHAM SHAPIRO

Publicado na data de hoje no Jornal de Londrina, pg 02

Quando o Vampeta jogou no Flamengo, um dia declarou algo que fez muita gente rir: "Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo". Frase simples. Inofensiva, a princípio. Mas, como tudo nesta vida, ela tem uma essência. E esta é muito séria. Quando eu finjo ser alguma coisa ou estar em algum lugar, não estou "inteiro". Não estou "íntegro". Não mantenho conexão plena com os acontecimentos. Meu físico está lá, mas não meu pensamento. Desejo não estar, no entanto, tenho que estar. Isto é uma prisão. Eu sofro. Quero fugir. Prolongar isto será o meu fim. Ou fujo, ou fico doente – e posso morrer. O mais triste é que talvez eu não tenha condições de ir.

Há quatro anos, vi uma empresa reduzir o seu quadro de pessoal. Os negócios não iam bem. Sobreviver era preciso. Tempos depois, os gastos com assistência médica triplicaram. Os funcionários adoeciam mais. Entre outras razões, estavam sobrecarregados, assustados e infelizes com o ambiente depois do corte. Aparentemente, tudo normal. A fundo, eles só faziam de conta que iam bem.

Will Schultz diz em seu livro "O elemento humano": "Alegria é o que eu sinto quando uso plenamente o meu potencial". Quando eu finjo, caminho na direção oposta ao meu potencial. Isto é a infelicidade.

Falemos do Vampeta. Se não quisesse fingir, bastava que deixasse o Flamengo. Mas tinha condições para isso? Pense em quantas pessoas são obrigadas a tolerar torturas emocionais impostas por um patrão vil. Elas estão impossibilitadas de deixar o emprego que lhes provê sustento. Não é só questão de escolha. Portanto, o que fazem? Fingem.

Como consultor em organizações, entendo que não há nada mais poderoso para produzir a verdade e a autenticidade no trabalho que a auto-estima. Os dirigentes se preocupam com tecnologia, campanhas e táticas. Mas esquecem que ambientes favoráveis à confiança mútua garantem que as pessoas não se sintam humilhadas ou rejeitadas. É assim que conseguem o mais comprometido e agradável atendimento. Tendo ambiente saudável e clareza a respeito do trabalho, o lucro cresce e maximiza. É a excelência.

Conheci um motorista de táxi em São Paulo. Chamava-se Genaro. Ele oferecia água mineral, jornal do dia, revistas, ligação local de seu celular e ar condicionado – sem custo adicional para os clientes. Os colegas não gostavam dele. Diziam que ele é pegajoso. Mas reclamavam que o mercado estava péssimo. O Genaro sai de casa todo dia com noventa por cento de sua agenda previamente fechada com clientes preferenciais. Eu sei por que sou um deles. De fato, de táxi talvez ele não entenda nada. Mas de clientes, sabe tudo.

Acho que este taxista nunca tenha pensado a respeito da verdade e da auto-estima. Mas ele é a prova cabal de que nada é mais prático do que uma boa teoria. Jean Paul Sartre, o filósofo francês, disse: "Não importa o que fizeram de mim. O que importa mesmo, é o que eu vou fazer com o que fizeram de mim". Disto é que depende o sucesso. O resto, é apenas saldo bancário. E sabe para que serve uma grande riqueza? Para a viúva e os herdeiros esquecerem logo quem deu a vida para juntá-la.
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5 de nov. de 2008

INSPIRAÇÃO




“Não importa o que fizeram de mim. O que importa mesmo, é o que eu vou fazer com o que fizeram de mim”.

Jean Paul Sartre

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COMO ANTECIPAR A VISÃO DO BEM QUANDO TUDO PARECE MAL

ABRAHAM SHAPIRO

A priori, nenhum ser humano tem a capacidade de visão integral dos eventos da vida. Sejam os eventos bons ou os desagradáveis. É impossível saber de tudo antes que o fim chegue. Só D-us tem em perspectiva o passado, o presente e o futuro. Como, então, é possível a um indivíduo mortal extrair algum benefício enquanto vivencia uma crise?

Há atitudes que são chaves para o acesso a este estado ideal. Atitudes cujo poder de incrementar maturidade, visão e compreensão das crises é barbaramente grande.

A primeira atitude prática é crer que há uma mensagem objetiva nas entrelinhas de tudo o que estamos vivendo. De modo prático: não relutar contra isso e abrir a mente para o esforço de ler corretamente a mensagem que precisamos apreender. Com a mente aberta, isto é, sem preconceitos ou premissas, ficamos muito próximos de conclusões e aprendizagens importantes.

A segunda é aumentar nossa capacidade de visão de longo prazo. Como? Através da paciência, minimizando a ansiedade e suportando o fluxo do tempo demandado em cada etapa e fato, até que a situação passe ou seja solucionada.

A terceira atitude – e mais importante – é estar consciente de que em toda crise o mal que pensamos ser aparente é um bem que está oculto.

Introduzir estes conceitos em nossa mente e exercitá-los na prática com a máxima clareza irá gerar em nós a postura de dignidade e nobreza que identificamos nos grandes e elevados seres humanos.

CONFORTO E TRANQÜILIDADE

Nas últimas décadas, o conforto e as facilidades oferecidas em todas as áreas impuseram-nos o imediatismo como modo de vida. Queremos resultados, e que sejam agora mesmo. Este padrão educacional causa-nos elevados prejuízos, não é prático e possui grandes desvantagens que muitas vezes as pessoas se recusam a ver. É um dos males contra os quais se deve lutar em favor de um aprofundamento no significado e na aprendizagem que as crises vêm trazer.

Se fosse possível resumir em uma só palavra tudo de que mais carecemos para enfrentar as crises da vida, esta palavra seria: confiança. Confiança é o antídoto do raciocínio imediatista e da pressa. Quem confia, sabe esperar - refiro-me aqui à confiança em D-us.

Esta confiança tem, é claro, uma componente em nós mesmos, a auto-confiança, pois somos dotados de enormes capacidades que desconhecemos e são inerentes a todo indivíduo desde a criação do mundo.

Três anos atrás, numa noite que tinha tudo para ser de festa e euforia, meu primo foi para a cama chateado e decepcionado. Não ter fechado um negócio que acreditava ser uma oportunidade única de lucro fez dele um profissional derrotado. Dias de tristeza. Noites e noites de insônia e inconformismo. “Onde foi que eu errei?”, “Sou um inútil!!!”, "Não sirvo para mais nada!" eram as expressões que mais povoavam sua mente. A resposta invariável era: "Não mereço sequer continuar vivendo".

O tempo passou. Ele fortificou-se aos poucos. O impacto inicial foi-se atenuando.

Há poucos dias, um corretor de imóveis informou-o casualmente que o negócio não era tão bom quanto meu primo imaginava. Se tivesse sido feito naquele momento do passado, hoje teria acumulado um prejuízo realmente grande. O lucro calculado no princípio, teria se tornado um fatal engano atualmente.

Isto resume fatos típicos da vida diária de muitos homens e mulheres de negócios que condenam suas vidas e carreiras por causa exclusivamente de suas visões particulares e imediatistas.

Do primeiro ao último momento, tudo poderia ter acontecido aleatoriamente – do mais profundo estágio de inconformismo e desespero até a satisfação máxima. No tempo presente, quando a situação foi finalmente revelada e, portanto, conhecida por completo, aquilo que parecia uma perda converteu-se em um benefício real. Germinou, enfim, a compreensão de que um bom e único negócio era, na verdade, um pesadelo irremediável e provavelmente irreversível.

O que foi que, de fato, aconteceu? Um milagre? Não. Somente conhecimento! Puro e certo conhecimento... na hora certa.

Se meu primo tivesse o dom de ver o futuro, teria vivido todos os meses que passou bebendo o sumo amargo daquilo que ele interpretava como sendo um erro estratégico de forma totalmente contrária. Mas acontece que ninguém pode antever o futuro - nem mesmo os próximos segundos.

Portanto cabe a pergunta: como meu primo poderia ter-se libertado da dor e do sentimento de amadorismo que o corroeu por três longos anos? Teria havido muito menos tensão e dissabor ao longo do tempo se existisse uma boa e deliberada dose de confiança. Em existindo aquela certeza do “filho” que acredita que as ações do “pai” - quaisquer que sejam - jamais são más – ainda que alguma dor momentânea se faça presente – a coragem e a convicção do bem teriam sido seu alimento em todas as horas. Cada vez que surgisse a tristeza advinda da sensação de perda, a confiança de que há um bem ainda desconhecido teria sido o antídoto.

Disse um sábio: “Quando as coisas não estiverem dando certo, confie em D-us e fique calmo. Mesmo se for culpa sua e você merecer o que estiver recebendo, confie em D-us. Acredite que tudo é para o bem e fique calmo. Quando D-us vir - do verbo ver - o quanto você confia, E-le disporá tudo para o bem”.

Confiar, sentir-se seguro, só é possível crendo que não existe mal perene, mas sempre, um infinito bem que se esconde nos bastidores de todos os fatos que nos sobrevêm. E ele irá dispontar. Ninguém sabe a hora exata. Mas surgirá... tão certo quanto a aurora surge após uma noite escura e tenebrosa sem estrelas.
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4 de nov. de 2008

CONFISSÃO E CLAREZA

ABRAHAM SHAPIRO

Nossa sociedade está viciada na pose. O político corrupto posa como homem justo e preocupado com o povo. O patrão - convencido de ser o maior empregador da cidade - assedia sexualmente as funcionárias e moralmente os funcionários - às vezes o contrário - mas vai à igreja com sua família, aos domingos, prega moral e bons costumes aos que o ouvem por conveniência, e assim prossegue sua vidinha medíocre e podre como se todos cressem no que o vêem fazer.

Coisas como estas podem fazer os leitores de nosso blog Profissão Atitude pensarem que os textos que escrevo diariamente são lições que refletem minha habilidade em praticar os princípios e conceitos que proclamo aqui. Se é o que você julga, ouça minha advertência: não é verdade.

Eu sou um homem comum. Possuo fraquezas imensas, dúvidas constantes, resvalos, erros, reincidências em erros antigos e outras ações que reprovo mas não venço totalmente. No entanto, devo afirmar que minha vida se fundamenta em uma palavra que, neste momento de clareza e confissão, faz toda a diferença e tem o poder de resumir muito mais "quem" ou "o quê" sou: ESFORÇO. É nisso que se resume o meu currículo: um homem que se esforça, dorme muito pouco, trabalha dia e noite e luta para ser melhor do que si próprio através do esforço.

Eu me esforço para viver. Eu me esforço muito. E não é fácil!

Como consultor, as pessoas imaginam que estou muito próximo da perfeição profissional. Isto também não é verdade. Eu apanho, bato, me viro do avesso como pipoca, avanço e corro... sempre em direção à meta que estabeleci para mim: "auxiliar com uma idéia de elevação e bondade toda e qualquer pessoa que cruzar o meu caminho ou de quem eu o caminho cruzar".

É assim que vivo. Se você não me conhecia, muito prazer!

A você, que lê o meu blog diariamente, muito obrigado. Contudo, por favor, não me imagine como mestre, ou professor, mentor, monitor ou seja lá quem tenha sobre si o poder de ensinar. Eu não ensino ninguém. Eu sou o maior aprendiz que jamais existiu no mundo. É para meu próprio aprendizado que escrevo. É para que eu seja melhor - apesar de todos obstáculos e adversidades. E se na minha escalada eu puder lhe ajudar, ótimo. É bem isso o que quero.

Que isto fique bem claro diante de todos.
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3 de nov. de 2008

A CRISE, O TEMPO E A MUDANÇA DE CENÁRIO

ABRAHAM SHAPIRO

No primeiro momento, damos à crise uma interpretação incoerente a seu real propósito. Tendemos a desprezar as lições e sinais que ela nos comunica.

Depois, começamos a abstrair, entender os fatos, atualizar o histórico da situação e, então, constatamos que o quadro que a princípio parecia imutável e danoso, não se manteve assim. Um bem floresceu onde parecia não haver nada de bom. O que aconteceu? O mal que se converteu em bem? Não. Uma só coisa se alterou: a nossa visão e compreensão. O bem sempre esteve ali. Nós não o identificávamos ou por simples ignorância, ou por recusa deliberada – teimosia. Talvez por falta de habilidade.

Aqui cabe uma reflexão. Por que não investir tempo em aprender e desenvolver uma competência apropriada para o gerenciamento de nossas crises pessoais? Fazemos isso prontamente quando se trata de ganhar dinheiro ou de uma ação profissional. Quando se trata da vida, no entanto, somos bons em procrastinar a aprendizagem e a concretização das intenções mais elevadas.

Por menos que estejamos preparados para a vida, nossa inteligência está pronta para ser alimentada com os itens necessários para pensar melhor, produzir melhores imagens e recursos que favoreçam nosso crescimento. Quais itens são estes? Experiências, conhecimento, informações, lições de vida de outras pessoas – material apropriado para promover evolução em nossas condições atuais.

Suponha um nativo tirado do interior inexplorado de uma selva e levado para dentro da sala de cirurgia de um grande e moderno hospital no exato momento em que uma junta médica faz um transplante de coração.

Ele se depara com os médicos e enfermeiros paramentados, suas faces cobertas, o ferramental cirúrgico nas mãos, seringas, agulhas e tubos aplicados em um corpo cujos órgãos e vísceras estão expostos. O que ele deduz deste quadro?

Sua experiência de vida o faz concluir que estão realizando um sacrifício humano.

Ele deduz que a pobre vítima deve ter sido caçada e está sendo esfolada e esquartejada por cruéis assassinos. Em sua análise pessoal, os médicos são bandidos perigosos, assassinos sangüinários.

Como ele irá reagir frente a isso? Aterrorizado, tentará fugir por acreditar que é o próximo alvo deste estranho ritual.

Esta ótica está de todo errada? Não. É a versão de quem não conhece a situação completa e ignora os múltiplos detalhes e dados em que se desdobra.

O nativo desconhece, por exemplo, o que é um hospital, o que são os médicos e que o próprio paciente desejou e optou por esta situação em que se encontra agora. É a única alternativa que lhe resta para livrar-se de uma doença que o levaria à morte.

No presente momento, não há melhores mãos a que sua saúde pudesse estar confiada. Os médicos estão concentrados no objetivo de extirpar o órgão afetado e substituí-lo por um que esteja são.

Mas o indígena não sabe de nada disso. Ele se acha pleno de razão em seus julgamentos parciais e interpretações. Suas limitações só lhe permitem ver uma parte do todo. O quadro inteiro é muito amplo. Ele nem imagina que existem informações que têm o poder de fazê-lo mudar radicalmente a visão e o entendimento.

Se tomarmos por base as crises da vida, nós agimos como o nativo em questão.

A falta de “substância interior”, de um acervo de experiências que possibilite o processamento do que estamos vendo e sentindo de modo a produzir uma versão clara e consistente do que enfrentamos, faz de nós personagens restritos e, por isso, despreparados para extrair as lições que decorrem deste momento difícil.

Aí está o comportamento típico. Somos precipitados e fracos. Somos incautos e inaptos. Somos frutos da ignorância. Entregamo-nos a pensamentos corrompidos e a uma péssima compreensão de quem somos. Não nos interessa darmos um impulso à vida em direção ao que, de fato, tem valor.

Muitos se auto-condenam ao sofrimento – outro ato de ignorância da dinâmica da vida. Colhem como resultado desespero, depressão, sentimento de vazio interior, derrota e outros prejuízos.

Por todas estas vias, desperdiçamos grandes chances, oportunidades inigualáveis e extraordinárias de nos aperfeiçoar. Em seguida, contentamo-nos com a fraqueza de que “neste mundo ninguém é perfeito”. Isto nos basta, inclusive, para nada fazermos em favor de nossa evolução.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br

CRISE? DEPENDE DO PONTO DE VISTA

ABRAHAM SHAPIRO

Falta de conceitos na vida causa sofrimento e confusão. Não ter entendimento claro sobre o que é uma crise, por exemplo, impede-nos de tirar proveito dela e, assim, tornarmo-nos piores indivíduos.

Um grande sábio disse: "Quando você foge da responsabilidade que tem em um lugar para estar em outro, duas coisas ficam imperfeitas: o local onde era preciso que você estivesse e o local onde você se encontra agora, mas não devia". Assim, fugir de uma crise é abandonar uma oportunidade incomparável de se tornar grande.

Por incrível que seja, a lição maior a respeito das crises advém de uma pergunta aparentemente corriqueira: "E agora? Como vamos superá-la?" A saída que se encontrar será um dos mais precisos e excelentes indicadores da magnitude de quem enfrenta a tal situação.

De uma vez por todas precisamos saber: não há vida sem crise.

O que é crise? Os dicionários definem como "estado de súbito desequilíbrio, incerteza, vacilação ou declínio".

As crises existem para extrair o melhor do ser humano. É a circunstância em que a potencialidade oculta – desconhecida ou inconsciente – pode tornar-se visível sob a forma de inteligência, brilhantismo, força, agilidade, eficácia, produtividade, idéia criativa e muito mais.

Se há vida, há crise, todos concordam. Então, por que temos uma rejeição natural às dificuldades inerentes à vida? Porque reagimos com desânimo ou sentimento de desprezo ao invés de coragem e bravura já que proclamamos haver benefícios?

A resposta a estas perguntas é difícil de ser dada. Mas é importante que se saiba que o problema não são as crises em si, mas a ótica com que as encaramos.

Vejamos de perto. Todo ser humano tem a tendência inicial de achar que a crise é uma perturbação injusta e, portanto, dispensável. Ninguém põe em prática aquela convicção de que ela é importante e necessária. Mas mesmo assim, ao longo do tempo esta visão míope muda.

Há uma história que ouvi quando jovem que ilustra muito bem esta particularidade. Ela mostra a transformação que é possível ocorrer quando se muda o ponto de vista sobre uma situação aparentemente negativa. Essa estratégia, aliás, tem o poder de nos libertar do vício de achar que o modo como encaramos uma situação é absolutamente correto e que a solução que elegemos é a única possível.

Numa terra longínqua, havia um reino de pessoas grosseiras e indolentes. O dia inteiro o povo cavava o solo à procura de ouro, na esperança de enriquecer. Durante anos e anos continuavam cavando, mas nada achavam. Eram tristonhos e apáticos à vida. Seu rei tornou-se zangado, mal-humorado e sem esperanças.

Certo dia aconteceu passar por ali um jovem. Era alegre e bem-humorado. Andava com ar seguro e seus lábios entoavam uma alegre canção. Quando os cavadores o viram, pediram-lhe que parasse de assobiar: "Nosso rei é muito zangado e mal-humorado.

Pode até matá-lo" – preveniram-no. O rapaz riu: "Pois seja, conduzam-me a ele".

Os cavadores pararam o trabalho e levaram o jovem ao palácio. No caminho perguntaram-lhe: "Como é o seu nome?" "Oved" – respondeu o moço. "E por que você assobia?" "Porque estou alegre e satisfeito". "E por que você está alegre e satisfeito?" "Porque tenho muito ouro".

Ouvindo isso, rejubilaram-se e contaram ao rei a respeito do ouro. O rei perguntou a Oved: "É verdade que você possui um tesouro de ouro?"

"Sim!" – foi a resposta – "tenho sete sacos cheios de ouro".

O rei ficou muito animado e imediatamente convocou seu povo e ordenou-lhe que trouxesse os sacos. Mas Oved explicou: "Levará algum tempo para pegar o ouro, meu rei. Está guardado numa caverna, vigiada por um dragão de sete cabeças. Somente eu posso tirá-lo dali. Dai-me todo o vosso povo por um ano e durante esse tempo livraremos o ouro do monstro".

O rei não teve alternativa. Pôs cavalos, bois e homens à disposição de Oved e determinou a seu povo que seguisse as instruções do rapaz.

Oved ordenou a seus homens que trouxessem arados e que arassem a rica e fértil terra dos campos. Depois de arar, semearam e na época da colheita colheram sete imensas carretas cheias do melhor trigo.

Durante todo esse tempo o rei prevenia Oved de que se ele não lhe trouxesse os sacos de ouro no fim do ano, seria decapitado. Diante disso, Oved sorria e explicava: "Necessitamos de trigo para entupir a boca do monstro" – e continuava alegre e cantando canções joviais.

Durante sete dias Oved perambulou com suas sete carretas até que chegou a uma grande cidade que não tinha lavoura. Quando os comerciantes viram as carretas de trigo maduro, pagaram uma grande soma de dinheiro por elas: sete sacos cheios de ouro.

Depois de mais sete dias, Oved mais uma vez apresentou-se diante do rei que lhe perguntou: "Conseguiu vencer o monstro?"

Oved respondeu com um sorriso: "Vendi o trigo a um povo cujo solo é estéril e em troca deram-me sete sacos de ouro".

Quando o rei ouviu a história de Oved, disse-lhe entusiasmado: "Aquele que trabalha a terra provê o pão. Na verdade, podemos tirar de nossa boa terra ainda mais do que sete sacos de ouro por ano". E pediu a Oved que ficasse em seu reino e governasse seus súditos.

Oved, entretanto, recusou dizendo: "Há muitos homens neste mundo que não conhecem o segredo do trabalho. Pode-se arrancar ouro da terra, trabalhando-a, semeando trigo dourado e transformando-o em farinha. É meu dever revelar este segredo aos outros também".

Feliz e alegre, Oved partiu para suas peregrinações.


Uma observação indispensável para compreensão dessa história é que o nome do personagem principal, Oved, significa "trabalhador" na língua original em que a conheci, o hebraico.

ESTRATÉGIA

Devemos ter em mente que existem duas possibilidades para se resolver uma crise. Primeira: mudar a situação – o que nem sempre é possível. Segunda: mudar o modo de vê-la e como a interpretamos.

Não são os acontecimentos que nos ferem, mas a visão que temos deles. As coisas em si não nos machucam, nem criam obstáculos. Também não as outras pessoas. O problema sempre está no nosso ponto de vista particular.

Não nos é dado escolher todas as circunstâncias externas de nossa vida. Algumas, sim. Muitas, não. Porém, sempre está a nosso alcance escolher a maneira como reagimos a elas. Está no nosso pleno poder de decisão o modo como nos relacionamos com elas.

Hoje, a psicologia sabe que o caráter de um indivíduo está ligado às suas experiências, à sua leitura dos fatos que ocorrem à sua volta.

É nas horas de aperto que as pessoas se dão a conhecer plenamente. Caem as máscaras, os rótulos e as molduras com que elas enquadram a realidade. Vão-se as simples impressões e suposições. Entram em cena as certezas. A verdade vem à tona.

Em dias normais, quando tudo vai bem, externamos uma fração insignificante daquilo que verdadeiramente somos. Quando chegam as turbulências, salientam-se as reais qualidades e, então, quanto melhor fundamentado estiver o indivíduo sobre princípios e valores, maior aprendizado e crescimento irá absorver. Quanto mais conceitos tiver armazenado em seu acervo interior, maior entendimento e autodesenvolvimento obterá a respeito das circunstâncias em que se encontra e a leitura dos fatos.

É lamentável que as pessoas se perturbem e até se percam em pensamentos equivocados de que as crises são destrutivas. Se somos lapidados ou moídos pelos problemas da vida, isto depende apenas do material de que somos feitos!

DUAS SITUAÇÕES EMBLEMÁTICAS

Imagine as duas situações a seguir e obtenha delas uma boa compreensão prática de tudo o que dissemos até aqui.

Primeira situação. Uma mãe recusa-se a auxiliar seu filho preguiçoso em sua tarefa escolar. Ela estará sendo má?

Ela conhece bem seu filho. Ajudá-lo uma vez mais só o fará mais acomodado nas próximas vezes. Ela enxerga as conseqüências futuras de sua presente atitude e toma a decisão de provocar no filho uma reação que faça nascer nele a responsabilidade. Ela recusa-se a cooperar e, com isso, impõe uma crise sobre o menino. Será isto um ato de maldade?

Uma conduta rígida adotada neste momento é, na verdade, uma prova de amor, dada sua amplitude no futuro. Aos olhos do garoto pode parecer cruel, a priori. Mas a aparente dureza e severidade da mãe contêm, como meta, uma infinita dose de bondade. O menino não é capaz de enxerga isso, por enquanto.

Segunda situação. Você ouve o grito desesperado de um bebê chorando no interior de uma casa. Chega a pensar que a pobre criancinha está sendo torturada. Ao averiguar mais de perto, depara-se com a imagem de um menino sentado no colo da mãe. Ela segura uma colher de remédio. O garoto detesta tomar a dose amarga e ruim; seu protesto é vigoroso. Ela, por outro lado, deseja a cura do filho doente e não se importa com seu desgosto momentâneo.

A julgar somente pelo que se ouve, dificilmente a realidade seria conhecida.

Examinando bem, a conclusão, passa a ser diametralmente oposta. O que antes parecia mal, tornou-se um bem no momento em que o fato foi conhecido por completo.
Há uma história curiosa sobre a necessidade de ser criativo na hora da crise. Passa-se em uma igreja de uma secular cidade inglesa.

As pessoas que lá se reuniam notaram que as pedras de mármore que formavam os degraus de acesso à porta de entrada estavam gastas por anos de uso. Decidiram substituí-las. Fizeram uma reunião para discutirem o assunto, porém, perceberam que o dinheiro em caixa não lhes permitia fazer um gasto imediato. Alguém apresentou uma brilhante idéia que adiaria por muitos anos a troca das pedras. Sugeriu que se mandasse simplesmente virar os blocos de pedra do avesso. Todos gostaram muito e acharam que a solução era criativa demais. Quando a colocaram em prática, surpresa. Descobriram que seus bisavós tinham tido a mesma idéia há muitos e muitos anos.

Com um enfoque criativo podemos encontrar soluções para muitos problemas. Os jovens podem não ser os únicos a encontrar abordagens novas para um determinado problema.

Sempre que olhamos para trás, vemos que nossos ancestrais podem ter aberto o caminho para nós em muitas situações que julgamos atuais e inéditas.

Com a aproximação do inverno, os índios foram ao cacique perguntar:

- Chefe, será que teremos um inverno rigoroso ou será ameno?

O chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido a tradição dos segredos de meteorologia de seus ancestrais. Mas claro, não podia mostrar insegurança ou fraqueza. Por algum tempo olhou para o céu, estendeu as mãos para sentir os ventos e em tom sereno e firme disse:

- Teremos um inverno muito frio... é bom nos prepararmos colhendo muita lenha.
No dia seguinte, preocupado com o chute, foi ao telefone e ligou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta:

- O inverno será muito frio.

Sentindo-se mais seguro, dirigiu-se a seu povo novamente:

- É melhor recolhermos muita lenha... teremos um frio muito severo.
Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:

- Sim... neste ano o inverno será muito rigoroso.
Voltou ao povo e disse:

- Teremos um inverno muito rigoroso. Recolham todo pedaço de lenha que encontrarem e os gravetos também.

Uma semana depois, ainda não satisfeito, ligou para o Serviço Meteorológico outra vez:

- Tem certeza de que teremos um inverno tão forte?

- Sim. Este ano teremos um frio intenso, nós temos certeza.

- Como tem tanta certeza?

- Os índios estão recolhendo muita lenha este ano

Se, hoje, o mundo enfrenta uma crise e qual a amplitude com que ela nos atingirá, são incógnitas incalculáveis. Isto depende do comportamento das pessoas, das relações de confiança entre elas e as instituições, os governos e todos os elementos que compõem a sociedade.

Uma coisa é certa: economista nenhum do planeta pode calcular o efeito da economia sobre pessoas espiritualizadas, que cuidam de seu desenvolvimento pessoal e que tiram grandes lições das dificuldades.

Não há poder maior na esfera humana do que a obstinação de se tirar grandes lições das crises e, assim, transformá-las em oportunidades.

Feliz é aquele que descobriu esta sabedoria e a vive plenamente.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são junto de líderes empresariais e times de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br