7 de ago. de 2007

O RELACIONAMENTO HUMANO E AS MAÇÃS

RABINO KALMAN PACKOUZ
De volta das férias, todos os alunos estavam descansados e alegres. Aproveitando o alto astral da turma, o professor resolveu ensinar algo muito importante para que aproveitassem bem todo seu segundo semestre letivo. Pediu a todos que trouxessem, no dia seguinte, uma sacola de plástico e dez maçãs.

Na manhã seguinte, lá estavam todos muito curiosos, com suas sacolas e as frutas. O professor pediu, então, para cada aluno que separasse uma maçã para cada colega com quem tivesse discutido ou brigado no semestre anterior. Em seguida, eles deveriam escrever o nome do desafeto nesta maçã e a colocassem dento da sacola. Depois ordenou a todos que, durante uma semana, andassem com aquela sacola de maçãs para onde quer que fossem.

Alguns alunos reclamaram que suas sacolas estavam muito pesadas. Outros declararam que incomodavam muito. O mais interessante, contudo, veio com o dia-a-dia: as maçãs começaram a apodrecer e o cheiro tornou a tarefa terrivelmente desagradável.

Ao final dos sete dias, com um odor terrível no ar e os alunos de braços cansados, o professor, então, resolveu explicar o significado de tudo aquilo:

- Caros alunos! O que eu quis que vocês aprendessem são duas coisas. Primeira. Ao terem de carregar a sacola de maçãs para todos os lugares aonde iam, vocês tiveram de se concentrar nessa tarefa. Automaticamente deixaram de notar outras coisas mais importantes ao seu redor. Segundo. Mesmo que inicialmente as maçãs parecessem belas e importantes, com o passar dos dias, o mau cheiro acabou com toda esta impressão! As maçãs nas quais vocês escreveram o nome de colegas com quem discutiram no semestre passado, a princípio pareciam bonitas e gostosas. Uma discussão é exatamente assim. De início, parece importante e interessante a ponto de valer a pena guardar as mágoas que dela resultam. No entanto, quando o tempo passa, o ‘mau cheiro’ vai aumentando, e o custo de carregá-las para todos os lados acaba sendo alto demais, assim como o incômodo que isso representa. Agora, meninos, entendam de uma vez por todas. Não vale a pena carregar as ‘maçãs’ de discussões, broncas, mágoas, fofocas, discórdias, desentendimentos etc. Perdoar o colega, ou quem quer que seja, e abandonar a má vontade em relação aos outros é a única forma de você se livrar definitivamente do peso das maçãs podres e desagradáveis da vida!

Rabino Kalman Packouz é o rabino da Congregação Israelita Aish Hatora, de Miami, E.U.A.