9 de ago. de 2007

A ERA DA PERCEPÇÃO CHEGOU

ABRAHAM SHAPIRO

Chegou o tempo em que a percepção é mais importante que a visão. Estamos vivendo a "Era da Percepção". A proposta é: ter novas maneiras de ver as coisas existentes, ao contrário de descobrir novas coisas para ver.
A percepção na história

A história da humanidade, em grande parte, tem se mostrado uma obsessão no sentido de melhorar a nossa compreensão visual do Universo em que vivemos. Quase tudo o que conhecemos se baseia em “olhar” as coisas. “Venha e veja”. “Ver para crer”. Fazemos experiências e olhamos os resultados. Construímos microscópios e olhamos as coisas minúsculas. Construímos telescópios e olhamos coisas distantes. Construímos meios de transporte para nos levarem aonde possamos ver um novo território. Uma das nossas crenças mais fundamentais é a de que as coisas que vemos com nossos olhos são uma boa aproximação da realidade.

É certo que usamos os nossos outros sentidos. Mas o principal, para nós, é olhar e tirar conclusões a partir do que vemos. Isso tem funcionado muito bem ao longo da maior parte da existência humana. Mas tem causado muita confusão, também. O problema está em olhar o mundo com os olhos e usar o cérebro para tirar conclusões.

A maior e mais bem documentada confusão que nossa visão provocou foi a crença histórica de que o Sol girava em torno da Terra. Sem dúvida, é o que parece. Até uma outra teoria ser sugerida, nenhuma outra possibilidade era óbvia. Ali estavam os dois maiores e mais importantes objetos ocupando o nosso campo visual – a Terra e o Sol – e virtualmente todas as pessoas que os olhavam tinham uma percepção totalmente invertida de seus movimentos.

As pessoas achavam que a Terra era chata. A razão é que esse era o único modelo que se encaixava com a aparência das coisas. Elas só começaram a pensar diferente quando alguém pegou um barco e saiu velejando por aí para “ver” melhor.

Estes não foram enganos triviais. Nossa visão era inadequada para a tarefa de discernir algo diferente do aparente. Foi necessário fazer algumas experiências e olhar melhor para descobrir a verdade.

A questão com que nos defrontamos nos dias de hoje é: e se houver ilusões óticas sobre a nossa existência que sejam tão importantes quanto foi o Sol girando em torno da Terra? Sendo assim, imagine qual não será a importância das gigantescas oportunidades que poderão surgir de uma percepção mais nítida?


Como aplicar

Vamos, agora, pôr os pés no chão e fazer uma rápida análise. O que as pessoas pensam quando olham para você? O que elas vêem em você? O que elas consideram a seu respeito ao citarem o seu nome? O que sentem após ouvirem o seu tom de voz? O que sentem quando observam o seu olhar, seus trejeitos, suas atitudes, as escolhas de cores de roupas que você faz , as palavras que diz comumente? Qual experiência elas vivem quando estão na sua presença? Quais sensações elas provam quando expostas ao conjunto de todas as suas expressões? O que elas vivenciam em relação ao seu trabalho que você faz? O que você inspira nelas como profissional e como pessoa?

Estes vários fatos constroem a percepção que as pessoas têm de você. De outro modo, esta é a marca pessoal que você imprime, sua marca real. Em resumo, tudo o que as pessoas percebem em você e de você edificam a sua marca na mente delas!

Ninguém é o que é. Você não é o que pensa ou pretende ser. Você não é apenas o que as pessoas vêem. Você pode ser "mais" ou "menos" do que isso. Na realidade, você é o que as pessoas percebem. Essa percepção se complementa com a observação de como é a sua educação e formação, quais os princípios que você adota e sobre os quais se desenvolveu, as condutas, as atitudes, as reações nos momentos de alegria, de raiva etc. E não pára por aí.

Saiba e seja consciente de que este conjunto de "emissões" pessoais é visto, ouvido, captado pelos sentidos das pessoas e simultaneamente processado na mente delas como uma identificação da sua pessoa.

Sendo você uma boa pessoa - bem formada, bem estruturada, que age corretamente etc - não é bastante. Além de todo este esforço pessoal para ser bom, você precisa "ser processado" bem pela percepção das pessoas. Como elas perceberão tudo isso que é emitido desde você?

Para os outros, nós somos a experiência que as pessoas têm quando expostas a nós. Somos a experiência que elas vivenciam quando provam nossos modos, o uso dos nossos sentidos, nossas reações pessoais, as falas e as múltiplas expressões de nosso pensamento e sentimento.


Posicionamento nos negócios

Todo negócios necessita de um posicionamento. Se uma marca, produto ou serviço não for convenientemente posicionado, não irá conquistar a lembrança na mente do consumidor que gera o desejo e o consumo.

O que é o posicionamento de uma marca? De modo muito simplório é a palavra ou a mais breve frase verbalizada através da qual as pessoas refletem a percepção que têm de uma marca, produto ou serviço.

Al Ries e Jack Trout propuseram as Leis Vencedoras do Marketing e demonstraram que, sem um posicionamento, qualquer divulgação de uma marca poderá ser inócua, pois, não irá se alojar da forma correta na mente do cliente. Poderão existir vendas, mas elas acontecerão sem a desejada constância ou progressão. Serão circunstanciais e não causadas por uma convicção ou atração psicológica do consumidor. O posicionamento cria a aptidão ao elogio, e por conseguinte, à divulgação boca a boca.


Como fazer

Suponha que você esteja sentado em um lugar maravilhoso, ouvindo uma bela e calma música, bebendo algo que goste e pensando coisas bonitas e suaves. As sensações são todas agradáveis e seus recursos pessoais interiores estão maximizados.

Imagine, agora, que, estando no trabalho, você “copie” as mesmas sensações mentais que resultaram daquele cenário paradisíaco. O que aconteceria? Seu desempenho atual seria muito melhor, agora. Certamente você produziria mais e, igualmente, causaria as melhores percepções a seu respeito como resultado desse estado interior favorável e energizado. As pessoas se sentiriam bem, tranqüilas, seguras e confiantes em sua presença. A percepção seria positiva.

Por outro lado, se você mantém atitudes mentais de baixos recursos, negativas ou inibidoras, seus sentidos transmitirão ,de algum modo, esse estado de caos. O produto final poderá ser uma percepção negativa e incômoda que as pessoas terão.

Você não estará sendo vítima do mau julgamento dos que lhe rodeiam, mas, antes, da “baixa qualidade" de seu desempenho pessoal. Isto poderá ser a causa de conflitos e infortúnios desnecessários. Diagnóstico? Problemas de percepção. O que você transmitiu alojou-se na mente das pessoas e gerou uma idéia anômala sobre quem é você. Portanto: você não é o que pensa ou pretende ser, mas o que todos os demais percebem.

Este pode ser um princípio sobre o qual você poderá reconstruir toda a sua vida e, assim, alcançar novos resultados
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473