8 de set. de 2008

ESTAMOS TODOS LOUCOS?

ABRAHAM SHAPIRO

Você pode não saber, mas muitos dos nossos comportamentos traduzem estados encobertos de loucura em algum nível. Quer identificá-los? Observe as situações em que continuamos a agir de um mesmo modo, na esperança de alcançar resultado final diferente. Esta, aliás, é uma das definições de loucura: fazer as coisas sempre da mesma maneira esperando alcançar outro resultado.

Veja se isto não se aplica ao seguinte cenário.

Minha conta mensal de telefone celular está alta. O que faço? Rescindo o contrato com a operadora atual, procuro outra operadora, faço um excelente plano e saio de lá achando que o valor da conta irá diminuir. No primeiro mês, os benefícios negociados, de fato, reduzem o montante a ser pago. Talvez isso se estenda também ao segundo mês. No terceiro, observo revoltado que tudo continua como era antes. Estou pagando uma conta telefônica que corresponde a uma parcela de financiamento de um carro de luxo ou de um apartamento.

Adianta alguma coisa eu me revoltar? Não. Minha visão é que está completamente equivocada.

Só há um meio da solução que adotei funcionar: se a operadora me oferecer um plano 100% gratuito. Por favor, não ria.

Por mais atraentes que sejam as propagandas das telefônicas, todas cobram preços de mercado pela prestação dos serviços. Analisando a fundo, veremos que pouca ou nenhuma diferença existe entre as propostas. Temporariamente elas podem oferecer algum benefício a título de boas vindas aos novos clientes. Mas elas têm seus custos e, além disso, seus acionistas exigem lucros crescentes. Portanto, nenhuma, ainda, faz milagre nas tarifas.

Mas não é esta a questão. O foco precisa ser posto sobre a árvore e não sobre a floresta. O que necessita de mudanças é o meu comportamento, minha relação pessoal com o telefone e a facilidade com que realizo ligações sem discernimento algum. Se eu conferir o extrato, descobrirei que um enorme percentual das chamadas foi realizado em situações supérfluas ou impulsivas. Portanto, falta de consciência é a causa que deve ser atacada para que o problema seja resolvido. O que passar disso é desculpa ou fuga da realidade.

Tudo bem até aqui. Se o problema estivesse confinado a contas de celulares talvez uma medida provisória do governo resolvesse a crise na vida de tantos que sofrem deste mal. Mas o erro de visão não se restringe a esta área. Ele está presente nos negócios, nos relacionamentos, nos cuidados com a saúde e em “n” diferentes setores da vida de um número astronômico de pessoas.

E tem mais um sério agravante. Se olharmos bem, veremos que tudo à nossa volta conspira a favor de que as pessoas mantenham este louco hábito de atribuir a culpa de seus próprios defeitos a algo ou a alguém. Estou me referindo a quem tenha descoberto isso antes de nós, e esteja se aproveitando desta fraqueza para vender mais.

Por favor, não se desespere e nem entre em pânico. Por enquanto, tente raciocinar em termos de que, até que as mudanças em nós próprios não ocorram – estou falando de comportamento – continuaremos fazendo tudo do mesmo modo; os resultados serão sempre os mesmos e nossa louca mania estará em prosseguir achando que “mudar de operadora é o que faz a conta do telefone diminuir”.

E então? Que tal mudar este quadro e iniciar um processo de cura? Se aceitar meu desafio e alcançar resultados diferentes, deposite a metade do que reduzir em seus gastos em minha poupança. Aqui vai: Banco Bradesco, agência 0941-5, conta número 14587-4. Parabéns pela conquista!
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Suas principais atuações são em formação de time de vendas. Contato: shapiro@shapiro.com.br