10 de ago. de 2008

NÃO SE DISTRAIA. A VÍTIMA PODE SER VOCÊ!

Os funcionários cujo trabalho é interrompido com freqüência são mais propensos a sofrer de estresse


Vivemos na era da informação, mas também na era da distração. Começamos uma tarefa e, minutos depois, a interrompemos para checar e-mails ou responder a um recado no messenger. Retomamos o trabalho e paramos em seguida para fazer uma ligação que havíamos esquecido. O recém-lançado Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age - "Distraído: a erosão da atenção e a iminente era das sombras" - mostra que a falta de foco dos profissionais contemporâneos traz prejuízos para as empresas e para eles mesmos. A especialista americana Maggie Jackson, autora do livro, mostra os níveis perigosos atingidos por esse fenômeno.

* As interrupções consomem 28% do dia de um funcionário, de acordo com levantamento da consultoria Basex citado por Maggie. Os custos para a economia americana são avaliados em US$ 588 bilhões por ano.

* Um trabalhador do conhecimento troca de atividade a cada três minutos (incluindo o uso de celulares, e-mails e mensagens instantâneas). Uma vez distraído, leva quase meia-hora para reassumir o trabalho original que havia começado a fazer.

* Os funcionários cujo trabalho é rotineiramente interrompido costumam ficar mais frustrados e sofrer de estresse intenso, de acordo com estudos da organização não-governamental Families and Work Institute.

* Sob a pressão de prazos, os trabalhadores são mais criativos quando estão focados, não quando estão dispersos ou são interrompidos, de acordo com um estudo publicado na Harvard Business Review.

A distração transforma também a vida em família. Para a estudiosa, isso pode ser verificado nas refeições caseiras, que costumavam ser um ritual importante na vida das pessoas e são ignoradas atualmente por uma boa parte das famílias. Pesquisa citada por Maggie revela que, quando assistem à TV, os pais interagem 20% menos com seus filhos. Passam a dar respostas automáticas a qualquer coisa que eles digam.

Por meio de instrumentos como a neuroimagem, os cientistas começam a entender melhor o fenômeno da atenção. "Se você tem um bom controle da atenção, pode dominar seu processo cognitivo, conter mais suas emoções e articular melhor suas ações", afirma Amir Raz, neurocientista da McGill University. Algumas empresas começaram a enfrentar o problema e criaram momentos para que o pensamento criativo possa florescer sem obstáculos. A IBM aposta nas "sextas-feiras de reflexão", nas quais os funcionários deixam de consultar e-mails e são impedidos de participar de reuniões.

Além de restringir as interferências externas, o que devemos fazer para aumentar a capacidade de atenção de nossas mentes? Uma das saídas é a meditação, sugere a autora. A observação da respiração faz com que fiquemos mais focados. Um dos estudos citados por Maggie, que relata no livro sua passagem por um monastério budista nos Estados Unidos, mostra que bastam oito semanas de meditação para que os praticantes adquiram uma capacidade maior de concentração.