28 de fev. de 2008

O PODER DE UM ATO DE BONDADE

No ano de 1917, os comunistas tomaram o poder na União Soviética e começaram suas tirânicas campanhas para erradicar o Judaísmo e as demais religiões. Em Minsk, atual Bielorússia, morava um rabino chamado Shiah, que jurou que, custasse o que custasse, iria continuar cumprindo a Torá e ajudando outras pessoas a também manterem a sua prática do Judaísmo. Após tranqüilos quatro anos, o rabino foi ‘convidado’ a comparecer à Cheka, a polícia secreta. Colocou seus negócios em ordem, despediu-se da família e preparou-se para o pior.

Ao chegar ao quartel-general da polícia secreta, foi introduzido numa sala. O interrogador o cumprimentou cordialmente em Ydish: "Rabino Shiah, gostaria de sentar-se?” Não era assim que estas sessões eram descritas pelas pessoas que tinham conseguido sobreviver a elas! Vendo que o rabino estava paralisado pela indecisão, o interrogador lhe disse: "Por favor, sente-se". Perguntou, então: "Rabino Shiah, talvez o senhor e sua família gostariam de emigrar para Israel?" O rabino não sabia o que responder. Se dissesse "sim" poderia ser considerado um cidadão desleal. Não respondeu.

O interrogador, percebendo que assim não chegaria a lugar algum, foi até um armário, puxou uma pasta com quase 20 cm de espessura e a colocou em frente ao rabino. "Rabino Shiah, este é o seu prontuário. Nele tudo está detalhado: cada mitsvá, cada criança que o senhor ensinou, cada brit milá que realizou". O rabino olhou para o arquivo e tremeu.

"Rabino Shiah", falou o interrogador, "durante os últimos 4 anos eu estive designado para cuidar do seu caso. Fui eu quem o protegeu e cuidou do senhor. Agora estou sendo promovido e não há a menor chance de que as coisas continuem boas para o seu lado com uma ficha como esta. O melhor que posso fazer pelo senhor é ajudá-lo e à sua família a irem para Israel”. Percebendo o olhar de espanto do rabino, o interrogador falou: “Vejo que não está me reconhecendo". Disse então o seu nome e o rabino ficou chocado: o interrogador era, nada mais, nada menos, que o filho de um grande rabino que havia morrido muito jovem.

O interrogador continuou: "Quero que saiba porquê vim lhe protegendo todo este tempo. Depois que meu pai morreu, tudo ficou muito difícil para a minha família. Certa sexta-feira, antes do Shabat, minha mãe foi correndo para a sua casa comigo no colo. Ela lhe implorou: 'Rabino Shiah, o que faremos? Não temos nada em nossa casa para comer!' O senhor estava vestido com seu longo casaco preto de Shabat, usava um belo relógio de ouro e uma corrente, também de ouro. Sem um momento de hesitação, esticou o braço, pegou o relógio, deu-o à minha mãe e disse: “Pegue isto!” Por muitos meses vivemos com o dinheiro que conseguimos com a venda daquele relógio e nunca me esqueci disto!"

Assim concluiu o Rabino Dishon, narrador desta história: "Não pense que quando você auxilia alguém, está apenas ajudando a tal pessoa. Na realidade, está ajudando a si mesmo!!!"