4 de fev. de 2008

MUDAR RÁPIDO OU TORNAR-SE OBSOLETO - NÃO HÁ OUTRA ALTERNATIVA

ABRAHAM SHAPIRO

Os anos 90 foram marcados por sérias e difíceis reestruturações nas grandes corporações, principalmente nos E.U.A. Um fato ocorrido no Citicorp, tornou-se até desconfortável para a companhia após virar exemplo emblemático da reengenharia que balançou o mundo empresarial daquela década. Foi a demissão de um talentoso técnico em informática, com 40 anos de idade.

Teria sido uma demissão normal, não fosse o modo como ele a encarou. Ficou chocado pelo fato de não ser mais um funcionário necessário, já que suas habilidades em programação COBOL estavam obsoletas.

Este raio veio de um céu azul, pois, tratava-se de um excelente profissional. Ao tentar uma recolocação, descobriu que suas habilidades não tinham mais valor para ninguém. Ele vinha seguindo sua carreira, desatento às mudanças que ocorriam a sua volta. De repente, descobre que o caminho que tomou o levara direto à beira de um precipício.

Vamos analisar. Estaria esse programador melhor preparado se não estivesse preso a um antigo pressuposto? Como teria sido sua história, se comodismo e excesso de auto-confiança nào tivessem sido seus principais atributos? Mesmo não escapando da demissão, ele poderia estar capacitado e pronto para enfrentar o dia seguinte.

O que aquele programador do Citicorp viveu não é apenas um símbolo da década de 90. É uma imagem presente e ainda mais preocupante nos dias de hoje. Sim, este é exatamente um dos grandes problemas, que a maioria das pessoas e empresas enfrentam neste exato momento da história do mundo.

Até quarenta ou cinquenta anos atrás, nossos pais e avós podiam se dar ao luxo de permanecer abençoadamente estáticos em seus pensamentos e concepção de vida. Substancialmente, nada diferia de ano a ano. Havia um ritmo linear e previsível nos acontecimentos. A experiência básica, vivida naquele então, servia para as pessoas conduzirem bem a vida até a velhice.

Mas na geração à qual pertencemos, as mudanças acontecem cada vez mais rápido, e precisamos ser capazes de reconhecer nosso modo próprio de ver, viver e interpretar os fatos para sabermos quando e como mudar - e influenciar os outros a mudar.

Assim, como aquele programador de COBOL, freqüentemente não sentimos a necessidade de mudar antes do abalo de uma demissão, do divórcio, de um ataque cardíaco ou de uma falência. Nestas circunstâncias, caso já não seja bastante tarde, acordamos para ver que nosso velho modo de pensar e agir não funciona mais. É incrível, pois, mesmo essas “trombadas”, às vezes não são suficientes.

Será preciso que aconteça dessa forma?

É possível mudar antes que o mundo nos force a fazê-lo.

Algumas das pessoas do Citicorp, inclusive muitos que sobreviveram às demissões, fizeram um esforço consciente para se aprofundarem no mundo externo à empresa. Exploraram diferentes aspectos da tecnologia – novas linguagens, novas técnicas de programação – e, por fim, trouxeram essas perspectivas para o seu mundo pessoal.

O que fizeram? Questionaram ativamente suas próprias formas de pensar e decidir – e das pessoas que as circundavam. Continuaram a desenvolver projetos úteis para a organização. Tornaram-se líderes das transformações necessárias para fazer a empresa progredir.

Estamos fazendo escolhas a todo e qualquer momento. Isso é, na verdade, o que mais fazemos. Porém, nem sempre estamos conscientes delas e de suas conseqüências. Nossas manias, hábitos, excesso de autoconfiança, vícios, o orgulho de achar que sabemos tudo e que nunca erramos, quase sempre são invisíveis aos nossos próprios olhos. Até que seja tarde demais!

No entanto, num ambiente em permanente mudança, temos a opção de também podermos mudar. Podemos nos transformar, de fato. Mas sempre dependerá de uma atitude, de nosso livre arbítrio.

Todos os dias, indivíduos em seus trabalhos e na suas vidas pessoais provam que é possível mudar, antes que a própria vida se encarregue de despertá-los de alguma maneira trágica ou penosa. Como? Eles adaptam suas mentes. Esta é a chave. A verdade incontestável é que nosso modo de pensar, determina o que somos capazes de ver e fazer. Daí, ele também determinar nossa felicidade e paz.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473