22 de fev. de 2008

CURRÍCULO BOM JÁ NÃO GARANTE UM GRANDE EMPREGO

ABRAHAM SHAPIRO

As empresas sintonizadas na "Era da Informação" estão atuando com avidez sobre o mercado de trabalho em busca de talentos. Para elas, não interessa descobrir o que um bom profissional já fez, mas o que ele pode fazer. Por isso, numa entrevista nestas empresas, literalmente “vale tudo”. Elas não querem saber do método, com perguntas tradicionais ou comportamentais. As entrevistas estão se tornando cada vez mais invasivas, mais exaustivas. Cada vez mais, espera-se que os candidatos se coloquem à prova. Eles têm de resolver problemas de lógica, não podem se deixar enganar pelas questões ardilosas e devem saber atuar sob estresse provocado.

Imagine que você é o candidato e o seu entrevistador lhe propõe: “Você está amarrado à sua cadeira. Aqui está um revólver com o tambor vazio. Observe como coloco duas balas em espaços vizinhos. Fecho o tambor e giro. Coloco o revólver na sua cabeça e puxo o gatilho. Aperto! Você ainda está vivo, sortudo! Agora, antes de discutirmos seu currículo, vou puxar o gatilho de novo. Você prefere que eu gire o tambor mais uma vez ou que eu simplesmente puxe o gatilho?”

Como você já percebeu, está cada vez mais difícil conseguir uma vaga que proporcione boas perspectivas. Ela irá ocorrer muito mais em função de capacidade realizável sob demanda imediata, do que apenas de potenciais ou formação como foi até recentemente.

A boa notícia é que o revólver da entrevista acima é imaginário e o entrevistador está apenas encenando girar o tambor e apertar o gatilho.

A má notícia é que o futuro das carreiras profissionais vai depender de alguém que brinca de revólver imaginário. Portanto, só um currículo bom já não adianta mais nada.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473