Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 25/04/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos
ABRAHAM SHAPIRO
Um dos maiores geradores de crises e causa comprovada de ineficiência em empresas familiares ocorre especialmente quando a segunda geração assume, e eu costumo chamar de “Síndrome de Realeza”. É nada mais que um sentimento exagerado de poder que faz o diretor – ou diretores – pensar que tornou-se um rei, e que, portanto, uma ordem sua aos subordinados bastará para que cumpram à risca o que ele deseja e no tempo que mais lhe apraz.
Planejamento? Nem pensar. É que, no português claro, muito frequentemente este herdeiro mal sabe o que é planejar. Tudo é “para ontem”. Sem falar no uso daqueles recursos psicopatológicos como gritos, pressão e ofensas irracionais.
Mas há algo curioso nesse contexto – que chega a ser assustador. É o fato de que nada, absolutamente nada dá certo quando feito deste modo. Os subordinados detestam sentir-se manipulados. Por isso, caso não existam obstáculos reais, eles darão um jeitinho para criá-los, e assim, não atenderem ao pleito do poderoso chefão.
Estudiosos do comportamento humano nas organizações declaram que o gestor que pretenda “manejar” sua equipe da mesma forma como maneja seu braço ou pés não irá longe.
Embora a autoridade possa, sim, gerar certo grau de desempenho, a pressão e as ameaças são inúteis para conseguir compromisso do pessoal. Ninguém extrai o melhor das pessoas por meio de prêmios ou castigos. Comprometimento só nasce da decisão interna de cada um, de sua livre opção de escolha.
A Pérsia é o antigo nome de um país que hoje se chama Irã. No passado, foi governada por um monarca cujo poder se estendia sobre a vida e a morte de cada um dos seus súditos. Seu título era Xá da Pérsia. As leis não o restringiam sobre nada, pois, a constituição estava subordinada à sua vontade.
Pois bem. Com todos estes fabulosos poderes, podendo fazer o que quisesse com as pessoas, o Xá jamais conseguiu que as obras públicas de seu país fossem entregues dentro do prazo estabelecido nos cronogramas. Nem matando ele conseguia pontualidade dos servos.
Para quem ainda vive na ilusão de ser sua empresa um feudo absolutista, vai aqui a minha pergunta incômoda ou provocativa de hoje. Se o Xá da Pérsia e Don Vito Corleone, o genuíno Poderoso Chefão da trilogia cinematográfica, conseguiram muito pouco através do uso da força, por que você ainda insiste em pensar que conseguirá mais, mesmo frente aos resultados ridículos que, a essas alturas, sua empresa deve estar apresentando?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473
Um dos maiores geradores de crises e causa comprovada de ineficiência em empresas familiares ocorre especialmente quando a segunda geração assume, e eu costumo chamar de “Síndrome de Realeza”. É nada mais que um sentimento exagerado de poder que faz o diretor – ou diretores – pensar que tornou-se um rei, e que, portanto, uma ordem sua aos subordinados bastará para que cumpram à risca o que ele deseja e no tempo que mais lhe apraz.
Planejamento? Nem pensar. É que, no português claro, muito frequentemente este herdeiro mal sabe o que é planejar. Tudo é “para ontem”. Sem falar no uso daqueles recursos psicopatológicos como gritos, pressão e ofensas irracionais.
Mas há algo curioso nesse contexto – que chega a ser assustador. É o fato de que nada, absolutamente nada dá certo quando feito deste modo. Os subordinados detestam sentir-se manipulados. Por isso, caso não existam obstáculos reais, eles darão um jeitinho para criá-los, e assim, não atenderem ao pleito do poderoso chefão.
Estudiosos do comportamento humano nas organizações declaram que o gestor que pretenda “manejar” sua equipe da mesma forma como maneja seu braço ou pés não irá longe.
Embora a autoridade possa, sim, gerar certo grau de desempenho, a pressão e as ameaças são inúteis para conseguir compromisso do pessoal. Ninguém extrai o melhor das pessoas por meio de prêmios ou castigos. Comprometimento só nasce da decisão interna de cada um, de sua livre opção de escolha.
A Pérsia é o antigo nome de um país que hoje se chama Irã. No passado, foi governada por um monarca cujo poder se estendia sobre a vida e a morte de cada um dos seus súditos. Seu título era Xá da Pérsia. As leis não o restringiam sobre nada, pois, a constituição estava subordinada à sua vontade.
Pois bem. Com todos estes fabulosos poderes, podendo fazer o que quisesse com as pessoas, o Xá jamais conseguiu que as obras públicas de seu país fossem entregues dentro do prazo estabelecido nos cronogramas. Nem matando ele conseguia pontualidade dos servos.
Para quem ainda vive na ilusão de ser sua empresa um feudo absolutista, vai aqui a minha pergunta incômoda ou provocativa de hoje. Se o Xá da Pérsia e Don Vito Corleone, o genuíno Poderoso Chefão da trilogia cinematográfica, conseguiram muito pouco através do uso da força, por que você ainda insiste em pensar que conseguirá mais, mesmo frente aos resultados ridículos que, a essas alturas, sua empresa deve estar apresentando?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473