6 de abr. de 2011

CRISE DE CREDIBILIDADE

ABRAHAM SHAPIRO

Imagine você enviando currículo, participando de dinâmicas de grupo, baterias de testes e entrevistas para ingressar em uma grande empresa. Meses depois, essa companhia aparece envolvida em um escândalo e tem a credibilidade abalada.

Quem já passou por essa situação diz que a primeira medida é evitar qualquer atitude precipitada.

Uma crise de credibilidade bastante conhecida é a da consultoria Arthur Andersen. A companhia era uma das cinco maiores do segmento no País em 2002, quando estourou o escândalo da Enron nos EUA. Meses depois, teve a clientela no Brasil fatiada entre concorrentes.

No ano passado, o Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos, foi alvo de fraudes que resultaram em um rombo de R$ 2,5 bilhões - o que acabou respingando também na Deloitte, que auditava as contas do banco.

Se a primeira recomendação é não entrar em pânico, a segunda é evitar a letargia - é preciso traçar um plano de ação.

O profissional deve fazer uma avaliação honesta de sua experiência na companhia. Se a falha ética não puder ser ignorada, é hora de preparar a saída. Aliás, vai aqui a dica de que é sempre preciso justificar a razão pela qual se trabalha em determinado lugar.

Há casos de executivos que decidem permanecer na empresa que passa por uma crise de credibilidade. Porém, a escolha de ficar também oferece riscos - caso o dano à imagem seja irreparável, a empresa pode fechar as portas. Mesmo em casos extremos, há quem consiga extrair algo positivo. Um executivo que ficou no Banco Santos até a venda de todos os bens tem hoje uma experiência rara: comandou o encerramento de uma empresa.

Quem enfrentou uma crise afirma que a experiência é dura, mas não representa o fim da carreira. Após 40 anos na Arthur Andersen, Taiki Hirashima viu a empresa "se desmanchar como um castelo de areia". E pior: ao contrário dos profissionais mais jovens, não foi convidado a permanecer quando a maioria das contas foi assumida pela Deloitte. Em seu depoimento, ele declarou: "Passei um ano perdido, sem saber o que fazer."

Em 2003, abriu a própria consultoria - Hirashima & Associados -, com cinco ex-colegas. O negócio cresceu, hoje tem 25 profissionais e atende empresas como Itaú, BB e Caixa. No corpo de sócios está a advogada Luciana Moya, também oriunda da Arthur Andersen. Ela atuava como consultora havia um ano na época do escândalo da Enron. Ao contrário de Hirashima, migrou para a Deloitte para adquirir experiência e ficou lá por alguns anos.

Como se vê, dar a volta por cima é a receita que funciona em quase todos os casos.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473