20 de dez. de 2007

2008: UM SANDUÍCHE DIFERENTE


ABRAHAM SHAPIRO

Tem gente demais esperando que tudo melhore no dia 1º de janeiro de 2008.

A notícia é que nada vai mudar. Os fatos da vida funcionam como aquela frase que roda o mundo pela Internet: “Chocolate não engorda; quem engorda é você”.

O Carlão era pedreiro. Primeiro dia numa obra, hora do almoço, ele abre a lancheira, tira um sanduíche, e antes de comê-lo, resmunga em voz alta: “Sanduíche de mortadela? Detesto mortadela”. Dia seguinte, mesma coisa. No terceiro dia, quando diz a ladainha novamente, um dos colegas se vira para ele e o interpela: “Por quê você não pede a sua mulher que faça um sanduíche diferente?” Ao que Carlão responde: “Impossível, amigo. Sou eu quem prepara meus sanduíches todos os dias”.

Esta é uma anedota que expressa bem o modo como as pessoas se portam em relação à vida.

Reclamar do que não se gosta é fácil e todos fazem bem. Mas, ao ver de perto as situações que nos incomodam, descobrimos que quase todas – senão todas – foram criadas por nós próprios. Nasceram a partir dos pressupostos e crenças que adquirimos sem jamais verificar se são verdadeiros, bons ou construtivos.

Preparamos o sanduíche e, agora, vemos problema em ter de comê-lo. Mas o poder para mudar o recheio é só nosso. Como? A resposta é: atitude.

Nesta época do ano as pessoas ficam ávidas por renovação. As imagens mentais que nos deixam para baixo ou dissipam energia boa são substituídas pela esperança em um futuro positivo. Todos estão cheios de planos.

A questão é: planos de final de ano funcionam? Quase nunca. Por duas razões. Primeira: são feitos para um prazo muito longo. Segunda: poucos investem neles os recursos corretos.

Um ano é tempo demais. São trezentos e sessenta e cinco dias. Cada dia com suas preocupações e centenas de decisões.

O tempo nada tem de bom ou ruim. Ele é um vazio a ser preenchido. Mudar o calendário não fará a vida cor-de-rosa ou cinza. Mas a cor das “lentes” dos óculos com que vemos a vida – o modo como interpretamos os fatos – pode fazer toda a diferença. Isto é que determina a compreensão do que chamamos de realidade.

Warren Buffet, um dos milionários mais inteligentes da atualidade, disse: "Eu não tento saltar barreiras de dois metros de altura. Prefiro procurar as de trinta centímetros, que eu posso transpor com apenas um passo". Faça planos simples, práticos para serem empreendidos em curto espaço de tempo – poucas semanas ou dias, e não para um ano inteiro.

O segundo aspecto que determina o sucesso dos planos são os recursos que utilizamos. Há estados interiores que habilitam e deixam sair grandes mananciais de poder pessoal e realizações – confiança, amor, força interior, alegria, êxtase, crença – e há, também, os estados paralisantes que nos deixam sem poder – confusão, depressão, medo, ansiedade, tristeza, frustração, etc.

A habilidade em saber empregar os recursos que nos colocam em estados bons é a chave para promover mudanças e conseguir excelência.

A diferença entre os que fracassam em realizar metas na vida e os bem-sucedidos está no quanto conseguem se colocar em um estado de altos recursos e não com o reveillon, com fogos de artifício e muito menos com o lugar onde se encontram – se na praia, nas montanhas ou em casa.

A diferença está, mesmo, no recheio do pão de cada dia.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473