23 de mai. de 2011

O VÍRUS DA REJEIÇÃO

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 23/05/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos


ABRAHAM SHAPIRO

Ninguém gosta de se sentir excluído. Indivíduos socialmente rejeitados têm maior probabilidade de comer demais, de procrastinar, expõem-se a riscos financeiros desnecessários e agem de modo mais agressivo, menos inteligente.

Na empresa, aumentos salariais por mérito, elegios, eventos sociais são situações vistas pelos colaboradores como prova de aceitação. A comunicação interna também.

O medo da rejeição é provavelmente a maior razão pela qual as pessoas se esforçam para não falhar no trabalho – por mais maçante e prejudicial que seja à saúde do indivíduo.

Supõe-se que o dinheiro seria a principal recompensa por esses sacrifícios. Mas a aceitação social é um benefício poderosíssimo. Entre os aspectos positivos do trabalho, a sensação de pertencer a algo é um dos mais importantes.

O ser humano fará quase tudo para evitar a rejeição – seja por um amigo, por um amor ou por um patrão. Ele sabe que, para continuar a ser incluído, precisa evitar o fracasso através de um certo nível de desempenho. Quando se propõe a funcionários imaginar que estão sendo demitidos, a primeira coisa que tendem a dizer é: “Vou perder os meus amigos”.

Todos sabem que a criatividade traz consigo o risco do fracasso, já que nem todo projeto original dá certo. Mas o medo da rejeição pode também minar a vontade do indivíduo de ser criativo.

Imagine um chefe que pede aos funcionários do marketing que criem uma campanha de vendas e que se ela falhar, eles serão demitidos. Embora à primeira vista possa parecer uma estratégia racional, a criatividade do pessoal simplesmente evapora.

Não é difícil criar um ambiente que reduza o medo de rejeição do trabalhador. Um pouco de aceitação faz o bem-estar crescer. Maior flexibilidade organizacional – em lugar de normas rígidas e às vezes irracionais – pode enviar uma mensagem de aceitação, criando uma sensação de segurança maior.

Nossa cultura nos diz para não dar muita importância à rejeição. “Não fique choramingando”, dizemos. Mas o sofrimento da rejeição é tão grande quanto uma dor de dente. Ainda que tentemos ser durões, a natureza imprimiu em nosso sistema nervoso a informação de que a exclusão é péssima para as chance de nossa sobrevivência. 

Aumente a aceitação na sua empresa. Ótimos resultados vão aparecer no seu balanço sem que dinheiro algum tenha sido investido – apenas boa vontade.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473