14 de fev. de 2011

LOUCURA OU AUTO ENGANO?

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 14/02/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

Uma das definições de loucura é “fazer as coisas sempre da mesma maneira esperando alcançar resultado diferente”.

Um leitor chamado Rodrigo enviou um e-mail com a seguinte pergunta: “Sr Shapiro. O que eu devo fazer para reduzir a minha conta de telefone celular? Está altíssima. Não sei o que fazer”.

A pergunta do Rodrigo é realmente muito boa. Todo mundo sabe o que é mais comum fazer nestas circunstâncias. Eu fui conferir de perto como as pessoas pensam e fiz a mesma pergunta ao funcionário de uma empresa em que dou consultoria. A resposta veio na velocidade de um carro de Fórmula 1: “Quebro o contrato com a operadora atual, faço um novo plano com outra operadora, e saio de lá pagando menos”. E eu completei: “Pagando, não! Achando que irá pagar menos”.

De acordo com o conceito que propusemos acima, isto é loucura.

Por este caminho, o nosso amigo Rodrigo só irá conseguir diminuir sua conta se a nova operadora lhe oferecer um grande desconto para um número ilimitado de chamadas, ou, quem sabe, um plano 100% gratuito.

O que muitos ignoram é que em geral as operadoras telefônicas cobram preço de mercado pelos serviços que prestam. No médio prazo, todas as propostas que vemos e ouvimos nas propagandas acabam custando o mesmo para um usuário que supere determinados níveis de uso.

Portanto, a opção de troca de operadora não é uma alternativa plausível e muito menos lógica. Trazendo o problema para o âmbito pessoal, se quiser que a conta diminua eu é que tenho que mudar meu comportamento quanto ao uso do celular. Acabar com a compulsão de uso é uma das ações urgentes a ser implementada. E inteligente também. Isto sim resolverá o problema da conta. Quase tudo mais será paliativo ou inócuo.

O triste é que este defeito de conduta não ocorre só com o uso do celular. Ele se apresenta nos negócios, nos relacionamentos, nos cuidados com a saúde, alimentação etc. Eu confesso publicamente que o cometo em muitas áreas da minha vida e agora até me envergonho disso. Mas minha confissão não muda meu erro. Só se eu agir em contrário e retificar minha atitude.

Enquanto as mudanças não ocorrem dentro de nós, continuamos a fazer tudo igual, sem qualquer sentido ou razão. Os resultados serão sempre os mesmos, e talvez continuemos a pensar que a culpa é de todo mundo, exceto nossa.

Diante disso, só nos resta fazer: “bilu-bilu”, porque estamos, de fato, loucos!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473