ABRAHAM SHAPIRO
Eduardo Dias Vilas Boas é funcionário de uma indústria de móveis, líder de equipe, e numa conversa, há alguns dias, traduziu em poucas palavras as causas da enorme dificuldade que as empresas têm tido em contratar mão de obra. Não mais somente a qualificada, como a mão de obra básica também.
Segundo ele, estamos em meio a um "apagão de mão de obra" - termo cujo uso começa a se alastrar por toda a mídia. Esta dificuldade operacional já seria suficiente se não viesse acompanhada do desinteresse generalizado pelo trabalho. Há um choque, ele observa, entre as necessidades empresariais mais imediatas e os anseios pessoais dos novos contratados.
Valores que educaram gerações passadas tornaram-se lenda nesta década. Estão esquecidos. As pessoas trabalhavam por necessidades básicas e pela dignidade que o trabalho trazia.
Hoje, segundo a visão do Eduardo, isto pouco conta para os jovens trabalhadores. A pouca diferença de idade para com seus pais lhes dá a certeza de encontrar alguma comida na geladeira, roupas no armário e o controle remoto da TV sobre a estante. Tudo está à distancia de um “clique”.
Estudar é obrigatório. Mas é possível ficar “de boa”, porque o Google tem tudo. Ctrl C + Ctrl V resolve qualquer problema.
O desafio de vencer restringe-se ao acesso a novos vídeo games lançados para uma geração cuja visão de futuro não ultrapassa trinta dias – tempo, aliás, longo demais frente à velocidade das inovações tecnológicas.
Respeito? Nem aos pais. A televisão formou sua opinião enquanto os pais não tiveram tempo para educá-los. A babá, mãe substituta de muitos, fez-lhes pensar que ganhar o suficiente para viver é fácil e rápido, num mundo colorido e glamouroso, onde o mocinho sofre e o bandido nem sempre se dá mal. Vale tudo para esta geração BBB.
Como encarar esta realidade? Talvez a resposta esteja num estudo mais aprofundado dos programas sociais que parecem competir com o trabalho.
O contraste de ideias e princípios já é gritante. Enquanto isso, mão de obra que é bom e todo mundo precisa, não tem. Produzir novos atrativos resolve? Uma nova CLT? Valorizar os talentos na ativa? Difícil. Tudo parece não funcionar.
No entanto, manter-se competitivo no mercado atual passa por estas questões ao mesmo tempo em que a economia se abre para produtos oriundos de países onde direitos trabalhistas e tributos são ridículos quando comparados aos nossos.
Eduardo conclui suas ideias com uma outra dúvida: haverá um líder capaz de resolver tamanhos impasses?
Fica mais esta pergunta junto de todas as demais para a sua reflexão.
______________________
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473
Eduardo Dias Vilas Boas é funcionário de uma indústria de móveis, líder de equipe, e numa conversa, há alguns dias, traduziu em poucas palavras as causas da enorme dificuldade que as empresas têm tido em contratar mão de obra. Não mais somente a qualificada, como a mão de obra básica também.
Segundo ele, estamos em meio a um "apagão de mão de obra" - termo cujo uso começa a se alastrar por toda a mídia. Esta dificuldade operacional já seria suficiente se não viesse acompanhada do desinteresse generalizado pelo trabalho. Há um choque, ele observa, entre as necessidades empresariais mais imediatas e os anseios pessoais dos novos contratados.
Valores que educaram gerações passadas tornaram-se lenda nesta década. Estão esquecidos. As pessoas trabalhavam por necessidades básicas e pela dignidade que o trabalho trazia.
Hoje, segundo a visão do Eduardo, isto pouco conta para os jovens trabalhadores. A pouca diferença de idade para com seus pais lhes dá a certeza de encontrar alguma comida na geladeira, roupas no armário e o controle remoto da TV sobre a estante. Tudo está à distancia de um “clique”.
Estudar é obrigatório. Mas é possível ficar “de boa”, porque o Google tem tudo. Ctrl C + Ctrl V resolve qualquer problema.
O desafio de vencer restringe-se ao acesso a novos vídeo games lançados para uma geração cuja visão de futuro não ultrapassa trinta dias – tempo, aliás, longo demais frente à velocidade das inovações tecnológicas.
Respeito? Nem aos pais. A televisão formou sua opinião enquanto os pais não tiveram tempo para educá-los. A babá, mãe substituta de muitos, fez-lhes pensar que ganhar o suficiente para viver é fácil e rápido, num mundo colorido e glamouroso, onde o mocinho sofre e o bandido nem sempre se dá mal. Vale tudo para esta geração BBB.
Como encarar esta realidade? Talvez a resposta esteja num estudo mais aprofundado dos programas sociais que parecem competir com o trabalho.
O contraste de ideias e princípios já é gritante. Enquanto isso, mão de obra que é bom e todo mundo precisa, não tem. Produzir novos atrativos resolve? Uma nova CLT? Valorizar os talentos na ativa? Difícil. Tudo parece não funcionar.
No entanto, manter-se competitivo no mercado atual passa por estas questões ao mesmo tempo em que a economia se abre para produtos oriundos de países onde direitos trabalhistas e tributos são ridículos quando comparados aos nossos.
Eduardo conclui suas ideias com uma outra dúvida: haverá um líder capaz de resolver tamanhos impasses?
Fica mais esta pergunta junto de todas as demais para a sua reflexão.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473