12 de jul. de 2010

OS GRANDES TAMBÉM QUEBRAM

Artigo publicado no JL - Jornal de Londrina, em 12/07/2010, na coluna Profissão Atitude.


ABRAHAM SHAPIRO

Era uma vez, uma grande rede de farmácias de uma cidade longínqua, que era forte, poderosa e tinha seu marketing orientado por um eminente e venerado consultor, um verdadeiro gênio do não-vender criativo.

Certo dia, fomos contratados para avaliar o quadro de pessoas e do negócio em si. Após um mês de rigorosa análise, publicamos aos sócios que a mão-de-obra estava sofrivelmente despreparada, a ponto de maltratar propositalmente clientes como reação contra o modelo administrativo adotado. Mostramos que sem mudanças na gestão e na capacitação dos colaboradores, isto seria uma ameaça que se converteria rapidamente em vulnerabilidade à invasão do mercado por empresas mais eficazes.

O tal consultor de marketing, discordando de nossa visão, sugeriu a aquisição de um caríssimo pacote de espaços na televisão regional de propagandas feitas com atores de terceira linha. Resultado? Três anos após, resta uma ou outra lojinha da rede ostentando ridiculamente a antiga e poderosa logomarca! E exatamente nos pontos onde situavam suas maiores lojas, brilham agora as maravilhosas e bem resolvidas centrais de venda do concorrente, faturando horrores! Como se sentirão aqueles ex-empresários?

Grandes corporações podem falir. Com frequência ouvimos falar de uma ou outra. E há as de que nem ouvimos falar.

Não é estranho que isto aconteça a empresas com escritórios cheios de gênios financeiros, diretores catedráticos e gerentes que sabem tudo? Gente esperta, sim, mas que não soube predizer o comportamento do mercado e as consequências de fraquezas que gritavam debaixo do seu nariz!

Irônico, não? Todas elas tinham planejamento estratégico, programas incríveis de RH, marketing de primeira e bons produtos! Por que razão caíram na desgraça?

Algumas expressões respondem à pergunta. Soberba. Sarcasmo. Leviandade. Clientes desprezados. Descumprimento de compromissos. Aumento deliberado de preços. Pouco-caso a representantes.

A crise financeira de 2008 provavelmente já acabou no Brasil. Mas há uma segunda crise por trás daquela. É a crise da competitividade. Esta ainda perdura. Observe, e você verá uma constelação de pequenas empresas conseguindo fortalecer suas marcas no ranking de cada segmento. Elas estão crescendo graças ao atributo agilidade. As grandes são analíticas demais, lentas, maçantes e fiadas na ilusão de perpétua segurança!

Insignificantes de antes aprenderam com a crise lições mais efetivas e práticas que apenas sobreviver. Hoje fazem parcerias fortes, investem em canais de vendas, intensificam relacionamento com clientes e treinam seu pessoal. Estão construindo uma imagem sólida enquanto os grandes se riem.

Calma. Você verá quem ri melhor!

Quanto a você, opte por ser contado entre os melhores. Os maiores estão afundando.
______________________

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473