22 de mai. de 2008

DIZER A VERDADE OU A MENTIRA?

ABRAHAM SHAPIRO

Dois funcionários de uma empresa saíram para prestar um serviço e passaram todo o dia fora. Quando retornaram, o patrão interrogou um deles sobre como foi o trabalho. Ele respondeu que tudo esteve bem. Ao ouvir isto, o outro estranhou, pois, não condizia com os fatos.

Na manhã seguinte, o segundo funcionário apresentou-se à sala do chefe e, voluntariamente, relatou o acontecido, mostrando que os resultados obtidos haviam deixado a desejar e isto punha em risco a qualidade dos serviços prestados.

O que explica este típico quadro corporativo? Diferentes pontos de vista? Não. As pessoas desenvolvem o medo de dizer a verdade à medida que são capazes de prever a reação de seus superiores. Elas temem as conseqüências explosivas e drásticas.

Isso também ocorre na educação infantil. A verdade é desejável, mas a reação negativa do superior dá vantagens para a mentira.

Um líder – em qualquer circunstância – precisa, sim, ser justo. Mas deve, antes, ser indulgente. Ele necessita ter visão global e temporal dos processos, ou seja: saber que o erro de um, na maior parte das vezes, não é apenas dele, mas resume a ação de várias outras pessoas; e que uma punição imediata e coerciva pode camuflar a verdade no futuro. O prejuízo poderá, então, ser muito maior sob todas as óticas. Por isso, a moderação é sempre aconselhável. Nesta hora, apoio e suporte são amplamente requeridos, e não o castigo.

Melhor que a punição é a correção. Desta forma, dizer a verdade valerá sempre muito mais do que mentir.

A propósito, o funcionário que falou a verdade tinha apenas uma semana na empresa. O que mentiu, estava lá há três anos.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473