15 de jan. de 2008

COMO MELHORAR SUA IMAGEM JUNTO ÀS PESSOAS QUE ESTÃO A SUA VOLTA

ABRAHAM SHAPIRO

Todos concordam que um líder precisa saber como lidar com pessoas. É fundamental compreender os demais. Em geral, todas as áreas de atuação profissional, hoje em dia, estão alicerçadas no relacionamento. Mas compreender os demais começa pela compreensão de nós mesmos. E se é difícil entender os outros, o entendimento de nós mesmos pode ser igualmente difícil.

A compreensão que temos de nós mesmos, a nossa autoimagem, depende, em grande parte, do feedback que recebemos, ou seja, da maneira como os outros reagem em relação a nós.

Como resposta à reação demonstrada pelos outros, nós modificamos constantemente a nossa auto-imagem fazendo pequenas mudanças, de uma forma ou de outra.

Contudo, ao invés de responderem às pessoas que nós pensamos que somos, os outros frequentemente respondem à pessoa que eles pensam que somos – à percepção e imagem que eles têm de nós, à pessoa que eles conseguem ver.

Imagine uma pessoa. Vamos chamá-la de Susana. Ela é vista de modo um pouco diferente por aqueles com quem ela convive. Ela é mãe, amiga, esposa, filha, chefe de uma equipe, funcionária de uma empresa. Susana é empurrada para as mais diferenças direções pelas pessoas que são importantes para ela e começa a lutar para acomodar-se à maneira que as várias pessoas a enxergam e ao modo como ela enxerga a si mesma.

Joseph Luft e Harry Ingham desenvolveram um modelo simples que ficou conhecido como A Janela de Johari (fala-se: Djôu héuri). O uso deste modelo poderá ajudar você a aprimorar suas habilidades para compreender a si mesmo e aos demais.


COMO FUNCIONA A JANELA DE JOHARI

Normalmente, existe uma grande diferença entre a percepção que você tem de si mesmo e a forma como os outros o avaliam. O problema é que esta diferença pode representar um grande prejuízo para sua carreira e dificuldades em sua vida pessoal.

Muitas pessoas definem-se como perfeccionistas, por exemplo, acreditando ser isso uma de suas mais importantes qualidades. No entanto, quem convive com estas pessoas podem estar insatisfeitas com tais características, por tornar a vida delas difícil.

Algumas se consideram sinceras, mas o que as outras consideram mesmo é que elas são extremamente críticas. Muitas vezes você acredita realmente que é de um determinado jeito, mas acontece que as pessoas podem está percebendo você de uma maneira completamente diferente.

Luft e Ingham raciocinaram nos seguintes termos para a montagem da Janela:

Cada um de nós tem uma área conhecida por si mesmo. É uma consciência parcial daquilo que estamos fazemos e de por que o fazemos.

Cada um de nós também desconhece parcialmente o que fazemos e por que o fazemos. Esta área é denominada área desconhecida por si mesmo.

Aqueles que nos cercam têm conhecimento parcial daquilo que fazemos e do por quê. É a área denominada conhecida pelos outros.

E eles também desconhecem parcialmente aquilo que fazemos e o por quê. Esta é a área chamada: desconhecida pelos outros.

Isso, gerou quatro quadrantes justapostos, os quais lembram uma janela de vidro, antiga. Daí o nome.

Vamos explicar melhor e determinar a nomenclatura mais profissionalizada destes quadrantes como consta na figura no início deste artigo.

Criar sua própria Janela de Johari, pode ser uma forma para verificar o quanto sua auto percepção está alinhada com a imagem que os outros têm de você.

A Janela de Johari é dividida em quatro quadrantes, veremos a seguir a nomenclatura técnica e o significado cada um destes partes.

EU PÚBLICO: Este primeiro quadrante, chamado de eu aberto ou eu público, é formado por sua auto percepção e pela maneira como os outros percebem você. Quanto mais informações sobre si mesmo você disponibilizar para as pessoas maior transparência haverá nas relações.

EU FECHADO: Esta é nossa área secreta, neste quadrante estão incluídas as informações e características pessoais que somente você conhece sobre si mesmo. E só você mesmo é quem pode decidir o que irá revelar ou não aos outros. Muitos mal entendidos poderiam ser desfeitos se você se mostrasse mais e se abrisse mais para as pessoas com quem convive.

EU CEGO: Esta é nossa área cega. Aquela área de nossa vida que desconhecemos em relação ao que os outros percebem de nós. Quando temos um baixo nível de relacionamento interpessoal, a tendência é que as pessoas não exponham o que pensam de nós, e com isso ficamos sem ter feedback. Ficar mais atento às mensagens transmitidas pelas pessoas em relação a nós, ajuda a diminuir esta área do eu cego.

EU DESCONHECIDO: O eu desconhecido compreende o campo de nosso inconsciente, daquilo que tanto você desconhece sobre si mesmo, como também os outros desconhecem sobre você. Desenvolver um maior autoconhecimento através do estudo de suas próprias atitudes, muitas vezes sem nexo aparente, ou se necessário através de análise pode ajudar muito a diminuir está área em sua vida.


COMO USAR A JANELA DE JOHARI

Para desenvolver nossa imagem de forma clara e adequada às exigências profissionais de nossos dias é fundamental que trabalhemos melhor nosso autoconhecimento, procurando ampliar a área do EU PÚBLICO e diminuir as áreas do EU CEGO, do EU FECHADO e do EU DESCONHECIDO.

O desequilíbrio, entre estas áreas, certamente irá prejudicar sua carreira profissional, como também sua vida e relacionamentos pessoais.

Como orientação básica oferecemos a seguir um conjunto de sete dicas para melhorar nosso posicionamento pessoal, baseado no estudo da Janela de Johari:

1) Faça um levantamento de todas as características positivas e negativas sobre sua pessoa;

2) Seja transparente, torne público o maior número de características sobre sua pessoa no seu ambiente de trabalho e pessoal, tomando o cuidado de não prejudicar sua imagem expondo informações desnecessárias e inadequadas ao contexto;

3) Mantenha um grupo restrito de pessoas no trabalho e na vida pessoal em que possa compartilhar um número maior de informações recíprocas, isto gera confiança mútua e possibilita uma maior abertura pessoal;

4) Procure dar abertura às pessoa para falar de você mesmo, peça feedback, procure deixar as pessoas à vontade e com liberdade para falar sobre você, assim, diminuirá a sua área cega, pelo menos saberá mais o que os outros acham de você e poderá se beneficiar dessa informações, corrigindo erros;

5) Pergunte mais às pessoa sobre si mesmo, e preste bastante atenção nas respostas;

6) Desenvolva alguma forma de auto conhecimento, leia mais sobre o assunto, descubra-se mais, conheça-se mais;

7) Defina todas as área que precise mudar, e crie disposição e vontade para fazer a mudança.

Para se construir uma imagem positiva no campo pessoal ou profissional é necessário perceber a diferença existente entre a imagem que as pessoas têm de nós e a nossa própria percepção pessoal. Diminuir esta diferença é o objetivo.

Desejamos construir uma imagem positiva a ser apresentada às pessoas e às organizações onde ou com quem trabalhamos. Isso depende de um programa pessoal de autodesenvolvimento baseado no estudo e na prática de atos corretos e equilibrados sob a ótica social. Após isso, quanto mais conseguirmos transmitir uma imagem próxima daquilo que realmente somos aos outros, mais conhecidos seremos de modo coerente e, assim, conquistaremos mais lealdade e participação das pessoas em nossa vida.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473