23 de set. de 2007

POR QUÊ AS EMPRESAS DAS REGIÕES DE LONDRINA E MARINGÁ TÊM DIFICULDADE PARA CRESCER?

ABRAHAM SHAPIRO

Acabo de finalizar um estudo que denominei “Levantamento das Principais Causas de Limitação ao Clima Organizacional e ao Desenvolvimento de Empresas das regiões de Londrina e Maringá", no qual analiso fatores comportamentais que dificultam o bom relacionamento interno e a expansão de negócios de empresas do porte e cultura encontrados nestas regiões.

Sob o formato de um diário, registrei ao longo de dez anos as principais observações colhidas de conversas com líderes empresariais. As narrativas importantes e casos emblemáticos somei às minhas consultorias e constatei um padrão repetitivo de fatores em uma amostra significativa deste universo de empresas regionais.

As informações apontaram a comunicação como maior responsável por impactos negativos nas organizações. Passo a esclarecer a seguir.

Há dois tipos de contabilidade na empresa: a contabilidade externa e a interna. A externa é aquela que se ocupa com os relatórios, com a técnica e com os detalhes. A interna se ocupa com os pensamentos, o conhecimento, o comportamento e a percepção das pessoas que integram a empresa.

Dos olhos para fora é a contabilidade externa – necessária e de múltipla utilidade. Mas a interna – dos olhos para dentro – é fundamental.

Pense, por exemplo, em uma empresa de 100 milhões de reais de faturamento ao ano, cujo planejamento das ações anuais cai numa gaveta onde ninguém quer lê-lo por falta de entendimento de seus objetivos. Isso lembra aquela célebre questão filosófica que pergunta qual o som de uma árvore que cai na floresta onde ninguém pode ouvi-la.

Para ter efeito, toda informação necessita ser digerida pela consciência de um indivíduo. Na empresa, o processo deve ir mais longe. As pessoas devem encontrar uma interpretação coletiva que integre as interpretações individuais. Essa integração é uma das atribuições do líder. E a chave para se conseguir isso é o domínio da comunicação.

No entanto, ninguém está disposto a investir tempo em explicações e conversas, ou seja, a comunicação não é prioridade. Por quê? Acredita-se que ela ocorrerá naturalmente, sem qualquer esforço ou orientaçào. É um erro grave. Comunicação em negócios não é simples blá-blá. É uma competência. E como tal, precisa ser desenvolvida, estudada. Em termos mais simples, comunicação é uma habilidade. Quem não a tem, pode adquirir – com esforço, é claro.

As conseqüências disso aparecem nos resultados. Se não existe entendimento interno em relação às propostas, metas e alvos, como será possível estabelecer comunicação satisfatória com o cliente? Faltarão confiança, persuasão e, portanto, resultados.

Na prática, um cenário de negócios baseado na comunicação natural é sempre negativo. E, conseqüentemente, ninguém se compromete com aquilo que desconhece.

Enfim: sem comunicação perdem todos. E perdem realmente. Quão felizes e ricos seríamos se pautássemos nossa cultura e comportamento sobre a máxima que nos aconselha a “falar tudo o que valer mais do que ficar calado”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473