5 de set. de 2007

A CIÊNCIA DA AUTO-ESTIMA

Aida Veiga, Rachel Campello, Suzane Frutuoso e Tânia Nogueira

Um dos pioneiros no estudo da auto-estima, Nathaniel Branden explica como ela está ligada à felicidade

Há cerca de 30 anos, os pesquisadores começaram a isolar uma característica desenvolvida em algumas pessoas, hoje genericamente conhecida como auto-estima. Segundo os especialistas, há fortes evidências de que a auto-estima esteja associada a um sentimento que todo mundo procura: a felicidade. Outro ponto pacífico é a importância da auto-estima. Eles alegam que quem tem respeito e amor-próprio, tende a ver os outros com os mesmos olhos. Assim, os relacionamentos pessoais e profissionais fluem melhor.

Um dos pioneiros nesse campo, Nathaniel Branden define a auto-estima como a capacidade de lidar com os percalços da vida. Ele a compara ao sistema imunológico.

Uma pessoa com a imunidade fortalecida não está 100% protegida de doenças, porém tem mais facilidade para repelir os problemas, condições de combater enfermidades e se recuperar mais rapidamente. Indivíduos com a auto-estima elevada, segundo Branden, também não estão livres de sofrimento e tristeza. Mas são mais capacitados para superar frustrações e lidar com desafios emocionais. "No mundo de hoje, precisamos desse sentimento em alta para sobreviver", afirma.

Uma das questões que geram debate diz respeito à possibilidade de cada um desenvolver sua auto-estima. Há uma linha de pesquisadores que defendem a tese de que eventos ocorridos na infância, episódios traumáticos e situações de alegria são decisivos na formação dessa característica.

Para outros, os indivíduos teriam condições plenas de construir uma auto-estima elevada a despeito das marcas do passado. Nathaniel Branden é um dos defensores dessa segunda teoria. Ele credita aos pais e professores um papel importante na formação da auto-imagem. Porém, ressalta que o homem não é apenas uma massinha a ser moldada por forças externas. "Não podemos desprezar a nossa criação. Mas não é produtivo culpar os pais por tudo. Chega um momento em que precisamos largar o título de filho e assumir novas responsabilidades."

"Indivíduos com auto-estima elevada não estão livres de sofrimento e tristeza, mas são mais capacitados para superar frustrações e lidar com desafios emocionais"

Fortalecer a auto-estima não é um processo fácil ou rápido. Segundo Branden, o resultado é a conseqüência de um exercício diário baseado em seis pilares: viver conscientemente, se aceitar, ter responsabilidade, ser assertivo, seguir propósitos e manter a integridade. "A auto-estima é um desafio que exige que o indivíduo escute sua intuição e respeite suas sensações", conclui.

Uma questão sempre levantada é se o excesso de auto-estima não seria sinônimo de arrogância. O psicólogo explica que não. A arrogância é justamente uma demonstração da falta de autoconfiança, uma compensação pelas inseguranças. "Assim como saúde, auto-estima elevada nunca é de mais", diz.