Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 22/11/2010,na coluna Profissão Atitude,
em Empregos e Concursos
ABRAHAM SHAPIRO
“Eu até fiquei preocupado!” – diz o funcionário com ar inocente ao gerente, no dia seguinte a uma falta ao trabalho. “Houve um problema em toda a rede telefônica do meu bairro, e a bateria do celular pifou” – conclui ele.
O assunto em pauta é “desculpas”.
Conclusão 1: O mundo está repleto de inventores com altíssimo nível de criatividade.
Conclusão 2: Algumas pessoas levam metade da vida dizendo o que um dia irão fazer. E a outra metade explicando por que não o fizeram.
Você pode errar muitas vezes. É humano. Todos estão geneticamente determinados a aceitar isso. Os seus erros não serão fracasso algum enquanto você não criar desculpas e começar a culpar outros. Falando de outro modo: é admissível que você caia. Mas sua queda só representará um real fracasso a partir do instante em que você disser que caiu porque alguém o empurrou.
Não se preocupe com quem você elogia. Porém, tome cuidado com aquele sobre quem você lança a culpa de suas falhas.
No que tange à luta pela sobrevivência, a maior lição que se pode aprender e praticar é: “mesmo tendo encontrado uma ótima desculpa, não fazer uso dela é excelente”. Pessoas omissas se especializam em justificativas. Sempre haverá desculpas às mãos dos idiotas e fracos.
Não existe espaço grande o bastante e nem memória de computador suficiente para armazenar as desculpas que são dadas a cada momento. É vero, pois, bem mais fácil é arrumar uma desculpa do que tempo para fazer o que deve ser feito. Homens brilhantes acham tempo para fazer o que é preciso, e jamais desculpas.
Quando você comete um erro e cria uma desculpa com que o justifica, erra duas vezes. A raposa culpa a armadilha, e não sua inépcia ou distração.
Não reclame. Não se explique. Admita o seu erro. Isso tem o poder de zerar o saldo negativo de sua dívida moral perante todos à sua volta. E lhe dá o direito a uma nova chance, já que fazer bem feito é uma expectativa de todos. Será bem mais fácil do que encontrar um álibi por não ter acertado. Mais decente também.
O tempo evolui, e junto dele a ciência e a tecnologia. A criatividade para engenhar pretextos acompanha esta tendência.
Desculpas não envelhecem. Mudam a roupa, o endereço, e até passam por uma plástica de vez em quando. Elas parecem sempre jovens e atraentes. Sua natureza falsa, contudo, continua lá, sempre igual, imutável.
Há tempos alguém já disse com grande sabedoria e conteúdo: “Desculpa que é desculpa – não adianta – tem sempre jeito de esfarrapada!”
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473