2 de jun. de 2014

A SAUDÁVEL SOLIDÃO DA GERÊNCIA

ABRAHAM SHAPIRO


FOLHA DE LONDRINA, 02 de Junho de 2014 - Toda gerência envolve um certo grau de solidão dentro da organização. Eu escrevi "solidão", sim! Você não esperava? Pois saiba que esta é só uma parcela de todo o preço que se paga por um cargo de liderança.
A ideia apavora não só os novatos, como também alguns veteranos que se deixam confundir com falsas ideias da administração romântica e politizada de pessoas – coisas de RH´s mal formados em estratégia e negócios e que precisam desesperadamente de uma teoria qualquer no que se apegar para se manterem no cargo.  E para vencer este receio, aqueles gerentes medrosos passam a agir igual a seus subordinados.
Só que ao procederem deste modo, eles perdem o maior atributo da gerência: o respeito dos subalternos.
O Rei Salomão aconselhou: “Arreda logo o pé da casa do teu amigo”. Isto nos ensina que a familiaridade é mãe do desprezo, o que, infelizmente, é a mais pura verdade.
Os subordinados desejam sentir respeito pelo chefe. Eles querem também perceber que ele é bem informado. Quando o gerente está excessivamente próximo de seu pessoal, ele se sente tentado a expressar sua opinião sobre muitos assuntos fora do propósito de seu cargo.
Se os subordinados não concordarem com suas opiniões, seu desprezo pelo julgamento do chefe nessas áreas controversas tende a se estender até suas atitudes para com as opiniões em temas relacionados ao serviço, onde é essencial que a opinião do superior prevaleça.
Resumindo: o desejo do gerente ser apreciado em vez de respeitado é a raiz dos males que irão comprometer frontalmente sua liderança amanhã e depois de amanhã.
Pesquisa feita na década de 1980 e repetida em 2012 nos Estados Unidos e Canadá com mais de 3.500 gerentes bem sucedidos indicou que, ao analisarem o começo de suas carreiras – antes de chegarem ao posto de gerentes – consideravam como mais eficientes os gestores que podiam ser descritos como: “Justo, mas firme”!
Ao gerente que me lê, vai a minha advertência. Saiba e mantenha a consciência de que você terá de amargar momentos de afastamento da sua equipe e conter-se quanto a falar de tudo, a toda hora. Cale-se! Espere o momento propício tanto para abrir a sua boca quanto principalmente para estar próximo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473