14 de ago. de 2012

COACHING DEVE SER VISTO COMO FORMA DE DESENVOLVER LIDERANÇAS

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Letícia Arcoverde | Valor
O coaching visto como ferramenta de aceleração de lideranças, sem o estigma de saída para consertar problemas pontuais, e como grandes empresas adotam a prática na cultura da organização. Esses foram os principais assuntos discutidos no fórum da International Coach Federation (ICF), que aconteceu ontem na 38ª edição do Conarh, Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, em São Paulo.
Com origem familiar, 110 anos de história e cada vez mais presença internacional, a produtora de aços Gerdau instituiu um programa de coaching há um ano, após uma pesquisa para identificar os espaços onde o desenvolvimento de lideranças precisava ser acelerado. O programa acontece no Brasil, Estados Unidos e começa a ser desenvolvido em outras unidades da América Latina. “Faz parte da gestão de sucessão”, explica a diretora de desenvolvimento de pessoas Denise Casagrande.
Os executivos participantes são mapeados por comitês, que buscam identificar profissionais com potencial para seguir carreira e assumir cargos de liderança. “O trabalho de coaching serve para assegurar que o líder esteja preparado para futuros desafios”, explica o presidente da ICF global, o argentino Damian Goldvarg. Além de desenvolver lideranças, a melhoria da produtividade e do trabalho em equipe são questões que podem ser tratadas com o uso da ferramenta. A ICF possui um programa de credenciamento para coachs, que já reúne oito mil no mundo todo. A federação está presente no Brasil há três anos.
Na Natura, a gerente de desenvolvimento Marisa Vieira Godoi explica que o coaching é um aliado a mais na capacitação de pessoas em um momento em que a empresa registra alto crescimento – e que ela chama de “grande revolução”. “Ter alguém de fora para desenvolver comportamento e competências, e ajudar nesse momento de transição, é algo que tem papel de destaque na empresa hoje”, explica.
Já o Comitê Rio 2016, responsável pela organização dos próximos Jogos Olímpicos, aposta no coaching para lidar com as diferentes origens dos profissionais que fazem parte da equipe, que inclui executivos vindos de diversos tipos de empresas, organizações governamentais e esportistas. Ao mesmo tempo, a gerente geral de RH Elizabeth Correia explica que o comitê assume tanto um caráter de empresa multinacional – pela relação direta com o Comitê Olímpico Internacional – quanto de organização pública, por lidar com os governos municipal e federal. “Um dos desafios é como lidar com essas diferenças e sutilezas”, diz. No Comitê Rio 2016, o programa de coaching tem duração de seis meses e inclui o presidente e os diretores.
Denise diz que é preciso acabar com a ideia de que as pessoas que recebem coaching estão lá porque “é a última chance” e que a prática serve apenas para resolver problemas pontuais. Uma solução, de acordo com ela, é mudar a forma de como a ferramenta é apresentada. “Na Gerdau, por exemplo, o foco do programa é o desenvolvimento”, diz.