10 de set. de 2010

FALEMOS DE SALÁRIO

ABRAHAM SHAPIRO

Um empresário de S. Paulo entrevistava candidatos para a posição de engenheiro em sua empresa. Ao final de uma das entrevistas ele pergunta a um jovem recém-formado numa das melhores universidades do país, "E qual é o salário inicial que você está procurando?

O engenheiro diz: "Para mim, algo em torno de 15 mil reais ao mês, fora o pacote de benefícios".

O empresário então lhe diz: "Bem, o que você diria de um pacote de benefícios com cinco semanas de férias, plano de saúde e odontológico, fundo de aposentadoria integral correspondente a 50% do salário, carro por conta da empresa renovado a cada 2 anos?”

O engenheiro move-se na cadeira e, surpreso, declara: "Uau! O senhor está brincando?"

E o empresário: "Sim, estou. Mas foi você quem começou."

A pergunta sobre o salário pretendido talvez seja a mais difícil para entrevistadores e entrevistados. Quando feita no momento errado, torna-se no mínimo inútil, podendo prejudicar ambos os lados, até porque salário - no conceito restrito da palavra - deixou de ser a única forma de remuneração.

Benefícios, como plano médico e odontológico, restaurante no local de trabalho ou auxílio refeição, transporte, e outros, podem chegar a representar cerca de 30% de um salário-base. E com um lucro a mais: sem desconto de imposto de renda. Isso tudo sem falar nas situações em que se soma a participação nos resultados.

Portanto, conseguir o salário pretendido pode não ser o melhor, mesmo porque, se após isso ele ficar congelado pelos próximos cinco anos, não será um bom negócio.

Outras condições como segurança no trabalho e estabilidade podem ser igualmente importantes para a satisfação e sobrevivência no novo emprego.

Via de regra, o ponto de partida para definir a remuneração pretendida pode e deve ser o último salário – somado ao pacote de benefícios, bonificação e demais condições. Isto, aliás, é um fato. Ambas as partes podem então definir qual remuneração será simultaneamente atrativa ao candidato e alinhada à política da empresa, ou seja, negociação seguida de consenso.

Importante nessa hora é ser mais inteligente do que assertivo. Uma resposta sábia pode ser mais atraente do que falar um número.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473