25 de jun. de 2010

PEQUENAS FRAUDES, ROUBOS E OUTROS DESVIOS EM EMPRESAS

ABRAHAM SHAPIRO

Meu relacionamento com o presidente daquela cooperativa era excelente. Ele sempre me procurava em busca de conselhos, assim como seus diretores. Certo dia eu soube que não contratavam a minha consultoria por um veto pessoal do vice-presidente. Pesquisei as razões e descobri que além de incompetente confesso, ele sustentava seu cargo através da troca de favores com outros cooperados. E mais. Ele mantinha o hábito de levar, sem registro ou pagamento, mercadorias da cooperativa no porta-malas de seu carro. Todavia, a seus próprios olhos ele era honesto e ético e até exaltava estas suas características em voz alta, sem jamais enrubescer.

Diferentes modalidades de roubos ocorrem todos os dias na maioria das empresas, senão em todas. Furtar tempo produtivo é o mais clássico. Infindáveis conversas no cafezinho, parada para o cigarro, uso indevido do MSN, e fazer nada estão no mesmo nível.

O supervisor de vendas uma empresa retorna de suas viagens às 4as-feiras e, deitado em sua cama, liga para o chefe como se ainda estivesse na estrada. Prolonga seus fins de semana a essas custas e, de sobra, destaca notas fiscais frias em hotéis e restaurantes para engordar o reembolso de seus acertos. Diz que isso é o  patrocínio do churrasquinho e da cerveja de  sábado. O curioso é que, por ser da mesma religião dos diretores, ele sente-se no direito de agir assim. E age. Sem pudor algum.

As pessoas banalizam e minimizam o conceito de honestidade quando se trata dos bens e patrimônio da empresa. Alimentam uma falsa isenção de culpa e acham correto apropriar-se de uma caneta, do uso particular da máquina de fotocópias, ou da impressora sem remorso que lhes faça refletir no verdadeiro significado disso.

Como evitar estas pequenas fraudes? Mantendo o controle rigoroso da compra e distribuição de material de consumo interno, catalogando cada item e responsabilizando uma única pessoa para administrá-lo. Outra oportunidade está em codificar acessos a máquinas e equipamentos. Controlar estoques de produtos fabricados, nem se fala. E você pensa que  só naquela cooperativa não o fazem? Engano seu. Muitas empresas só fabricam. Mas são desorganizadas a tal ponto que não dão conta dos desvios que ocorrem. E depois se matam para reduzir custos.

É claro que uma consultoria que levantasse as falcatruas naquela cooperativa não seria e não será bem-vinda enquanto o tal vice for mantido por sua "base eleitoral".

Por enquanto, aprendamos que quando as pessoas falam e agem, seus motivos nem sempre são aparentes. Quase sempre elas têm intenções suspeitas por baixo de roupas lícitas, e muito mais quando elas costumam repetir mantras de que são éticas e corretas. Saiba que no fundo de uma mente excessivamente apegada à moral, habitam desvios que jogam sujo com a inocência dos tolos. Que você não seja um desses tolos.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473