8 de jun. de 2010

AS VERDADEIRAS BASES DA EDUCAÇÃO

ABRAHAM SHAPIRO

Educadores, professores, mestres, para mim, são status muito próximos de uma profissão de altíssima utilidade para a sociedade. Muito mais nos dias de hoje.

Eu cresci valorizando o professor – seja a professora do jardim de infância, um mestre universitário com títulos de doutorado em países do primeiro mundo, chegando, é claro, à cabeça, onde se encontram os grandes e eminentes rabinos que me ensinaram a Torá, o Talmud e a Cabalá, os fundamentos da minha fé e crenças.

De tudo o que aprendi a admirar num professor, conhecimento e técnica de ensino não estão no topo da lista. Venero em primeiro lugar a coerência.

Logo depois de tornar-me pai enfrentei, de fato, a condição de professor, já que eu e minha família fomos morar numa cidade onde não tínhamos uma escola Judaica, e fiz-me orientador de meus filhos em todos os assuntos de que tinham e teriam necessidade para viver nos caminhos da nossa religião - que não são fáceis e requerem instrução permanente.

Esta experiência certamente foi muito mais importante para mim do que para eles - especialmente no que se refere ao entendimento da vida. Isto é que partilho, hoje, com você, meu leitor ou leitora. Por favor, leia bem. Leia duas vezes, se preciso for. Aqui vai. De tudo o que ensinei a meus filhos, observei, depois de algum tempo, que eles só abstraíram as coisas que me viram fazer. Toda a teoria, tudo o que se resumia a palavras ou ensinamentos verbais evaporou quase integralmente, ficou muito pouco. Por outro lado, as coisas que eles me viram fazer, o que me viram pôr em prática, isto sim, adotaram para si e, de fato, aprenderam.

Tenho uma amiga que trabalha na área administrativa de uma importante escola particular da cidade. Dia desses, num bate papo rápido, ela mostrou-se indignada com as grosserias dos professores. Segundo ela, não poupam palavreado baixo e displicente, adotam atitudes incoerentes e dissonantes ao que se propõem ensinar. Seu português verbal e escrito é péssimo, e suas atitudes piores ainda. A escola é reputada entre as mais “fortes” de toda a região. A razão de sua revolta estava em constatar quanto seus alunos os imitam. Esta falta de consciência talvez resulte em profissionais que trabalham apenas a troco de um salário, e não por amor incondicional à profissão. Podem vir de quem não tem um objetivo que se eleve acima dos vencimentos mensais que lhe remunere.

Não adianta pensar de outra forma ou esperar algo diferente. Ensinar, educar, preparar para a vida, são atividades que só produzem frutos verdadeiros e doces quando existe a pré-disposição de fundamentá-las sobre três únicos alicerces - e não outros. E eles são : exemplo, exemplo e exemplo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473