21 de jun. de 2010

A CÁPSULA DO TEMPO

PROGRAMA "FANTÁSTICO", REDE GLOBO, 20.06.2010

Dez anos atrás, um grupo de jovens fez esse exercício de "prever" o futuro. Será que tudo o que eles esperavam virou realidade?

No ano 2000, um grupo de adolescentes com 14 e 15 anos estavam cheios de sonhos para o futuro. O psicólogo Caio Feijó, na época, professor da turma, pediu que os alunos escrevessem como imaginavam que estaria o mundo e a vida deles dali a 10 anos.

Os envelopes foram colocados em uma caixa, uma cápsula do tempo, programada para ser aberta apenas em 2010.

Dez anos depois, chegou o momento de abrir a cápsula do tempo. O grupo marcou um encontro em um teatro. O que será que aconteceu com todas aquelas certezas, típicas de adolescentes que eles tinham nos anos 2000? Vamos ver.

“Eu não lembrava de nada. Eu não lembrava que nem existia cápsula”, conta o empresário Vinícius Coelho. “Todos os anos, eu lembrava: faltam nove anos, oito anos”, diz a advogada Paula Fernandez.

O encontro começa com uma projeção do vídeo gravado dez anos atrás. E chega a hora de abrir a caixa do tempo. “Era internet de escada. Não podia ficar muito tempo”, afirma a nutricionista Flávia Cavassim.

“Antigamente, para nós fazermos os trabalhos escolares, nós tínhamos que marcar para ir a uma biblioteca para você buscar o livro”, lembra o representante Marcelo Sartório.

Dentro dos envelopes, eles encontram desde embalagem de bala de coco até fotos do ator Leonardo DiCaprio e dos Backstreet Boys.

“No futuro, eu pretendo montar uma banda e fazer muito sucesso”, o engenheiro Fernando Borotta lê a carta que escreveu na época. “Hoje, eu toco só um violãozinho”.

“Eu queria ser jornalista e acabei mudando e fazendo Direito”, revela a advogada Angélica Ruiz. “Eu pensava que em dez anos que eu ia estar rica, com carro”, conta a enfermeira Thatielle Orlando.

“Eu sonho em ser jogador de futebol profissional”, o engenheiro Ricardo Trevisan lê a carta que escreveu em 2000. “Minha grande paixão é sapatear. Me sinto completamente realizada quando danço”, diz a carta da advogada e professora de dança Tharine Vieira. E ela conta que dança e dá aula todos os dias.

Para alguns, o reencontro com o passado foi difícil. “Não consigo nem enxergar o que escrevi. Eu falei que gostava muito dos meus pais, e a minha mãe faleceu”, se emociona a advogada Helise Dietrich. “O adolescente não dá tanto valor à família. Se eu pudesse, eu teria passado mais tempo com ela. Não teria tanto falando em Backstreet Boys, teria mais dela”.

“Eles descobriram que a família tem uma importância. Quando você tem 14 anos, você não dá o devido valor a essa importância”, afirma o psicólogo Caio Feijó.

Eles descobriram também que o primeiro amor nem sempre é o maior de todos. “Eu tenho 99,9% de certeza que eu vou ficar com o William”, Mariana Graciano diz no vídeo gravado em 2000.

Marina casou, sim, mas com o Cristiano Blank. Ela queria ser jornalista e até se formou. “Eu decidi não trabalhar, porque ela (a filha) era muito pequena, até hoje eu paro muito para pensar o que vale mais à pena: educar bem um filho ou ter a minha vida profissional realizada?”, diz a jovem.

Foi na casa da nutricionista Flávia Cavassim que a cápsula do tempo foi fechada. “Quanta coisa mudou em dez anos. Como eu mudei, as pessoas mudaram”, diz a jovem.

Flávia não esperava estar morando com os pais. “A família também esperava que ela já tivesse casado”, brinca Edson Cavassim, pai dela.

“Quando você é adolescente, você acha que vai sair cedo de casa, porque você está acostumado a ganhar uns R$ 20, R$ 50 de mesada. Não tem essa dimensão das coisas, quanto é para manter uma casa, para manter um filho”, declara Flávia.

Estudantes do Rio de Janeiro vão repetir a experiência do pessoal de Curitiba. No final, tudo o que eles escreveram vai para a cápsula do tempo do Fantástico.

“As pessoas no mundo de 2020 vão estar mais preocupadas com o meio ambiente”, aposta Lorena Resende, de 14 anos. “Vai ser tudo controlado pela tecnologia”, afirma Marcelo de Magalhães, de 14 anos.

“A televisão já vai ter cheiro”, acredita Natasha Gomes, de 15 anos. “As roupas no futuro vão ser descartáveis para poder economizar mais água. Você vai usar e vai jogar fora”, diz Oscar Gonçalves, de 14 anos.

O pessoal também separou fotos, cartinhas, hino de time de futebol e até um celular. “Eu vou botar um negócio importante na cápsula do tempo, para ver se vai ter tanta importância, para ver o que mudou”, declara Letícia de Carvalho, de 14 anos.

Pronto, cápsula lacrada. Então, até 2020.