Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 01 de julho de 2013, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.
ABRAHAM SHAPIRO
Em 2011, uma notícia rodou o mundo. Vinte e três funcionários da empresa France Télécom já haviam se suicidado em dezoito meses. Nos dois casos que ganharam maior evidência, um se atirou de uma janela do prédio da empresa e o outro morreu de overdose de soníferos. O próprio presidente da república da época, Nicolas Sarkozy, entrou no assunto e pediu a seu ministro do trabalho que intimasse o diretor da empresa exigindo mudanças radicais na gestão de pessoas. Todas as transferências e demissões foram imediatamente suspensas. Psiquiatras foram colocados à disposição dos funcionários 24 horas por dia. Um empregado que se esfaqueou em uma reunião de rotina e conseguiu sobreviver disse ao jornal Libération que “a ganância e as pressões psicológicas da empresa eram responsáveis pela onda de suicídios".
Conheço empresas cujos funcionários só não começaram a se suicidar ainda. Suas vidas estão em ruínas em consequência de seu trabalho. E não se trata de salário. Nem de quaisquer benefícios financeiros. Mas de respeito, de gestão do tempo, de entendimento mínimo do que é um ser humano.
Um responsável pelos Recursos Humanos de qualquer companhia está nesta função para cuidar do capital humano. O que significa? Em instância básica: propor soluções viáveis aos problemas que impedem as pessoas de terem, em seu trabalho, condições mínimas para atingir seu potencial e, se possível, realização.
No entanto, muitos dos profissionais deste setor da organização – não todos, tenho de dizer – julgam que, fazendo isto em situações adversas à filosofia do patrão, porão seus cargos em risco.
O que fazem, então? Ignoram seu papel ocupando-se de atividades que levam “do nada a lugar nenhum”, dando a todos parecer que isto é gestão de RH. Soma-se ainda, a falta de preparo técnico para entender o negócio em que a empresa atua: a produção, o atendimento, as vendas, o marketing e a relação com clientes. Sem esta compreensão clara, como podem propor soluções a problemas?
Há os que se atêm às questões trabalhistas. Estes ainda trazem alguma vantagem à empresa, apesar de que seu nome correto deveria ser Responsável por Departamento Pessoal, e não Gestor de Recursos Humanos, Gestor de Pessoas ou de Talentos Humanos. Mas o que dizer dos que se perdem em meio a amenidades e a queimar seus orçamentos com palestras e consultorias sem nenhuma utilidade para qualquer forma de vida deste planeta?
Devo ser justo em repetir: NÃO SÃO TODOS RH´S QUE SE ENQUADRAM NESTE CENÁRIO. A inépcia de um sem-número deles, no entanto, explica o caos e o desleixo em que vivem os colaboradores das empresas onde fingem gestão. São débeis para o exercício de uma função cuja importância se expressa na responsabilidade de estabelecer o mais perfeito alinhamento homem-trabalho possível.
Como identificar os falsos e verdadeiros RH´s?
Frente a problemas, os RH´s competentes lutam e removem obstáculos de modo estratégico, prático e maduro. Os incompetentes porão a culpa nos demais gestores, nos processos, no histórico da organização e na intransigência do diretor. Criticarão a própria empresa a colegas de fora e estarão em constante busca de uma recolocação. Além disso, você os verá passarem o expediente de cada dia sentados em cadeiras confortáveis, em suas salas refrigeradas. De empresa em empresa, constroem sua pseudo-carreira sem jamais realizar algum valor mensurável.
É passada a hora de reinventar a formação e o desenvolvimento de gestores de RH. Pois então, que os competentes de hoje assumam as mudanças e a inteligência, antes que seja tarde.______________________
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473