13 de nov. de 2009

INSTRUÇÕES PARA OS PLANOS DE 2010

ABRAHAM SHAPIRO

Quando o fim do ano se aproxima, chega o tempo de esperança. A atmosfera se renova com um novo ar. As pessoas ficam ávidas por renovação e derrubam resistências. Têm mais fé.

O cenário da festa de Ano Novo é em geral curioso e único. Gente extasiada, cheia de encanto pela importância da data, expressando vibrantes votos e desejos, boa comida e bebida, amigos, parentes, familiares, tudo ajuda na proposta de um tempo novo de grandes oportunidades e sucesso.

As pessoas perguntam: “Planos de fim de ano funcionam?” Resposta: “Quase nunca”. Razões? Basicamente duas. A primeira: são feitos para um prazo longo demais. Segunda: ninguém se lembra de contabilizar os recursos que deverão ser empregados na sua realização.

PRAZO

Um ano é muito tempo. Doze meses, 365 dias, 8.760 horas. a cada minuto coisas demais acontecem, escolhas são feitas, crenças são geradas e novos rumos estabelecidos.
Na realidade objetiva, cada novo segundo é o início de um ano novo. Ele já está ai. Uma data em si nada tem de diferente, pois o tempo é vazio – nós o preenchemos.
Mudar o calendário não faz a vida tornar-se cor-de-rosa ou azul. Roupa branca, ir à praia, saltar sete marolas ou comer grãos de romã são elementos que, no máximo, despertam a consciência para o reinício de um ciclo. São apenas signos, superstições, costumes, sem qualquer poder em si, por mais fé que se tenha e por mais insano que seja ter fé em coisas.

Quase todos esquecem de que o modo como vemos os fatos, inegavelmente faz toda a diferença. Não podemos evitar que o carro enguice, que o avião atrase ou que chova forte numa sexta-feira à noite, mas o modo como reagimos a tudo isto, só depende de nós e irá determinar a qualidade de vida que nós e os demais teremos em consequência disso.

O tempo flui, segundo a segundo. Não há números que o distinga. Na primeira manhã de janeiro, nada terá mudado além dos marcadores de tempo - padrões convencionados. A vida e as nossas ações não distinguem isso.

PLANOS

Se você vai fazer planos e espera que funcionem, a providência mais inteligente é diminuir o prazo a que se aplicam. Warren Buffet, um dos milionários mais inteligentes da atualidade,costuma dizer: "Eu não tento saltar barreiras de dois metros de altura. Prefiro procurar as de trinta centímetros que eu posso transpor com apenas um passo". Planos devem ser simples, práticos e fáceis de ser empreendidos em curto espaço de tempo.

A regra é: “Não faça planos para um ano inteiro”. Cada hora tem importância. Metas simples e alvos próximos são mais fáceis de se alcançar. É melhor dez pequenos sucessos por dia do que um grande acerto por semana. Esta contabilidade produz energia positiva para a continuidade do processo. Se suas metas forem trabalhadas semanalmente, você chegará a um mês com muitos sucesso somados e, então, seu ano será bem sucedido. Este é o segredo.

MUDE SEU MODELO MENTAL

A unidade básica de medida do sucesso na vida não é o tempo, mas a atitude. É o nosso comportamento e o processo decisório que adotamos que determinam o que somos, quem somos e como estaremos no futuro.

Uma metáfora significativa é um cofrinho que se enche com moedas. É de uma em uma que se consegue isto. Nossos atos e os resultados que obtemos através deles a cada minuto ou decisão constróem o sucesso de todo um dia. Portanto, o sucesso de um ano todo corresponde à soma de sucessos que somos capazes de juntar, um a um, em todas as áreas da vida, a cada mínima fração do tempo. Para os que desenvolveram a habilidade de aprender com tudo, até os erros e prejuízos se transformam em ganhos. Tudo depende da conduta, da atitude e do modo como se vêem os fatos.

OS RECURSOS

Nosso estado interior é determinante.

Há estados que habilitam – confiança, amor, força interior, alegria, êxtase, crença – e deixam sair grandes mananciais de poder pessoal e realizações. Há, também, os estados paralisantes – confusão, depressão, medo, ansiedade, tristeza, frustração – que nos deixam sem poder.

Todos nós entramos e saímos de bons e maus estados. Entender nossos estados é a chave para promover mudanças e conseguir excelência.

Sempre fazemos o melhor que podemos com os recursos de que dispomos. Mas, algumas vezes, nos encontramos em estados sem recursos. A chave, então, é tomar conta de nossos estados e, assim, termos poder sobre nossos comportamentos. E isso é possível.

A participação de nossa fisiologia é de grande peso. Coisas como tensão muscular, o que comemos, como e quanto respiramos, nossa postura, o nível global de nosso funcionamento bioquímico – enzimas, hormônios, glicemia, etc – provocam impacto importante sobre nosso estado e, por conseguinte, influenciam nosso comportamento.

Pensando bem, a maioria de nossos estados interiores acontece sem qualquer direcionamento consciente de nossa parte. Vemos alguma coisa e respondemos a ela entrando num estado positivo ou negativo sem fazer um balanço de quais serão as conseqüências disso. Assim, nossos planos se frustram. Sem controle de nosso estado, acabamos agindo de modo contraditório à esperança com que fizemos nossos planos no início do ano.

A diferença entre os que falham em realizar suas metas na vida e os que são bem-sucedidos é a exata diferença entre aqueles que não conseguem se colocar num estado de altos recursos e aqueles que, com segurança, se põem num estado de energia que os ajuda em suas realizações.

Isso depende de cada um. Não tem nada a ver com reveillon, com fogos de artifício, com o lugar onde estamos ou com a cor da roupa que usamos no Ano Novo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473