9 de jul. de 2014

"MINHA INCAPACIDADE" E OS FANTASMAS DA DECADÊNCIA EMPRESARIAL

ABRAHAM SHAPIRO

Em 2011, o então premiê do Japão, Naoto Kan renunciou a seu cargo – o mais importante da nação. Sua declaração me impressionou. Ele veio a público, e disse: “Percebi a minha incapacidade”.
Uau! “Percebi a minha incapacidade?” Que negócio é esse?
Era fato que seu governo não conseguiu evitar a crise na usina nuclear de Fukushima como consequência do terremoto que atingiu a região daquele país. Mas foi um terremoto! Em qualquer outro canto do planeta o governo apenas se declararia chocado, choraria com o povo e tudo bem.
Não é óbvio alguém à cabeça do governo de um país declarar “Eu percebi a minha incapacidade”.  A popularidade de Naoto Kan havia caído muito naquele momento.  No entanto, o que chama atenção em sua frase de despedida é o fato dela resultar de uma coerência quase nula, hoje em dia, da parte de gestores em geral – sejam públicos ou privados.
Posso dizer que, em muitas empresas que conheço, se o gestor declarasse “perceber sua incapacidade”, libertaria fantasmas e demônios incalculáveis aprisionados nos recônditos mais obscuros de seus espaços físicos. Isto soaria como melodia de esperança para todos os funcionários, até então impedidos de realizarem seu real potencial profissional.
Você que me lê, saiba de uma informação pouquíssimo divulgada. A maior parte – repito: a maior parte – dos problemas que subsistem dentro das empresas – situações de não venda, perda de fatias consideráveis de mercado, rotatividade elevada de funcionários, e outros –  deve-se muito mais à incompetência de gestão do que a razões externas, mercadológicas ou macroeconômicas.
Lá está a teimosia ou a inépcia de um gestor que se sente "senhor do Mundo" ou mais sábio do que o rei Salomão.
Ah, se ele reconhecesse sua incapacidade e se submetesse a um orientador, a um processo de coaching ou a uma reciclagem de conceitos, quanto lucro não voltaria ao caixa da empresa!
“Percebi a minha incapacidade” é um ato de nobreza, de coragem e decência. Lamentavelmente, é uma atitude reservada exclusiva – e tão somente – a líderes verdadeiros, autênticos. Não está para gente presunçosa e arrogante.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473