Conceder o benefício da dúvida a um sócio não é fácil. E se houver agregados na gestão, a dificuldade é ainda maior.
ABRAHAM SHAPIRO
FOLHA DE LONDRINA, 14 de Abril de 2014 - Trabalhar em sociedade é uma condição sui generis. Exige caráter, disciplina e hábitos de boa educação bem mais elevados do que a maior parte de outras formas de relacionamento interpessoal.
Muita gente pratica dietas para manter a saúde ou buscam em academias de ginástica a boa forma que sonham para si.
Surpreende, porém, constatar que pouquíssimos homens e mulheres numa sociedade buscam treinamento para otimizar a relação com o sócio. Há um mundo de práticas a conhecer para que se tenha sucesso neste modelo, e ninguém as detém por herança genética. Exatamente por isso devia ocorrer o oposto do que se vê nos empresários.
Tomemos como exemplo a cessão do benefício da dúvida. Na prática societária, isto se traduz como a predisposição em julgar o sócio positivamente.
Suponha que eu repute o meu sócio como sujeito mal intencionado. Ao ouvir qualquer consideração sua sobre determinado assunto nada do que disser tem poder de me demover desta crença, pois eu já o julguei previamente.
Se, no entanto, eu me predispor a ser imparcial – independentemente das experiências anteriores vividas junto dele –, será possível ouvir suas ideias e refletir a respeito com discernimento e lógica.
Calcule as poderosas oportunidades que se descortinam neste cenário.
Não é fácil, nem simples. E quando há agregados que participam da gestão, a situação se agrava. Consegue-se com aprendizagem e exercícios. Os ganhos a quem se esforça em alcançar a arte de conceder o benefício da dúvida estão presentes no relacionamento com sócios, com a família, funcionários, fornecedores etc.
Como estas considerações se aplicam você? Reflita sobre o seu ânimo em desenvolver em si as competências que lhe faltam para converter os seus pontos fracos em forças. Se for preciso, procure ajuda em livros ou com profissionais especialistas.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473