16 de abr. de 2014

"O HOMEM É BOM E TUDO, MAS..."

ABRAHAM SHAPIRO


Eu estava no café. Aguardava um cliente. Havia um grupo de homens na mesa ao lado. Eles conversavam sobre empreendimentos imobiliários. Eram cinco.
Após várias teses que cada um defendeu, pareceu-me terem chegado a um consenso. O café foi servido. Todos tomaram. Então, um deles pediu licença, levantou-se, despediu-se de modo respeitoso e foi-se embora.
Logo após sua saída, um dos quatro que permaneceram disse aos demais:
- “Ele é um bom sujeito e tudo. Mas é complicado. Se a gente não for firme, ele vai passar a gente pra trás!”(sic)
Eu fiquei pensando: esta pequena frase acaba de denegrir a imagem do pobre homem que saiu. Isso funciona da seguinte forma: toda vez que eu e/ou você dizemos: “O fulano é bom, é honesto, é trabalhador... maaaaaas.....”, absolutamente tudo o que for dito após este “MAS” é o que ganhará destaque na audição e na mente do seu interlocutor. No caso do discurso daquele homem, a expressão com que ele abriu sua fala: “Ele é um sujeito bom e tudo...” deixou de ter qualquer significado em função do que foi dito depois da conjunção “mas”.
“Mas”, “contudo”, “no entanto”, “porém” e toda expressão adversativa têm o poder de chamar a atenção toda para si. Elas atuam como um sinal que inspira cautela.
Além disso, é falsa bondade fazer considerações positivas como fez aquele homem na introdução de seu breve discurso. Ficou claro que não havia intenção alguma de falar bem, e sim, apenas de despertar nos demais o sentimento de atenção redobrada sobre o caráter de quem ora se falava.
Teria sido diferente se ele tivesse mostrado um ponto de vista realmente positivo, como, por exemplo: “Ele é um bom homem e bastante correto em tudo o que faz. Eu negociei com ele e observei que seus métodos são difíceis de se absorver. Por isso, eu convoquei esta reunião a fim de afastar qualquer complicação e os senhores tirarem suas próprias conclusões!”
Mais palavras teriam sido ditas, e o bem teria prevalecido sobre o mal. A boa intenção ficaria declarada por meio de uma visão realista, e não a maledicência!
Ser correto deveria ser o alvo de todas as partes envolvidas num negócio, junto de justiça e  clareza.
Se isto lhe atrai, evite usar o “mas” ou o “porém” da maneira como comentamos. Adote esta orientação e esforce-se – como eu tenho me esforçado nisso. Você verá que mais pessoas tenderão a crer nas suas colocações com facilidade e sem qualquer dúvida ou temor.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473