24 de jun. de 2011

RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS NA EMPRESA

ABRAHAM SHAPIRO

Deparei-me com um problema sério proposto por um diretor. Uma moça jovem, bonita, inteligente e competente, supervalorizada por seu chefe, claramente interessado nela. Já circulavam boatos na empresa de que os dois estavam saindo juntos.

Apesar de não tratar-se de um problema que compete à organização resolver, já que os envolvidos são adultos e, portanto, podem agir conforme sua consciência e responderem por seus atos em suas vidas privadas, o caso começava a importar a empresa devido ao fato deste suposto relacionamento passar a interferir na avaliação dos subordinados, por trazer privilégios para uma colaboradora por questões pessoais. O temor do diretor era que isso afetasse a percepção de justiça e meritocracia – condições necessárias para a manutenção das expectativas positivas e a motivação de uma equipe.

É importante compreender que o exercício eficiente da autoridade dentro das hierarquias é validado pelo comportamento moral de quem ocupa um cargo. O enfraquecimento desta condição implica na quebra de credibilidade para o exercício do cargo. Por sua vez, isso impacta diretamente na confiança entre chefes e subordinados, que ao final implica em mais conflitos e maiores custos de transação.

Além disso, há um aspecto cultural importante a ser observado. No Brasil, vida pessoal e vida profissional se misturam facilmente. Diferente do que geralmente ocorre em países de cultura individualista e igualdade social, onde a área das relações pessoais está bem definida e separada da área das relações profissionais, no Brasil, a cultura coletivista e alta desigualdade tendem a aproximar estes domínios. Isso acaba promovendo ambiguidades entre vida profissional e pessoal.

O que se aconselha a colaboradores que se sentem atingidos por situações como esta é que busquem agir da forma mais profissional possível, sem críticas diretas à relação do seu chefe com a moça.

No caso desta situação realmente começar a interferir na avaliação de desempenho dos membros da equipe, e trazer prejuízos para as pessoas, a empresa precisa acionar seus canais confiáveis de tratamento da conduta ética deste gestor – caso isso exista na organização. A situação deve ser pesada e a decisão julgada do modo mais reto e ilibado possível.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473