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Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 13/06/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos
ABRAHAM SHAPIRO
Uma linda história contada por um amigo tem lugar na Rússia dos tempos do Czar e guarda um surpreendente desfecho.
Em suas andanças em busca pelo difícil sustento, um homem pobre encontrou pelo caminho uma carteira com mil rublos. Horas depois, veio saber que o banqueiro do vilarejo havia perdido uma carteira com mil rublos, e prometera uma recompensa de cinquenta rublos a quem a achasse e a devolvesse intacta.
O pobre foi até o palacete do milionário, bateu à porta, e quando este a abriu, entregou-lhe a carteira com os mil rublos. O rico pegou-a, contou o dinheiro e disse:
-“Vejo que você já tomou posse da recompensa que prometi! Minha carteira continha mil e cinquenta rublos. Agora só há mil dentro dela.”
-“Desculpe-me, senhor, mas isto não é verdade” – protestou o pobre. “Só havia mil rublos. Portanto, tenho direito aos cinquenta rublos da recompensa que você me deve. Pague-me, por favor.”
Os dois discutiram, e sem chance de entendimento, concordaram em apresentar a demanada a um idoso sábio que vivia no vilarejo.
Ambos contaram ao sábio suas versões. O pobre relatou ter encontrado mil rublos na carteira e que o banqueiro lhe devia cinquenta rublos de prometida recompensa, já que a devolvera nas condições encontradas. O rico afirmava categoricamente que ela continha mil e cinquenta rublos quando a perdeu. Tendo recebido a carteira com mil rublos, nada mais devia ao reclamante.
-“Mestre, o senhor precisa me acreditar” – clamou o rico.
-“Certamente que acredito” – respondeu o mestre.
Com a confiança do juiz, o rico se gabou e encheu-se de sorrisos, enquanto o pobre acreditava que um complô estava armado contra ele. De súbito, o sábio tomou a carteira e deu-a ao pobre, dizendo:
- “Esta carteira é sua. Pode ficar com ela!”
-“O que o senhor está fazendo?” – protestou o milionário com raiva. “O senhor não crê em mim, mestre?”
-“Creio, sim” – respondeu-lhe o sábio. “Você falou que é honesto, e por isso vejo que a sua carteira tinha mil e cinquenta rublos. No entanto, devo acreditar igualmente que este pobre homem também seja honesto, pois teve a atitude de lhe devolver a carteira que encontrou. Se ele não o fosse, teria optado por ficar com a carteira inteira para si, já que se trata de muito dinheiro. Portanto, agora que sei que os dois são honestos, fica claro que a carteira em questão não é a que você perdeu, e por isso pertence a outra pessoa. Desta forma, até que o verdadeiro dono apareça, ela ficará com ele.”
-“Mas e o meu dinheiro?” – perguntou o rico.
-“Ora. Você tem somente que esperar até que alguém encontre uma carteira com exatamente mil e cinquenta rublos, como era a sua, e lhe devolva!”
Moral da história: “O ambicioso tende a enganar outros a tal ponto, que perde tudo o que de direito lhe pertence”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473
Uma linda história contada por um amigo tem lugar na Rússia dos tempos do Czar e guarda um surpreendente desfecho.
Em suas andanças em busca pelo difícil sustento, um homem pobre encontrou pelo caminho uma carteira com mil rublos. Horas depois, veio saber que o banqueiro do vilarejo havia perdido uma carteira com mil rublos, e prometera uma recompensa de cinquenta rublos a quem a achasse e a devolvesse intacta.
O pobre foi até o palacete do milionário, bateu à porta, e quando este a abriu, entregou-lhe a carteira com os mil rublos. O rico pegou-a, contou o dinheiro e disse:
-“Vejo que você já tomou posse da recompensa que prometi! Minha carteira continha mil e cinquenta rublos. Agora só há mil dentro dela.”
-“Desculpe-me, senhor, mas isto não é verdade” – protestou o pobre. “Só havia mil rublos. Portanto, tenho direito aos cinquenta rublos da recompensa que você me deve. Pague-me, por favor.”
Os dois discutiram, e sem chance de entendimento, concordaram em apresentar a demanada a um idoso sábio que vivia no vilarejo.
Ambos contaram ao sábio suas versões. O pobre relatou ter encontrado mil rublos na carteira e que o banqueiro lhe devia cinquenta rublos de prometida recompensa, já que a devolvera nas condições encontradas. O rico afirmava categoricamente que ela continha mil e cinquenta rublos quando a perdeu. Tendo recebido a carteira com mil rublos, nada mais devia ao reclamante.
-“Mestre, o senhor precisa me acreditar” – clamou o rico.
-“Certamente que acredito” – respondeu o mestre.
Com a confiança do juiz, o rico se gabou e encheu-se de sorrisos, enquanto o pobre acreditava que um complô estava armado contra ele. De súbito, o sábio tomou a carteira e deu-a ao pobre, dizendo:
- “Esta carteira é sua. Pode ficar com ela!”
-“O que o senhor está fazendo?” – protestou o milionário com raiva. “O senhor não crê em mim, mestre?”
-“Creio, sim” – respondeu-lhe o sábio. “Você falou que é honesto, e por isso vejo que a sua carteira tinha mil e cinquenta rublos. No entanto, devo acreditar igualmente que este pobre homem também seja honesto, pois teve a atitude de lhe devolver a carteira que encontrou. Se ele não o fosse, teria optado por ficar com a carteira inteira para si, já que se trata de muito dinheiro. Portanto, agora que sei que os dois são honestos, fica claro que a carteira em questão não é a que você perdeu, e por isso pertence a outra pessoa. Desta forma, até que o verdadeiro dono apareça, ela ficará com ele.”
-“Mas e o meu dinheiro?” – perguntou o rico.
-“Ora. Você tem somente que esperar até que alguém encontre uma carteira com exatamente mil e cinquenta rublos, como era a sua, e lhe devolva!”
Moral da história: “O ambicioso tende a enganar outros a tal ponto, que perde tudo o que de direito lhe pertence”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473