28 de out. de 2010

ARQUÉTIPOS

ABRAHAM SHAPIRO

No dicionário, a palavra arquétipo significa: "primeiro modelo de alguma coisa ao qual se atribuem perfeição ou sublimidade”.

Deixe-me explicar. Arquétipo é o que está na origem dos mitos das diferentes civilizações e culturas. Estão presentes nos contos de fadas, nas obras de arte e lendas de todos os povos. Eles também estão nas convicções das pessoas, no que elas nem sequer sabem que sabem ou porque sabem.

Alguns exemplos.

O herói - o gosto que muita gente mantém por filmes de ação, o acompanhamento de olimpíadas e torneios, e até mesmo porque uma pessoa aparentemente normal e pacífica é possuída por um misto de curiosidade, hipnose e "sangue na boca" quando vê uma luta do tipo full contact ou boxe.

Obras de arte clássicas são um outro exemplo de arquétipo de beleza. Quando as pessoas vão comprar móveis ou decoração para preencher seus espaços, é natural a tendência de escolher em conformidade com este arquétipo. E não sabem explicar o por que disso.

O conceito de arquétipo pode ser migrado facilmente da psicologia para o mundo dos negócios e ajudar a modelar atitudes importantes na gestão corporativa. Uma das formas é instituir na empresa a ideia de ser conduzida com o mesmo cuidado com que se trata da saúde de nosso corpo. Isto se resumiria em definir seu papel e suas relações não como um sistema de poder, uma máquina ou uma estrutura de caixinhas de hierarquia em um organograma, mas como um organismo vivo e pensante, já que é construído a partir de pessoas.

Isso estaria claramente em concordância com o modelo mental das pessoas, isto é, com seus arquétipos, e, portanto, alcançaria adesão e resposta rápidas.

Os dias atuais, definidos pelo sugestivo título de Era da Informação, têm sido levados ao extremo em função da praga dos e-mails e outros recursos tecnológicos mal utilizados. Isto não pode substituir o contato face a face. Pessoas que se sentam a poucos metros umas das outras preferem utilizar o e-mail entre si, o que só amplia as chances de dissonância e desentendimento.

Se esse impulso for orientado por líderes genuinamente identificados com a causa da comunicação humana, poderá propiciar mais confiança e alinhamento entre as pessoas, mobilizando indivíduos para ações inovadoras e mais consistentes, já que todos mantêm uma necessidade de contato presencial com outros seres humanos para conseguirem comunicação completo: de voz e de expressão corporal.

À luz de tudo isso, se soubermos usar os recursos virtuais para aumentar a qualidade da nossa convivência e, assim, conseguirmos uma empresa cada vez mais viva - como um corpo -, teremos feito uma escolha correta sob a ótica das expectativas humanas. E pensando bem, usar um recurso com sabedoria é superior a impor o seu uso.

O valor de uma empresa só é conseguido com a consciência de sua humanidade.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473