14 de abr. de 2009

"TER MUITO" OU "TER TUDO"?

ABRAHAM SHAPIRO

Tenho muito! Tenho tudo! Se estas expressões fossem ditas por duas pesoas ricas, você saberia dizer qual das duas é a mais rica baseando-se apenas nisto?

É possível discernir muitas coisas a partir destes verbais.

“Tenho muito” traduz a idéia de que, "mesmo tendo uma grande quantia, quero mais". Tenho cem, mas quer duzentos.

E “tenho tudo”? Significa: "não sinto falta de nada".

O primeiro constantemente quer mais. O outro sente satisfação com o que já possui.

A vida moderna se fundamenta sobre o argumento de que, independentemente do quanto se tenha, sempre há mais para se buscar independentemente da necessidade. No entanto, é preciso cuidado com este modelo de existência porque seus efeitos são maléficos. As consequências de se viver movido por este princípio são frustração constante e inquietação ininterrupta. Ficar focalizado sobre o que não temos – ou pensamos não ter –, preenche a vida com ansiedade e sofrimento.

Escolher entre "ter muito" ou "ter tudo" é a diferença real entre ser verdadeiramente rico ou ser “pobre com muitas posses”.

Houve um sábio no passado que perguntou: “Quem é rico?”. E ele mesmo respondeu, dizendo: “É aquele que deriva felicidade de sua porção”. Isto não é conformar-se, nem ficar estagnado. Mas é olhar e ver - com consideração - o que se tem e, em seguida, ficar feliz, encontrar satisfação, ser grato.

Todos temos o direito de adquirir mais, é claro. Entretanto, a atitude resultante do sentimento de "ter tudo" é frutífera e profícua. Se pelos seus esforços você conseguir mais, ótimo. Tudo o que conseguir terá lugar, finalidade e proveito. E caso não seja possível conseguir o que busca, você estará calmo e sereno. O mais importante é que não haverá de si mesmo a imagem de um ser inútil e derrotado, simplesmente porque não houve derrota alguma. Ao contrário, sua autoimagem será de um ser humano respeitado e digno graças ao esforço que foi empreendido. O fato de não ter atingido o alvo será compreendido como um sinal de que, para o seu próprio bem, o resultado da busca não se converteu exatamente naquilo que era almejado. Mas houve aprendizado. Houve novos entendimentos e visões. E a partir disto, não era preciso nada mais.

Ser feliz é focalizar naquilo que você já possui. Este é um segredo fantástico.

Ser miserável? É ter como núcleo central aquilo que ainda não se tem. Fazer disso o principal da sua vida e invistir toda a boa energia de viver numa obsessão enganosa. Fará você saber bem de perto o que é ser infeliz, viver uma vida vazia e sem qualquer sentido.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473