2 de mar. de 2009

GRANDE PARTE DO GERENCIAMENTO NÃO ESTÁ - E NUNCA ESTARÁ - NOS LIVROS DE MANAGEMENT

ABRAHAM SHAPIRO

A Heloisa estava de corpo e alma comprometida com o processo de aperfeiçoamento de suas habilidades gerenciais. Enxergava bem cada ponto que devia compor seu perfil de gerente e líder. Lia livros sobre management - gerenciamento - e tinha entusiasmo em vivenciar na prática o que aprendia.

No entanto, o Princípio de Peter estabelece que qualquer funcionário é incompetente no exercício de uma nova função, mesmo que tenha sido excelente na função anterior que o fez merecer a promoção.

Pensando nisto, a empresa contratou meus serviços para que eu orientasse a Heloísa nas situações críticas e de difícil solução.

Certo dia, durante nossa atividade semanal, ela me informou que havia repreendido um funcionário de sua equipe diante de colegas. Perdeu o controle, elevou a voz e chegou a ser agressiva. O episódio deixou-a chateada. Quanto ao rapaz, nem é preciso dizer. Ela expôs suas razões e, ao concluir, pediu que eu fizesse minha análise.

Conhecendo bem como as pessoas normalmente funcionam quando exercem poder sobre outras, percebi que ela desejava elementos para racionalizar o lamentável evento e minimizar suas reais consequências - a essas alturas, em estado já bastante avançado. Racionalização é um processo psicológico de caráter defensivo pelo qual o indivíduo apresenta uma explicação coerente ou moralmente aceitável para atos, idéias ou sentimentos cujos motivos verdadeiros não percebe.

Para surpresa da Heloísa, minha interpretação foi simples, até mesmo porque simplicidade é o princípio que orienta toda a minha consultoria. Eu disse a ela: “A maior parte das atitudes requeridas de um gerente para que atinja a excelência em sua função e para , além disso, ser reconhecido como um líder inspirador pelos seus subordinados, não é aprendida na universidade ou no MBA. Vem do berço. São atos práticos de boa educação. O seu problema, Heloísa, e o de todos os chefes que destratam publicamente um subordinado, não foi estudado por nenhum grande teórico do management moderno, e jamais será. Posso garantir que é facilmente resolvido com princípios básicos de bons tratos sociais às pessoas e boas maneiras. Lembrar-se disso na hora em que o vulcão da intolerância vai entrar em erupção pode valer muito mais do que qualquer boa teoria aprendida em livros”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473