12 de mar. de 2009

O QUE SIGNIFICA 'TER DINHEIRO'?

ABRAHAM SHAPIRO

Em 1923, no hotel da praia de Edgewater, em Chicago, aconteceu uma das mais importantes reuniões de personalidades da época.

Os integrantes desta reunião eram nove dos maiores empresários e bem sucedidos homens do planeta. Ali estavam: o presidente da maior companhia privada de aço; o presidente da maior companhia de eletricidade mundial; o presidente da maior companhia de gás e petróleo; o maior especulador de trigo das bolsas de mercadorias; o presidente da Bolsa de Valores de Nova Iorque; o Secretário do Interior do gabinete do Presidente Harding, dos Estados Unidos; o maior investidor de Wall Street; o presidente do maior monopólio mundial e o presidente do maior banco privado norte-americano. Impressionante concentração de poder.

Naqueles dias, estes nomes detinham o segredo que fascina a maior parte dos habitantes deste planeta: a arte de ganhar muito dinheiro. Mas vinte e cinco anos depois deste evento, onde e como estavam eles?

Charles Schwab, o presidente da maior companhia privada de aço do mundo: falido, e vivendo às custas de um empréstimo que lhe foi concedido por um grupo de amigos cinco anos antes de sua morte.

Samuel Insull, presidente da maior companhia elétrica: morreu como fugitivo da justiça numa terra estrangeira e sem um tostão.

O presidente da maior companhia de gás e petróleo – Howard Hopson: insano num sanatório da Pensilvânia.

O maior especulador de trigo das bolsas de mercadorias – Arthur Cutten: morto no exterior, insolvente.

O presidente da Bolsa de Valores de Nova Iorque – Richard Whitney: foi libertado da penitenciária de Sing Sing após 10 anos de prisão.

O membro do gabinete do presidente do E.U.A – Albert Fall: foi libertado da prisão para morrer em casa.

O maior “urso” investidor de Wall Street – Jesse Livermore: se suicidou.

O cérebro do maior monopólio mundial – Ivar Krueger: também se suicidou.

O presidente do maior banco privado norte-americano, International Settlements - Leon Fraser: também se suicidou.

Qualquer um fica atônito com estes fatos. O que mais impressiona é a imensa concentração de talento e potencialidade que se perdeu por completo com estes homens. Mas é possível imaginar que suas vidas estavam baseadas em alicerces sem consistência. Estavam todos sem equilíbrio. Aprenderam bem a arte de fazer dinheiro. Mas, por alguém possuir dinheiro e perdê-lo, isto significa que não pode continuar vivendo?

Cometer um crime ou um suicídio é uma gigantesca demonstração de falta de entendimento da vida. É ausência total de apreciação de seu real valor e objetivo.

Há muito mais motivos para viver do que apenas ganhar dinheiro.

Às vezes achamos que as pessoas ricas são realizadas e atingiram êxito. Na verdade, conseguiram ser vencedoras em uma área específica, a financeira. O real sucesso na vida encontra-se em descobrir que não somos apenas carne e osso e que não só com dinheiro podemos pautar nossa existência ou medir nossas conquistas. Há outras necessidades e outros setores nos quais precisamos investir nossos esforços e buscar ser vencedores igualmente.

Dinheiro é energia. Ele representa a verdadeira energia da vida. Dependendo de como você o usa, ele pode ser sua liberdade ou sua escravidão.

Há quem diga que dinheiro é mau. Outros dizem que é bom. Dinheiro é bênção ou maldição? Você mede seu valor pessoal pelo saldo de sua conta bancária?

Sabe por que existe uma tendência das pessoas se sentirem melhores quanto mais dinheiro tiverem? É porque, normalmente, investe-se muita energia vital em ganhá-lo. As pessoas comuns pensam que elas mesmas – e só elas – são as responsáveis diretas pelo seu sucesso. Julgam que sua inteligência e habilidades têm o poder de gerar sucesso na medida em que o imaginam ou planejam. Estão enganadas.

A riqueza põe o homem frente a um grande desafio: não se deixar levar pela paixão do próprio poder e de saber que a contabilidade do sucesso tem a ver com uma aritmética que não envolve apenas as quatro operações matemáticas. Há comportamento envolvido. Há postura. Há justiça e muitos outros mistérios que não compreendemos e não podemos mensurar.

Não significa dizer que o sucesso não se relacione com esforço. Há uma relação direta e clara entre um e outro ainda que humanamente não saibamos em que proporção. Investir esforço e luta para se conseguir bons resultados é reconhecidamente necessário como já tratamos anteriormente. Nada se obtém de braços cruzados além de dores musculares. Mas a consciência de que esforço, apenas, não gera riqueza e de que existe uma conexão entre o ganho e a bênção de Deus, são alicerces importantes a serem reconhecidos em uma fortuna verdadeira.

O dinheiro pode ser uma maldição. Pode causar ansiedade infinita, senso de falso mérito, despotismo, arbitrariedade, perda da noção de valor das pessoas e das virtudes. O rico está permanentemente experimentando o desejo de ter mais e mais, sem limites.

Quando nos alegramos com as coisas que temos, nosso prazer com a vida aumenta. Além de ser uma chave para a felicidade, este comportamento nos torna merecedores de muito mais e nos dá acesso a novos conhecimentos, experiências vibrantes, responsabilidades e maior compreensão do mundo.

Um dos modos mais eficazes e corretos de se relacionar com o dinheiro e com as coisas que possuímos é portando-nos sem apego. Não é preciso ter a preocupação de guardar e proteger ansiosamente o que quer que seja, pois, aquilo que tem que ser nosso, será nosso de qualquer forma. Ninguém tomará nossas posses verdadeiras. Assim também eu não conseguirei tomar de ninguém o que não for, de fato, meu. Assim, a melhor sensação em relação aos bens materiais é vivida por aquele que não se enxerga como dono, mas como administrador ou depositário.
______________________

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473