12 de mar. de 2009

A BONDADE, O CORAÇÃO E OS VALORES DA VIDA

ABRAHAM SHAPIRO

O Dr Dean Ornish é o criador do único programa cientificamente provado para reverter enfermidades cardíacas sem uso de medicamentos nem cirurgia. Em seu livro, ele faz uma recomendação: "realize trabalho voluntário". Diz que não só se sentirá bem, como também “lhe abrirá o coração”, desobstruirá artérias e fará que o sangue e o oxigênio fluam bem, novamente.

Diz ele que atuar sem egoísmo é a forma de conduta mais egoísta, já que mantém o sentido de paz interior e de alegria. Comenta ainda: “O altruísmo, a compaixão e o perdão – abrir o coração – podem ser uma poderosa forma de cura do isolamento que produz o estresse, o sofrimento e a enfermidade. Em outras palavras, o altruísmo, a compaixão e o perdão podem agir em nosso benefício, posto que nos libertam de nossas limitações e nos dão força”.

Em nossos dias, muitas empresas de seguro de vida perguntam a seus potenciais clientes não só se fumam, mas também se fazem trabalho voluntário de forma regular.
Pesquisadores modernos têm demonstrado que fazer atos de bondade realmente afeta a química do corpo e do cérebro. Liberam-se hormônios – endorfinas – que melhoram o sistema imunológico. A bondade ajuda a combater a depressão e a ansiedade. É um antídoto para a tristeza e o estresse.

Sair de si mesmo e centrar-se em outras pessoas diminui as preocupações e os temores próprios. A próxima vez que você se sentir melancólico, triste ou ansioso, verá que fazer um ato anônimo de bondade lhe fará sentir-se melhor.

Tente, ao menos. Mas cuide-se para não fazê-lo sem o devido valor e razão. O “sabor” de qualquer ato está nisso.

Nós estamos neste mundo não para ser, mas para fazer; não para meramente existir, mas para realizar. Recolher-se ao próprio “eu” é reverter o fluxo da vida.

Certo dia de inverno, um sujeito pobre voltava da fábrica para casa, quando passou por um restaurante chique e caro. Durante alguns minutos assistiu através da grande vitrina como os grã-finos sentavam-se confortavelmente em poltronas macias, papeando e rindo enquanto comiam deliciosas panquecas de queijo, completamente alheios ao observador, como se estivessem em outro mundo.

- “Panquecas” – murmurava ele para si mesmo, enquanto seguia para casa.

- “Sara” – anunciou, fechando a porta atrás de si e jogando o casaco sobre a cadeira – “você faria umas panquecas para mim? Estou muito a fim de panquecas” .

- “Claro, Max” – respondeu a mulher – “Vou fazer o melhor que posso”.
Sara pegou seu velho livro de receitas, marcado pelas muitas experiências culinárias, e abriu em “panquecas”.

- “Ah! Aqui estão elas...as panquecas”, exclamou contente.”Dois copos de farinha, um copo de água... Oh! Max, veja isto. Aqui diz que se precisa de ricota. Não temos ricota!” – disse ela tristemente.

- “Ouça, Sara, sabe o que? Esqueça o queijo” – consolou-se Max.

- “Ih! Max. Veja só” – chamou ela de novo. “Está escrito que precisamos de nozes, mel e passas!”

- “Esqueça essas coisas também” – aconselhou ele.

- “Você é um bom marido, Max. Mas o que é isto? O que fazer com a canela e o açúcar mascavo?” – leu Sara no livro.

- “Não há necessidade!” – declarou o marido. “Só comece a fritar, pois estou faminto!”

Com muita pompa, ela acendeu o fogo, misturou a farinha e a água, fritou as panquecas, enrolou-as em canudinhos, colocou-as para assar, e em poucos minutos lá estavam elas, arrumadas num prato diante de um Max muito contente, com um guardanapo pendurado no colarinho.

Garfo e faca entraram em ação, e em segundos ele estava fazendo o que desejava! Max estava comendo panquecas, como os ricaços no restaurante grã-fino.

Sara observava orgulhosamente, enquanto ele mastigava devagar. Após alguns segundos de silêncio absoluto, não pôde resistir.

- “E então, o que você acha? Gostou das panquecas?”

- “Sabe, Sara” – respondeu Max. “Eu não entendo o que essas pessoas chiques vêem de tão especial em panquecas!”


Fundamentar a vida em uma religião, uma filosofia ou ideologia não é o mesmo que um passeio no shopping para olhar vitrines e se encantar com a aparência de coisas que atraem.

Uma receita da qual se desprezem os principais ingredientes – ou por indiferença ou por não se importar com detalhes – não terá sabor algum a ser apreciado depois de pronta.

Todos os conceitos, propostas e instruções com que você já se deparou na vida podem ou não se converter em prática. Só depende de sua escolha. Mas qualquer opção que você fizer para integrar seu projeto pessoal de vida exige que você não despreze os detalhes que a compõem. Nada deve ser descartado. Tenha seriedade em cumprir todas as regras à risca, sem adaptações, arranjos ou aproximações que descaracterizem o objetivo final a ser alcançado.

Recuse-se a “dar jeitinhos” quando estiver tratando de opções para a vida.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473