5 de dez. de 2008

VOCÊ ACEITA OS MEUS VOTOS DE UM BOM ANO NOVO?

ABRAHAM SHAPIRO

Às vésperas de um novo ano, o costume e a boa educação ensinam que se deseje "Feliz Ano Novo" aos demais na esperança de que todos tenham grandes motivos para ser feliz. Felicidade é o pensamento e o voto mais freqüentes nesta época.

O que é necessário para se ter um ano novo feliz? Mal sabemos o que é felicidade!?!

Definir felicidade é quase impossível. Talvez um modo de entendê-la seja através de sua negação ou por sua falta.

Podemos começar pensando que felicidade não é possuir coisas. Nossa sociedade está contaminada por um sentimento de competição no quesito “ter”. Quanto mais se tem, melhor. Quanto maior o mais caro o que se tem, melhor! A felicidade não acontece ao se tomar posse de uma mansão num condomínio de luxo, carros importados, jóias e roupas finas. Alguém já disse com sabedoria que “quem aumenta suas posses, multiplica suas preocupações". Quem possui dois automóveis não tem o dobro da felicidade de quem só tem um.

Felicidade não é diversão. Quem está infeliz e investe numa viagem distante na esperança de “se resolver” e encontrar a felicidade através da mudança de ambiente ou diversão, irá se decepcionar. Ao chegar à Disney, Tel Aviv, Tanzânia, Kiev ou Amsterdan, verá que levou em sua bagagem tudo o que o fazia infeliz. E na volta? Surpresa. Os mesmos motivos estarão entre os souvenirs,compras e contas a pagar.

Felicidade tampouco provém do prestígio, do sucesso ou da fama. Quantos famosos disputados pelo populacho e milionários frustraram-se e foram infelizem? Alguns se entregar a drogas, bebida ou a uma vida abjeta. Outros se suicidaram de forma brutal. Veja a vida de Elvis Presley, por exemplo.

Paremos por aqui. Já sabemos o que a felicidade não é. Mas o que fazer para que o Ano Novo de 2009 seja feliz?

Algumas sugestões.

Primeira. Pare de correr atrás da felicidade. Ela é estranha. Quanto mais a buscamos, mais ela foge da visão e alcance. Buscá-la é inútil. Não há nada errado em querer ser feliz. O problema está na insistência e idéia fixa de que temos de ser felizes a qualquer custo. Temos o direito à felicidade, é certo. Mas a felicidade que desenhamos em nosso pensamento pode ser um sonho mirabolante e inexeqüível.

Muitos acreditam que a felicidade resulta da ausência de sofrimento e que uma pessoa feliz não tem problemas. Verdade? Só os mortos não têm problemas. A vida machuca a todos de algum modo. Perdas, mágoas, fracassos etc. Ausência de dor não é uma condição para a felicidade. Feliz não é quem nunca leva um tombo. Mas aquele que consegue se levantar e prosseguir depois da queda terá de si uma boa imagem e, curiosamente, sentir-se-á feliz em decorrência disso.

Outra sugestão para um novo ano feliz é não ficar se perguntando "Será que eu sou feliz?". Ao invés disso, mantenha-se ocupado ou ocupada. Na loja, em casa, no escritório, na cozinha, no trabalho, na sinagoga, na igreja, na comunidade, faça coisas úteis. A felicidade é um subproduto da realização. É um estado de espírito que resulta da percepção do valor próprio. Experimente dedicar-se de modo inteiramente centrado às tarefas cotidianas. Após constatar o foco de seu esforço, você irá descobrir que se sente imensamente feliz.

Um jornal de Londres ofereceu um prêmio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três os vencedores. Um artesão que trabalhava assobiando, uma jovem mãe que cantarolava à noite, depois de dar banho em seu bebê, e um cirurgião que ria enquanto relaxava após uma operação bem-sucedida. Esses três indivíduos não estavam preocupados em ser felizes. Eles estavam completamente absortos em suas tarefas rotineiras. Mas ao fazê-las com amor, eles abriam a porta para a felicidade, e ela entrava de mansinho na vida deles.

Finalizo propondo uma atitude. Em vez de pedirmos a D-us uma vida feliz, tomemos a decisão de tornar nossa vida um benefício para as pessoas e para o mundo. Comecemos o Ano Novo conscientes de que viver vale a pena. Cumpramos todos os dias esta meta.

Segundo a tradição de meu povo, quando chega o Rosh Hashaná, o ano novo do calendário hebreu, as pessoas não dizem "Feliz Ano Novo" umas às outras, e sim Shaná Tová, que significa: “um bom ano”. A diferença é sutil, porém significativa. Portanto, o meu voto a todos é para que o ano de 2009 seja bom. E que a felicidade seja construída a cada dia como resultado do esforço de viver com valor, com significado e doação a causas que superem nossas necessidades próprias e “contaminem” outros a serem melhores junto de nós. Outra vez: “Um Bom Ano Novo para você!!!”
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br