ABRAHAM SHAPIRO
Numa terra distante, havia um reino de pessoas grosseiras e desanimadas. O dia inteiro o povo cavava o solo à procura de ouro, na esperança de enriquecer. Anos e anos cavando, mas nada achavam. Eram tristonhos e apáticos à vida. Seu rei tornou-se zangado, mal-humorado e sem esperanças.
Certo dia aconteceu passar por ali um jovem. Era alegre e fervoroso. Andava com ar seguro e seus lábios entoavam canções. Quando os cavadores o viram, pediram que parasse imediatamente de assobiar:
- “Nosso rei é muito zangado e tristonho. Ele poderá até matá-lo” – preveniram-no.
O rapaz sorriu e disse:
- “Pois seja, conduzam-me a ele”.
Os cavadores pararam o trabalho e levaram o jovem ao palácio. No caminho perguntaram:
- “Como é o seu nome?”
- “Oved” – respondeu o moço.
- “E por que você assobia?”
- “Porque sou alegre e satisfeito”.
- “E por que você é alegre e satisfeito?”
- “Porque tenho muito ouro”.
Ouvindo isso, ficaram jubilosos e contaram ao rei a respeito. O nobre perguntou a Oved:
- “É verdade que você possui um tesouro de ouro?”
- “Sim!” – foi a resposta – “tenho sete sacos cheios de ouro”.
O rei ficou muito animado e imediatamente convocou seu povo. Ordenou que ele trouxesse os sacos. Mas Oved explicou:
- “Levará algum tempo para pegar o ouro, meu rei. Está guardado numa caverna, vigiada por um dragão de sete cabeças. Somente eu posso tirá-lo dali. Dai-me todo o vosso povo por um ano e durante esse tempo livraremos o ouro do poder deste monstro”.
O rei não tinha nada a perder, mesmo. Pôs cavalos, bois e homens à disposição de Oved e determinou a seu povo que seguisse as instruções do rapaz.
Oved ordenou aos homens que trouxessem arados e que arassem a rica e fértil terra dos campos. Depois de arar, semearam. Na época da colheita colheram sete imensas carretas cheias do melhor trigo.
Durante todo esse tempo o rei prevenia Oved de que se ele não lhe trouxesse os sacos de ouro no fim do ano, seria decapitado. Diante disso, Oved sorria e explicava:
- “Necessitamos de trigo para entupir a boca do monstro” – e continuava alegre e cantando canções joviais.
Durante sete dias Oved perambulou com suas sete carretas até que chegou a uma grande cidade que não tinha lavoura. Quando os comerciantes viram as carretas de trigo maduro, pagaram uma grande soma de dinheiro por elas: sete sacos cheios de ouro. Depois de mais sete dias, Oved outra vez apresentou-se diante do rei que lhe perguntou:
- “Conseguiu vencer o monstro?”
Oved respondeu com um sorriso:
- “Vendi o trigo a um povo cujo solo é estéril e em troca deram-me sete sacos de ouro”.
Quando o rei ouviu a história de Oved, disse-lhe entusiasmado:
- “Aquele que trabalha a terra provê o pão. Na verdade, podemos tirar de nossa boa terra ainda mais do que sete sacos de ouro por ano”.
E pediu a Oved que ficasse em seu reino e fosse seu ministro sobre o povo. Oved, entretanto, recusou dizendo:
- “Há muitos homens neste mundo que não conhecem o segredo do trabalho. Pode-se arrancar ouro da terra, trabalhando-a, semeando trigo dourado e transformando-o em farinha. É meu dever revelar este segredo aos outros também”.
Feliz e alegre, Oved partiu para suas peregrinações.
Observação importante: O nome do personagem principal, Oved, significa “ trabalhador” na língua hebraica.
O que aprender desta história? Algo maravilhoso. Devemos ter em mente que existem apenas duas estratégias que resolvem qualquer situação indesejável.
Primeira: mudar a situação – o que nem sempre é possível.
Segunda: mudar o modo de pensar sobre ela – o que advém do conhecimento de que nossa percepção é um filtro que retém o que é do nosso interesse e conveniência momentânea, portanto, uma enorme fonte de erros para interpretar muitas situações.
Não são os acontecimentos que nos ferem. Mas a maneira como os vemos.
As coisas em si não nos machucam nem criam obstáculos para nós ou para as outras pessoas. A questão está na forma como as encaramos. São nossas atitudes e reações que nos criam problemas.
Sendo assim, até a morte deixa de ser tão importante. Se analisarmos de perto, veremos que é a nossa noção de morte – a idéia que fazemos dela – que é terrível e nos aterroriza. Há muitas maneiras de pensar na morte. Faça um exame sobre suas noções próprias a respeito. Essas noções são, de fato, verdadeiras? A maneira como você imagina estas coisas fazem algum bem a você?
Em relação à morte, uma coisa belíssima que aprendi foi: “Não tema a morte ou a dor. Tema o medo da morte ou da dor”.
Não podemos escolher as circunstâncias externas de nossa vida. Mas sempre está a nosso alcance escolher a maneira como reagimos a elas.
______________________
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br
Numa terra distante, havia um reino de pessoas grosseiras e desanimadas. O dia inteiro o povo cavava o solo à procura de ouro, na esperança de enriquecer. Anos e anos cavando, mas nada achavam. Eram tristonhos e apáticos à vida. Seu rei tornou-se zangado, mal-humorado e sem esperanças.
Certo dia aconteceu passar por ali um jovem. Era alegre e fervoroso. Andava com ar seguro e seus lábios entoavam canções. Quando os cavadores o viram, pediram que parasse imediatamente de assobiar:
- “Nosso rei é muito zangado e tristonho. Ele poderá até matá-lo” – preveniram-no.
O rapaz sorriu e disse:
- “Pois seja, conduzam-me a ele”.
Os cavadores pararam o trabalho e levaram o jovem ao palácio. No caminho perguntaram:
- “Como é o seu nome?”
- “Oved” – respondeu o moço.
- “E por que você assobia?”
- “Porque sou alegre e satisfeito”.
- “E por que você é alegre e satisfeito?”
- “Porque tenho muito ouro”.
Ouvindo isso, ficaram jubilosos e contaram ao rei a respeito. O nobre perguntou a Oved:
- “É verdade que você possui um tesouro de ouro?”
- “Sim!” – foi a resposta – “tenho sete sacos cheios de ouro”.
O rei ficou muito animado e imediatamente convocou seu povo. Ordenou que ele trouxesse os sacos. Mas Oved explicou:
- “Levará algum tempo para pegar o ouro, meu rei. Está guardado numa caverna, vigiada por um dragão de sete cabeças. Somente eu posso tirá-lo dali. Dai-me todo o vosso povo por um ano e durante esse tempo livraremos o ouro do poder deste monstro”.
O rei não tinha nada a perder, mesmo. Pôs cavalos, bois e homens à disposição de Oved e determinou a seu povo que seguisse as instruções do rapaz.
Oved ordenou aos homens que trouxessem arados e que arassem a rica e fértil terra dos campos. Depois de arar, semearam. Na época da colheita colheram sete imensas carretas cheias do melhor trigo.
Durante todo esse tempo o rei prevenia Oved de que se ele não lhe trouxesse os sacos de ouro no fim do ano, seria decapitado. Diante disso, Oved sorria e explicava:
- “Necessitamos de trigo para entupir a boca do monstro” – e continuava alegre e cantando canções joviais.
Durante sete dias Oved perambulou com suas sete carretas até que chegou a uma grande cidade que não tinha lavoura. Quando os comerciantes viram as carretas de trigo maduro, pagaram uma grande soma de dinheiro por elas: sete sacos cheios de ouro. Depois de mais sete dias, Oved outra vez apresentou-se diante do rei que lhe perguntou:
- “Conseguiu vencer o monstro?”
Oved respondeu com um sorriso:
- “Vendi o trigo a um povo cujo solo é estéril e em troca deram-me sete sacos de ouro”.
Quando o rei ouviu a história de Oved, disse-lhe entusiasmado:
- “Aquele que trabalha a terra provê o pão. Na verdade, podemos tirar de nossa boa terra ainda mais do que sete sacos de ouro por ano”.
E pediu a Oved que ficasse em seu reino e fosse seu ministro sobre o povo. Oved, entretanto, recusou dizendo:
- “Há muitos homens neste mundo que não conhecem o segredo do trabalho. Pode-se arrancar ouro da terra, trabalhando-a, semeando trigo dourado e transformando-o em farinha. É meu dever revelar este segredo aos outros também”.
Feliz e alegre, Oved partiu para suas peregrinações.
Observação importante: O nome do personagem principal, Oved, significa “ trabalhador” na língua hebraica.
O que aprender desta história? Algo maravilhoso. Devemos ter em mente que existem apenas duas estratégias que resolvem qualquer situação indesejável.
Primeira: mudar a situação – o que nem sempre é possível.
Segunda: mudar o modo de pensar sobre ela – o que advém do conhecimento de que nossa percepção é um filtro que retém o que é do nosso interesse e conveniência momentânea, portanto, uma enorme fonte de erros para interpretar muitas situações.
Não são os acontecimentos que nos ferem. Mas a maneira como os vemos.
As coisas em si não nos machucam nem criam obstáculos para nós ou para as outras pessoas. A questão está na forma como as encaramos. São nossas atitudes e reações que nos criam problemas.
Sendo assim, até a morte deixa de ser tão importante. Se analisarmos de perto, veremos que é a nossa noção de morte – a idéia que fazemos dela – que é terrível e nos aterroriza. Há muitas maneiras de pensar na morte. Faça um exame sobre suas noções próprias a respeito. Essas noções são, de fato, verdadeiras? A maneira como você imagina estas coisas fazem algum bem a você?
Em relação à morte, uma coisa belíssima que aprendi foi: “Não tema a morte ou a dor. Tema o medo da morte ou da dor”.
Não podemos escolher as circunstâncias externas de nossa vida. Mas sempre está a nosso alcance escolher a maneira como reagimos a elas.
______________________
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes empresariais. Tem excelentes resultados na interação estratégica entre as áreas de vendas e marketing. Contato: shapiro@shapiro.com.br