25 de jun. de 2008

PODER REAL: ELEVE-SE ACIMA DA SUA NATUREZA!

DAVID LIBERMAN

Há três forças presentes nos seres humanos que freqüentemente estão em divergência umas com as outras: o corpo, o ego e a alma. Em síntese, o corpo quer fazer aquilo que lhe dá prazer; o ego quer fazer o que parece bom e a alma quer fazer o que é bom. Por exemplo: quando o despertador toca de manhã, as três forças entram numa batalha. Se apertarmos o botão para silenciá-lo, adivinhe quem ganhou o primeiro round?

Fazer o que é mais fácil ou confortável é um impulso natural do corpo. Exemplos de excesso de obediência a esta força ocorrem quando a pessoa come demais ou dorme em demasia. Ou seja: faz ou deixa de fazer algo que sabe que não deve ou deve fazer, somente porque lhe garante uma gratificação imediata. Basicamente, o corpo apenas quer escapar dos ditames de nossa consciência.

Já uma iniciativa comandada pelo ego pode nos fazer, por exemplo, comprar um carro esplendoroso que está muito além de nossas posses. Seguindo as orientações do ego, fazemos coisas que acreditamos poder projetar uma imagem correta de nós mesmos. Porém, estas decisões não são baseadas no que é bom, mas naquilo que nos faz parecer bons.

Todavia, na maior parte dos casos, a seguinte ‘mecânica’ ocorre dentro de nós: ao não conseguirmos nos controlar, acabamos sucumbindo aos prazeres imediatos ou nos esforçamos para projetar uma imagem irreal. O resultado é que acabamos bravos conosco mesmos e nos sentimos vazios por dentro. Para compensar estes sentimentos de culpa e incapacidade, o ego se infla e nos tornamos egocêntricos, o que, por sua vez, faz com que nossa perspectiva sobre a vida se estreite e enxerguemos mais sobre nós e menos sobre o mundo. Aí entramos num círculo vicioso, nos tornando progressivamente mais temperamentais e instáveis.

Somente adquiriremos uma boa auto-estima ao sermos capazes de fazer escolhas responsáveis e agir de forma correta, sem levar em consideração se é algo confortável ou não ou o que parecerá aos olhos dos demais. Esta é uma escolha da alma. Procedendo assim, elevaremo-nos para um patamar mais alto e mais saudável, pois a auto-estima e o ego relacionam-se de forma inversamente proporcional. É como uma gangorra: quando um sobe, o outro desce.

Apesar de nosso humor inevitavelmente variar de acordo com as circunstâncias que vivenciamos, ao seguirmos as orientações da alma nosso bem-estar emocional permanecerá largamente imune às condições e experiências de todos os tipos, positivas ou negativas.

Pesquisas indicam que os ganhadores da loteria freqüentemente vivem vidas infelizes depois de sua sorte inesperada. O fato de um número desproporcional de suicídios, assassinatos, prisões por dirigir embriagado e até falências ocorrerem com estes ‘vencedores’ levou a estudos sobre uma possível ‘maldição da loteria’. O público em geral tem dificuldade em compreender porque tal falta de sorte persegue aqueles que repentinamente se tornaram tão afortunados. Entretanto, a razão é absolutamente clara. Uma vez que a auto-estima provém de se fazer boas escolhas, aqueles que se tornam repentinamente famosos ou endinheirados descobrem também ter mais ‘munição’ para um comportamento não construtivo e para entregar-se aos ‘prazeres da vida’.

A lógica diz que, ao estarmos no controle de nós mesmos e agirmos de forma responsável, nunca ficaremos profundamente perturbados por qualquer um ou qualquer coisa. Não seremos vítimas de nada além de nosso próprio comportamento, pois nada nos afetará: somos nós que afetamos o mundo ao nosso redor.
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Do livro, em inglês: REAL POWER, de David Liberman