25 de jun. de 2008

GELÉIA DE FUNCIONÁRIOS MADUROS

ABRAHAM SHAPIRO

Seus funcionários são como frutas. Quando começam no cargo, são como frutas verdes viçosas – dão esperança de uma boa colheita. Com o tempo, entram na rotina e muitos deles deixam o dia a dia se tornar maçante. É quando seus resultados estabilizam em determinado patamar ou caem. Neste ponto, estão maduros e algo terrível pode acontecer. Assim como na natureza, estas "frutas" tendem a ficar passadas.

Em minha casa, fomos educados a não desperdiçar comida. Viemos de lugares onde os alimentos não eram abundantes e as frutas muito caras. Antes que as frutas passassem, minha mãe fazia geléia ou compota. Ela as descascava, levava a uma panela apropriada, adicionava açúcar, um volume de água, e a mistura ia ao fogo. Durante muitas e muitas horas grande parte da umidade evaporava, a massa ficava livre de microorganismos e então era guardada em potes esterilizados.

Desta maneira, as frutas ganhavam vida nova podendo continuar servindo como alimento por bastante tempo. Ela sempre dizia que sem açúcar e longa exposição ao fogo a geléia não chega ao ponto ideal. Este era um processo que ela conduzia com muito cuidado a fim de não desandar a massa.

O que aprender disso? Se pensarmos em transpor a experiência de minha mãe para o ambiente empresarial, a primeira sugestão a respeito de funcionários maduros e viciados é: dê a eles um tratamento respeitoso e rico em consideração, isto é, uma boa dose de açúcar. Não os deixe baixar a auto-estima. Evite que a motivação desapareça. Faça-os sentirem-se parte de um plano importante, dotado de uma missão clara e envolvente.

Depois, submeta-os ao fogo da avaliação de desempenho, do feedback permanente, dos novos desafios, da reciclagem de conhecimentos e da mudança de comportamento, ou seja, proporcione condições para novas aprendizagens e exija que absorvam bem esta oportunidade. Isto servirá para que vejam suas funções desde outra ótica.

Todo mundo necessita enxergar as situações com que estão envolvidos desde outros pontos de vista para mudar a forma de pensar a respeito. É, na verdade, um mérito de todos. A rotina e o vício de colaboradores bitolados leva-os a perder a consciência do que têm a fazer e de como fazer em conformidade aos padrões esperados. Uma porção de mudança – por menor que seja – dá-lhes uma sacudida mental e, assim, renova as perspectivas.

Sem os devidos e constantes cuidados você perde os seus funcionários – mesmo os melhores. Não os deixe amadurecer demais, pois, segundo minha mãe, frutas passadas dão dor de barriga, daí só servem, mesmo, para adubo e nada mais.

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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473