10 de mar. de 2014

INOVAR OU CRIAR?

ABRAHAM SHAPIRO

Dois jovens amigos de infância iam se separar por motivo de mudança de um deles. Combinam de se encontrar dali quinze anos em determinado lugar e hora.
A data chega. Montado numa velha bicicleta e de sandálias de borracha, um deles vai ao lugar combinado, à hora exata, ansioso por rever o velho companheiro. O outro se atrasa. Após meia hora, chega numa Porshe último modelo, vestindo roupas de grife. Desce do carro, abraçam-se e, diante do evidente contraste social, o primeiro não se nega a perguntar:
- Como você conseguiu subir tanto na vida?
- Foi a minha criatividade – responde o outro. Inventei um líquido especial que, aplicado na boca, produz, durante o beijo, um delicioso e surpreendente sabor de laranja. Vendi bastante, e tive muito lucro.
O pobre ficou surpreso pela inteligência e envergonhado por nada ter conseguido até então. Recordaram os velhos tempos e marcaram um reencontro dali dez anos, no mesmo local e hora.
A nova data chegou. Desta vez, o rico foi pontual. Mas para seu espanto, aconteceu o contrário da primeira vez. Meia hora já se passara e nada do outro. Preocupou-se com que seu amigo tivesse morrido na penúria.
De repente, uma caminhonete chega ao local. Homens em ternos negros e óculos escuros saltam e averiguam os riscos do local. De repente, um helicóptero aterrissa na praça ao lado, e de dentro desce aquele que da vez anterior era o pobre da dupla. Ele parece muito mais jovem; fala bem, veste-se como um príncipe, e sua postura não nega imenso sucesso.
Os dois se abraçam, e aquele que enriquecera primeira sente-se um verdadeiro mendigo frente à opulência que o ex-pobretão demonstra.
- Conte-me tudo – diz ele. O que você fez para enriquecer tanto? Espero não ter feito nada de errado.
O milionário não se acanha e, com a paciência própria dos que têm a vida mais que ganha,  declara:
- Lembra-se do nosso último encontro? Quando nos separamos, eu fui para casa e fiquei pensando na sua maravilhosa invenção. Depois de muito analisar, eu usei a criatividade e inventei um produto. Criei um líquido que quando aplicado numa laranja a sensação que produz é a de um beijo na boca. Vendi bastante, e tive muito lucro.
Moral da história: Criar é realmente importante. Mas inovar pode ser muito melhor.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473