27 de dez. de 2010

GERENCIAMENTO E PLANOS

ABRAHAM SHAPIRO

Gerenciar é talvez a única atividade profissional que existirá eternanente. Não há dúvida. É a função que abarca a maior variedade de atitudes por unidade de tempo e, por conseguinte, está relacionada diretamente com a tomada de decisões. O céu e o inferno precisam de gerente.

Hoje, quase todos acreditam que planejar é bom para tudo e a toda hora. O senso comum diz que planejamento facilita a visão das coisas desde uma perspectiva privilegiada, antecipando as situações, fraquezas e ameaças envolvidas. Pressupõe-se que isto possibilita melhor aproveitamento dos recursos e, se bem feito, é verdade.

No entanto, toda ideia fixa transforma-se em crença inquestionável. E o mundo não se move por respostas, mas por perguntas. Planejar é, sim, importante em vários contextos. Mas tanto na vida quanto no trabalho não é possível planejar tudo. E é estatisticamente provado que as decisões mais cruciais são as que lidam com situações inesperadas. Aquele que sabe responder rapidamente às surpresas é superior ao que se apóia exclusivamente em análises longas e reflexivas. Mais ainda no mundo atual, onde agilidade é o que conta.

Decisões são a essência do gerenciamento. Sem elas, o gerenciamento é um vácuo. Isso não significa que todas as decisões de um gerente sejam importantes ou estejam corretas. A grande maioria delas é desimportante e, muitas vezes, errada. Gerentes não são perfeitos. Mas quem disse que management significa perfeição? Trata-se de uma combinação de fatores inexplicáveis como: intuição, sorte, trabalho árduo e riscos assumidos.

Logo, planejar é bom, mas não é tudo. A vida ensina isso. É na vida que aprendemos não ser possível planejar tudo a fim de agir. Aliás, a filosofia e a religião estão repletas de considerações morais sobre o verbo planejar. Há um provérbio em iídiche que diz: “Mentsh tracht ven G´t lacht”, que em português seria: “O homem pensa enquanto D-us dá risada”. O rei Salomão disse: “Aos homens pertencem os planos, à D-us a sua aprovação”. Religião à parte, podemos concluir que gerenciar é, acima de tudo, estar preparado para surpresas, conviver naturalmente com elas e ser ousado, pois, para cada grande decisão há centenas de outras que não darão certo e não fizeram parte de plano algum.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473