13 de jul. de 2008

GRANDES LUCROS? GRANDES RISCOS!

ABRAHAM SHAPIRO

O Alfredo é aquele sujeito que lutou com grande esforço ao longo da vida para vencer. Não conseguindo passar no vestibular quando jovem, iniciou carreira como funcionário de uma empresa e ali galgou degraus difíceis até tornar-se um bom gerente e líder de equipe.

Por seus excelentes resultados, antes que se aposentasse ganhou a oportunidade de ter uma distribuidora dos produtos que a empresa fabricava. Era sua grande chance de tornar-se empresário, vez que a fábrica lhe proporcionaria toda a infra-estrutura necessária e outros incentivos para edificar sua empresa.

No fundo, seu medo era de que boa vontade não fosse suficiente. Sabia de sua carência de preparo para enfrentar um negócio próprio. Isto é normal e até positivo, pois, todos os dias milhares de negócios se fecham não por inviabilidade, mas por incompetência de seus dirigentes.

Numa empresa, o volume de ações, decisões e a velocidade em dar solução a problemas requer mais do que apenas energia e boa vontade dos gestores. É preciso, sim, cautela, antes de tudo.

Ao buscar o conselho de um consultor, este lhe apontou como necessidade para o sucesso nos novos negócios o conhecimento básico sobre o funcionamento e organização de uma empresa.

“Muitas instituições oferecem formação e informação a novos empresários” – disse-lhe o consultor. “Isto é básico. No entanto, há algo que ninguém poderá fazer por você: ensinar a não ter medo do risco. Não poucas vezes você terá de lançar-se sobre as situações até com algum ‘amor ao risco’. Por ter atuado como funcionário durante tantos anos, talvez você tema enfrentar riscos próprios do perfil de um homem de negócios. Sem isto, dificilmente você fará sua empresa crescer”.

Alfredo a princípio duvidou desta necessidade. Risco? Seria uma competência importante? O consultor, então, narrou-lhe a seguinte história:

Certa vez, um pai procurou um homem sábio para perguntar se devia casar a sua filha com um pretendente. O sábio respondeu: “Ele é uma boa pessoa. Só tem um defeito: não sabe jogar cartas”.

- “Mas, senhor” – perguntou o pai desconcertado – “não saber jogar cartas é um defeito?”

- “Meu filho” – respondeu o sábio – “para alguém que não joga cartas, não saber jogar não é um defeito. Mas, se ele joga e não sabe, aí sim é um grande problema”.

E o consultor complementou: “Se você entra num jogo, deve conhecer suas regras para, de fato, jogá-lo. Só assim, terá chances de vencer. Ter fama ou status de jogador é o tal do “parece, mas não é”. O jogo dos negócios é sério e implacável. Vontade não é tudo. Ter o perfil ideal e conhecer as regras é a condição sine qua non para jogá-lo de verdade”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473