25 de fev. de 2013

DIRECIONANDO OS FILHOS PARA OS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 25/02/2013, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.


ABRAHAM SHAPIRO

O volume de empresas familiares que nos procuram buscando auxílio para a sucessão é cada vez maior. Pais preocupados com a introdução correta dos filhos nos negócios. Hoje, isto já não é tão simples quanto foi no passado. Eles buscam serviços profissionais para a avaliação das potencialidades dos jovens e para sua orientação a cursos e formação superior.
Mas o problema da sucessão não se resume a cursos. É bem mais complexo. Envolve história, emoções, valores e decisões circunstanciais que os jovens herdeiros desconhecem.
Uma empresa familiar que chegou aos dias atuais só conseguiu isto à custa da paixão e foco de décadas inteiras dos pais e/ou avós fundadores. E isto não se transmite por simples lógica.
Há alguns anos, eu atendia a equipe de vendas de uma empresa comandada pelo herdeiro de uma indústria de eletrônicos em S. Paulo. Ele solicitou-me que avaliasse os possíveis problemas de seu filho – um jovem de 17 anos que ia mal nos estudos e já enfrentara duas reprovas. Fui ao rapaz esperando encontrar um “miolo mole”, com elevado índice de desinteresse por seu futuro ou formação.
Enganei-me redondamente. O rapaz era inteligente, dotado de enorme capacidade mental e de entendimento. O problema era o pai que só trabalhava e esperava que os filhos fossem sósias seus.
Cheguei ao empresário e expressei meu parecer breve sobre o filho: “Traga-o para ficar com você. Coloque-o a seu lado e deixe-o apreciá-lo fazendo negócios! Caso ele se interesse, veremos depois o que fazer”.
O homem relutou, mas cedeu à minha recomendação.
Passados quatro anos, o jovem ingressou no curso de Administração, fala inglês fluente, é um negociante de “mão cheia” e abstraiu tudo o que pôde das expertises negociais do pai.  Já planeja cursar o MBA na Universidade Harvard, e acredita poder dar à empresa o ritmo com que ele mesmo sonha, quando chegar a vez de sentar-se à cadeira do pai.
O que faltava era somente incentivo.  Hoje sabemos que se o esperássemos tornar-se um gênio, ao final teríamos feito dele um duplo idiota: na escola e na empresa.
______________________ 

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473