22 de fev. de 2009

VALOR E SENTIDO COMO FOCOS GERENCIAIS

Fernanda Botti Noma

No velho mundo, os gerentes faziam produtos. No novo mundo, os gerentes dão sentido às coisas. (John Seely Brown)

Ao ler esta frase, logo lembrei-me do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, em que o homem é visto como parte da máquina, e o chefe – o gerente do velho mundo – apenas cobrava o resultado da produção sem sequer dar às pessoas algum incentivo para que elas se sentissem parte do processo.

Isto, naquele tempo, era a "administração moderna", ou seja, linhas de produção e pessoas comandadas o tempo todo. Idéias só podiam surgir da alta direção e dos gerentes. Os demais deviam apenas apertar parafusos.

No atual conceito de administração, percebo que isso ficou muito para trás, pois, saber influenciar um grupo de pessoas a trabalhar num mesmo rumo, com o mesmo propósito, pensando e construindo juntos, é o que todo gerente atual deve buscar.

Na Noma do Brasil, www.noma.com.br , produzimos implementos rodoviários com alto nível de qualidade. Sabemos não existir nada tão inovador a ser lançado neste mercado. Além disso, os produtos que ofertamos estão de acordo com a procura do mercado. O mesmo ocorre, senão em todos os segmentos industriais, na grande maioria. Assim, o que toda empresa busca é vender valor. Isto significa, em outras palavras, dar sentido às coisas que já existem e, na medida da necessidade melhorá-las.

Outro dia assisti a uma reportagem que mostrava a fabricação do motor de uma Ferrari. Chamou-me a atenção o orgulho com que um funcionário se apresentava como quem fazia o motor. Analisando superficialmente, construir o motor de uma Ferrari pode ser o mesmo que montar o motor de um carro popular. No entanto, por que o valor de uma Ferrari é vertiginosamente maior que o de um carro comum? A resposta tem muito a ver com o sentimento de orgulho estampado no rosto, na postura e nas palavras daquele mecânico de fábrica. Ambos são carros. Mas na Ferrari a proposta de valor está perfeitamente bem implantada no pensamento de cada colaborador. O cliente compra esta idéia porque o funcionário já a comprou antes e, graças a isto, a qualidade é muito superior, pois, todo o pessoal envolvido na produção se sente parte do processo.

Na música também é assim. Quantas pessoas tocam piano? Poucas, porém, transmitem um profundo sentimento na interpretação. Este sentimento corresponde ao comprometimento daquele mecânico.

Será este o foco da gerência no novo mundo?

Na Noma do Brasil, o gerente que se dedica apenas a produtos está ultrapassado. No nosso dia-a-dia somos cobrados por resultados, sim, mas também por melhorias e evolução. Não só produzir é o que importa, mas “como estamos produzindo” e “como devemos desenvolver melhorias no processo”.

Dependemos muito de pessoas. Cada uma delas precisa entender a razão porque desempenha suas atividades para que, assim, passe a compreender e ver seu trabalho como parte do significado que o cliente dará ao implemento. O desafio é levar cada um, internamente, a dar um significado e uma parcela de valor que se deseja oferecer externamente.

Empreender esta idéia cabe aos gerentes cuja missão, hoje, é dar sentido às coisas. Vale para os líderes, vale para as equipes, vale para toda a cadeia de vendas e, conseqüentemente, também para todo o mercado.
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Fernanda Botti Noma é Administradora de Empresas e gerente de Planejamento e Controle de Produção da Noma do Brasil S/A. E-mail: fernanda@noma.com.br