10 de fev. de 2009

A TEORIA DAS ATRIBUIÇÕES OU "A CULPA NUNCA É MINHA"

ABRAHAM SHAPIRO

Anacleto é um vendedor que durante anos atuou numa empresa do ramo atacadista.

Enquanto os negócios iam bem e estavam fáceis, ele trabalhava com gosto e comprometimento. Há algum tempo, problemas com a concorrência, dificuldades próprias do mercado e os obstáculos impostos pela crise levaram o Anacleto a apontar um universo de situações e pessoas como responsáveis por suas vendas não irem bem.

Ele acusa frontalmente a inflexibilidade e as grosserias do patrão. Sabe tecer as mais rigorosas análises contra todos. Neste momento, inclusive, ele está pensando seriamente em afastar-se da empresa a fim de "não manchar sua grande reputação em vendas" - diz ele.

Nas “viagens mentais" e devaneios do Anacleto, ele chega, até, a sonhar em ir para a concorrência, afirmando categoricamente ser um vendedor cobiçado por qualquer grande empresa. Ele, de fato, acredita nisso. O único elemento ausente de todas as análises supostamente profissionais que o nosso amigo anda fazendo é a sua própria parcela de erros em todo esse contexto. Aliás, não é nula - como ele crê - e nada pequena.


Se a historinha do Anacleto parece muito ou pouco com a sua própria ou com a de outro fulano que trabalha com você, não se assuste. Este é um fato presente e contínuo em qualquer grupo de pessoas nas empresas.

O estudo das percepções, em Psicologia, pontua um tópico chamado Teoria das Atribuições que explica o modo como as pessoas percebem as causas do comportamento em si mesmas e nos outros.

Esta teoria demonstra que as realizações e as boas qualidades das pessoas são inerentes a elas próprias, enquanto que falhas e fracassos são devidos a uma variedade de fatores externos. É importante esclarecer que esta é uma distorção comum em muita gente e pode ser identificada através de um comportamento do tipo: "meus acertos são porque eu sou ótimo; meus erros são por causa da incompetência do resto do mundo".

A autêntica liderança e o profissionalismo mais desejável consistem em contradizer esta horrível tendência natural que trazemos conosco.

Não é preciso assumir erros que não se cometeu. Mas a rapidez em atribuí-los aos outros é uma atitude que jamais resulta em um ambiente equilibrado, favorável ao crescimento e desenvolvimento das pessoas na empresa ou em qualquer lugar. Na realidade, é uma porta muito larga que conduz ao curto caminho das dificuldades de relacionamento e ao fracasso pessoal.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473