9 de fev. de 2009

ENQUANTO ISSO, NO RESTAURANTE...

ABRAHAM SHAPIRO

A diversidade de temperos e combinações tornou a ida ao restaurante uma das maiores diversões modernas. O problema é que negócios deste segmento dependem demais de atendimento. As pessoas estão abertas a gastar, mas elas só o farão se o papel do garçom, do maitre e de todos os envolvidos com os serviços for excelentemente bem desempenhado. Isto requer treinamento, salário e comissionamento digno. É venda, como qualquer outra. São estes personagens que ajudam os clientes a gastar.

Quem nunca viveu um maravilhoso momento gastronômico? Quantos amores e bons negócios não aconteceram num bom restaurante? Mas, vendo de perto, é possível afirmar que isto dependeu frontalmente dos serviços prestados. Portanto, não adianta querer cobrar caro se o atendimento não estiver à altura das expectativas. Música, comida e decoração não bastam.

O cardápio é uma ferramenta importante neste processo. Ele deve funcionar como um informe publicitário. Cada palavra tem o propósito de fazer vender. Por isso, é melhor oferecer um "filé tostado com molho de ervas finas" do que um bife grelhado – embora se refiram ao mesmíssimo prato.

Na escolha de um prato, os ingredientes são decisivos, e não o preço, como muitos imaginam. Ocorre que quando alguém decide comer fora, pensa menos em dinheiro e mais em viver uma boa experiência. A maioria dos restaurantes erra ao enfileirar cifrões na coluna da direita. Isto facilita a comparação – e pode levar as pessoas a fazerem uma escolha mais econômica. Um cardápio eficiente é justamente aquele que embaralha os itens porque mesmo quando dispostas a gastar, as pessoas preferem optar pelo segundo ou terceiro maior preço do menu. Perguntadas sobre o porquê da escolha, elas dizem que se sentem tomando uma decisão mais vantajosa. Curioso! Portanto, é importante ter um prato com preço abusivo. Ele irá funcionar como um estímulo para que as pessoas peçam outros apenas um pouco mais baratos.

As pessoas são conservadoras no restaurante. Mesmo as que se dizem abertas a experiências gastronômicas.

O grupo de pratos que mais dão mais lucro é o das massas. Os donos de restaurantes ganham cerca de 40% mais com um espaguete ao molho de tomate do que vendendo trufas e funghi. Os preços dos pratos mais caros são os que mais se aproximam do valor real. Portanto, se você quiser fazer um bom negócio? Peça Foie Gras (fala-se: FOÁ GRÁ), o famoso e caro "patê de fígado de ganso".
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Tem resultados na interação entre as áreas de vendas e marketing. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473